A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) efetuou nesta quinta-feira 25 de outubro, uma visita ao Grupo Alfa, que integra o jornal A NAÇÃO, para inteirar–se do funcionamento desta empresa de comunicação privada, bem como dos desafios que a mesma enfrenta na actual conjuntura.
O presidente da AJOC, Carlos Santos, diz que a visita serviu para perceber melhor a situação “difícil” que a imprensa privada atravessa em Cabo Verde, sobretudo ao nível da sustentabilidade do financiamento.
“Nós não tínhamos os dados concretos do quão tem sido difícil o trabalho das empresas privadas de comunicação social. Registamos que ao nível do fisco tem havido algum sufoco da máquina fiscal para com essas empresas”, alerta.
Devido a esta situação, Carlos Santos disse que tomou conhecimento que, no caso particular do Grupo Alfa, do qual faz parte o jornal A NAÇÃO, tem havido dificuldades em contratar jornalistas ou destacar repórteres para fazerem uma reportagem fora da ilha de Santiago, devido ao sufoco financeiro que a empresa atravessa.
Por outro lado, o presidente da AJOC diz que tomou conhecimento de situações de alguma tentativa de condicionamento dos jornalistas, uma vez que estes profissionais estão a receber telefonemas anónimos e ameaças nas redes sociais, em resposta a notícias de investigação divulgadas por eles. “Estas são questões que preocupam o AJOC e naturalmente vamos continuar a acompanhar”.
Já no que se refere às dificuldades financeiras dos órgãos privados, Carlos Santos avança que a AJOC vai apresentar ao Governo um conjunto de medidas para ajudar a resolver este problema.
“É necessário que se criem linhas de crédito, para que haja alguma modernização das empresas quer ao nível imprensa escrita (jornais), quer televisões, rádios. Assim estes também estarão em condições de contratar mais jornalistas e melhorar as suas condições de trabalho e ordenado. De facto, as empresas só conseguem melhorar se tiverem receitas para tal”.
Carlos Santos afirma que a AJOC acredita num jornalismo de qualidade e nos profissionais da comunicação social em Cabo Verde, e que o país precisa de imprensa privada.
“A democracia cabo-verdiana só ganha se efectivamente tivermos uma imprensa privada forte, que faz um jornalismo de qualidade, rigoroso e acutilante e que exige a prestação de contas a quem governa. No fundo, que faça esse papel de vigilante (quarto poder). E o mesmo seja complementado com um serviço público de informação independente”.
Esse responsável conclui sublinhando que a liberdade de imprensa em Cabo Verde tem que “continuar a ganhar”. Até porque, como defende, a democracia em Cabo Verde só se consolida com uma imprensa privada forte que faz um trabalho de investigação jornalística.
SM