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Sociedade

Estudantes em Marrocos dizem-se “ignorados” pelas autoridades cabo-verdianas e pedem novo cônsul

O presidente da Associação dos Estudantes em Marrocos, Helton Lopes, disse à Inforpress em Rabat, que os alunos não têm recebido “qualquer atenção” tanto da Embaixada de Cabo Verde em Dakar, para onde devem encaminhar as suas preocupações, nem tão pouco do Ministério da Educação (ME) que, através da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), “só se lembra” desta associação apenas por ocasião do envio dos “novatos” (novos alunos) para os apoiar na integração.

Conforme explicou, para complicar ainda mais a situação, o cônsul de Cabo Verde nesse país, um cidadão de nacionalidade marroquina, “nem sempre tem a disponibilidade para dar aos estudantes o suporte de que eles precisam”.

“Os nossos deputados, quando visitam Marrocos, ou nos contactam em cima da hora ou muitas vezes não se lembram dos estudantes”, lamentou Helton Lopes, para quem os principais problemas que os estudantes enfrentem nesse país do Magrebe prende-se, essencialmente, com a sua integração e com o atraso no envio dos processos da parte da DGES, o que condiciona os alunos em relação ao início das aulas, além de atrasar a atribuição de bolsas.

De acordo com este responsável, a demora no envio dos documentos dos alunos que chegam pela primeira vez a Marrocos, impede-os de iniciarem, atempadamente, as aulas de língua francesa, situação que acaba por prejudicar os estudantes que, muitas vezes, são obrigados a escolher uma outra formação que não seja aquela que escolheu inicialmente.

Outra situação que preocupa esta associação, segundo o seu representante, prende-se com o atraso no envio dos processos de pedidos de bolsas ao Governo marroquino, por parte do ME.

“Os pedidos de bolsa ao Governo de Marrocos são feitos através do ME, mas os processos demoram a chegar à Agência Marroquina de Cooperação Internacional (AMCI) e isso cria constrangimentos sérios aos estudantes”, sublinhou Helton Lopes, realçando que os alunos ficam “desorientados” com todo esse estado de coisas.

Além disso, há necessidade de o ME preparar os estudantes antes de chegarem ao Marrocos, aproveitando os “anciões” (os que terminaram estudos) para realizarem palestras, sessões de esclarecimentos aos “novatos” que chegam àquele país sem nenhuma “ideia” acerca da realidade marroquina e dos problemas que os esperam.

Através da Ficase (Fundação de Acção Social Escolar), o Governo de Cabo Verde atribui, trimestralmente, uma bolsa aos estudantes, estimada em 16 mil escudos, mas, no entender deste líder associativo, a bolsa é atribuída “sem critérios”.

“A associação dos estudantes já pediu explicações sobre isso à Ficase, mas ainda não obteve nenhuma resposta. Queremos saber porque é que uns recebem e outros não”, adiantou, informando que por parte da AMCI, a bolsa atribuída de 1.500 DH (15 mil escudos) de dois em dois meses, “apenas dá para pagar a renda”.

Daí a necessidade de o ME negociar com a congénere marroquina o aumento do número dos estudantes nas residências estudantis.

Segundo o presidente da Associação dos Estudantes em Marrocos, seria necessário que Cabo Verde pensasse em colocar um novo representante diplomático nesse país que seja “mais presente”, já que “muitas vezes” há situações que ultrapassam a capacidade de intervenção desta associação.

“Há certas situações em que precisamos das intervenções das autoridades cabo-verdianas. Nunca contamos com a Embaixada de Cabo Verde em Dakar. Há responsabilidades que ultrapassam a própria associação”, explicou Helton Lopes, informando que por falta de recursos, esta associação, que conta apenas com a quotização dos estudantes, tem estado “sufocada” quando se trata de apoiar os alunos.

“Ao contrário dos estudantes de outros países, não temos recebido nenhum apoio por parte das autoridades cabo-verdianas”, notou este responsável, que insiste na necessidade de Cabo Verde colocar em Marrocos um representante que tenha “maior disponibilidade” para apoiar os alunos, que vivem naquele país africano”, concluiu.

Inforpress

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