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Política

Mudanças políticas em países lusófonos não vão afetar índice de desenvolvimento humano

As mudanças de Presidentes e de governos que ocorreram nos últimos anos em países lusófonos não vão alterar os desempenhos no índice de desenvolvimento humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O futuro diretor do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, Pedro Conceição, que assume a função a 01 de janeiro, declarou em entrevista à agência Lusa que estas mudanças nos quadros políticos de cada país não são o foco do IDH mas o mais importante são “os reptos (os desafios) que têm a ver com as alterações no panorama da cooperação internacional”.

O índice de desenvolvimento humano, calculado pelo PNUD para 189 países e publicado num relatório anual, é uma ferramenta de medição das políticas aplicadas por cada país em várias matérias, como educação, economia, emprego, distribuição de riqueza e outras.

O próximo relatório, que vai ser apresentado em 2019 com dados relativos a 2018, será o primeiro publicado sob a direção do português Pedro Conceição e o primeiro onde se podem tentar ver evidências da mudança de Presidente em Angola, que ocorreu em setembro de 2017, depois de 38 anos de poder de Eduardo dos Santos.

Já os efeitos da Presidência e das novas políticas de Jair Bolsonaro no Brasil, que toma posse a 01 de janeiro de 2019, poderão ser examinados apenas no relatório do desenvolvimento humano de 2020.

Guiné-Bissau tem eleições legislativas agendadas para 10 de março.

São Tomé e Príncipe realizou eleições legislativas a 07 de outubro, depois das quais procedeu a uma mudança nos dirigentes: um novo governo e uma nova Assembleia Nacional.

Em entrevista à agência Lusa, o futuro diretor do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano não quis fazer comentários sobre nenhum país, afirmando que “o PNUD não olha para a situação concreta de diferentes países”, mas constrói uma perspetiva global sobre a cooperação internacional, com o conceito de desenvolvimento humano que se tenta “conciliar e adaptar para este mundo em transformação”.

Para Pedro Conceição, que trabalha no PNUD desde 2001 e passou por vários gabinetes e cargos, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, elaborados pela Organização das Nações Unidas na Agenda 2030, demonstram que todos os países partilham dos mesmos objetivos, mas com intensidades e magnitudes diferentes.

O IDH é dividido em três dimensões da vida humana: saúde (aliada a longevidade), qualidade de vida (medida em rendimento nacional bruto per capita) e educação, com dados recolhidos por agências nacionais e internacionais.

A edição de 2018 destacou cinco aspetos de avaliação: qualidade do desenvolvimento humano, desigualdades de género, emancipação das mulheres, sustentabilidade ambiental (incluindo a qualidade ambiental como parte do desenvolvimento humano) e sustentabilidade socioeconómica.

O relatório do PNUD qualifica o desenvolvimento humano de 189 países em quatro níveis (muito alto, alto, médio e baixo), com pontuações em centésimos entre 0 e 1.

No último relatório, publicado em setembro de 2018, Portugal foi o único país da CPLP com índice considerado muito alto (41.º lugar com índice de 0,847) e Brasil foi o único de desenvolvimento humano alto (79.º lugar com pontuação de 0,759).

Guiné-Bissau, cujos problemas são fraca escolarização, trabalho infantil, graves problemas de saúde que afetam a população e grandes desigualdades entre homens e mulheres, recebeu um índice de 0,455 e situou-se no 177.º lugar do ‘ranking’, sendo o segundo IDH mais baixo na CPLP.

Moçambique, em 180.º lugar, com um índice de 0,437, é o décimo país com pior desempenho no desenvolvimento humano do mundo.

Lusa

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