PUB

Sociedade

Retrospectiva 2018: Desaparecimento de crianças, crimes passionais e manifestações de rua marcam o ano pela negativa

ano 2018 fica marcado negativamente por crimes que deixaram a população revoltada. Em alguns dos casos, o mistério continua por desvendar, designadamente, o desaparecimento das crianças, na cidade da Praia.

No fatídico dia 3 de Fevereiro, Clarisse Mendes (Nina) de 11 e Sandro Mendes (Filu) de nove anos, desapareceram misteriosamente, na zona de Achada Limpo, quando teriam saído para comprar açúcar numa loja perto de casa a pedido da avó. E, desde então, as duas crianças nunca mais foram vistas.

Trata-se este de mais um caso que deixou a população indignada, por vezes impotente, numa altura que o país estava ainda a digerir o desaparecimento de Edvânea Gonçalves de 10 anos, o caso tinha acontecido a 14 de Novembro de 2017. Por isso, o caso provocou reacções de vários quadrantes da sociedade, inclusive responsáveis das igrejas, que pediram esclarecimento do que estava a acontecer no país.

Apesar das investigações efectuadas pela Polícia Judiciária (PJ) e parceiros internacionais que vieram a Cabo Verde com estes propósitos, volvidos 10 meses, o mistério do sumiço de Nina e Filu continua por desvendar. No caso concreto de Edvânea Gonçalves, no passado mês de Julho, a PJ confirmou que as ossadas encontradas em Janeiro do corrente ano, em Ponta Bicuda, Achada Grande Trás, pertencem, afinal, a Edvânea Gonçalves. Isso depois de submeter o material extraído das ossadas aos exames de DNA em Portugal. E suspeita que se trata de homicídio. Entretanto, até final deste ano ainda não foi descoberto o presumível autor deste crime.

Mortes de pessoas

Várias mulheres (jovens) foram assassinadas em 2018, sobretudo pelos ex-companheiros ou namorados que em alguns acabaram ou tentaram por suicidar–se, nem sempre com sucesso. Esta onda de femicídio mereceu também a condenação da população que pediu justiça, a par de uma reflexão profunda para acabar com estes flagelo que interrompeu a vida e sonho de muitos jovens. E em alguns casos deixaram filhos órfãos. Só neste mês de Dezembro foram registados dois casos, sendo um na ilha do Sal e um outro na cidade da Praia.

A voz da rua

O ano 2018 ficou marcado, igualmente, pela forte vaga de manifestações cívicas em várias ilhas, exigindo respostas e politicas mais adequadas do Governo em vários sectores da nossa vida. Isso aconteceu numa altura que o Executivo liderado por Ulisses Correia e Silva completava segundo ano do mandato.

Milhares de cidadãos, que se dizem apartidários, e que, por iniciativa própria saíram à em todo o país, reclamaram da taxa do desemprego, falta de segurança ou baixos índices de desenvolvimento, falta de melhoria das condições de vida e transportes são, no geral, alguns dos problemas que se traduzem numa insatisfação genérica para com as políticas públicas em curso e promessas não cumpridas.

Em São Vicente, o movimento “Sokols”, saiu a rua a 13 de Janeiro e a 16 de Dezembro para reivindicar melhores políticas para ilha do Monte Cara. A regionalização e a melhoria nas ligações aéreas e marítimas e sobretudo a reposição dos voos do Cabo Verde Airlines para São Vicente.

Também a população da ilha do Sal saiu à rua, a 24 de Abril, contra a onda de assaltos e criminalidade, solidarizando-se também com o demitido comandante da Polícia Nacional, Elias Silva, para quem, em matéria de legislação, “Cabo Verde tem uma lei amiga das armas”.

Na altura Elias Silva foi fortemente apoiado pela sociedade civil nas redes sociais, mas a tutela de Paulo Rocha entendeu que a “polícia não crítica a justiça”, em Cabo Verde.

A NAÇÃO abordou o assunto numa grande reportagem publicada na edição 555 “Sal – Operadores turísticos inquietos com insegurança”. Quatro edições depois, na edição 559, este jornal voltou à carga devido ao aumento da insegurança no Sal. “Queremos estar seguros – população aterrorizada com escalada de insegurança no Sal”. A morte à facada num assalto do conhecido septuagenário Marculino Kula Silva foi a gota de água. O ministro respondeu com aumento de efectivos.

No dia 26 de Maio foi a vez dos cidadãos da Boa Vista. Milhares de pessoas vestidas de negro saíram a rua para pedir um “SOS Bubista”, neste caso por causa da falta de evacuação médica de doentes da ilha para os hospitais centrais da Praia, São Vicente ou Sal. Isto depois de episódios em que doentes em estado grave foram evacuados em barcos, sem mínimas condições para efeito, caso da jovem Eliosa Correia, que estava em trabalho de parto acabou por morrer por recusa da Binter em transportá-la (ver xxx).

 

Binter e as evacuações 

A Binter Cabo Verde deixou bem claro, em 2018, ao que veio. Como qualquer empresa privada, o lucro é o objectivo nº 1 dessa companhia espanhola que detém, desde Agosto de 2017, o monopólio das ligações inter-ilhas no país.

Durante o ano foram inúmeras as críticas à companhia por causa das evacuações inter-ilhas. Mas, na prática, a companhia também não detém nenhuma obrigação de assegurar as evacuações inter-ilhas porquanto o Governo não assegurou, via contrato, a obrigação de Serviço Público por parte da companhia. Aliás, como o próprio Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, acabou por assumir, quando apertado no Parlamento, que não há qualquer contrato entre o Estado e a Binter, mas apenas um “memorando de entendimento”.

No entanto, o caso mais flagrante foi o da jovem Eloisa Teixeira que não foi evacuada da Boa Vista para o Sal, segundo a Binter, devido à ausência de requisição médica para o efeito. Como se sabe a jovem acabou por falecer, depois de uma intervenção, no hospital do Sal, depois de ter sido evacuada via barco. O Ministério Público acusou mais tarde, a companhia aérea Binter-CV de omissão de auxílio.

Depois deste caso, o Governo e a Binter estabeleceram um acordo para as evacuações e o Governo contratou também uma empresa portuguesa Sevenair para fazer as evacuações de emergência. Mas, sabe o A NAÇÃO que esse avião também não reúne as condições necessários, pois os doentes são transportes num lençol para dentro do avião porque a maca não passa na porta do avião.

 

Tribunal determina anulação de julgamento dos velejadores brasileiros

O Tribunal de Relação do Barlavento, em São Vicente, mandou libertar os quatro velejadores brasileiros, sendo três de nacionalidade brasileira e um francês que foram presos em Agosto de 2017, após a polícia encontrar cerca de uma tonelada de cocaína no piso do barco em que eles estavam.

Os quatros suspeitos tinham sidos condenados a 10 anos de cadeia cada. Mas o Tribunal de Relações de Barlavento mandou soltar no início do mês de Dezembro, os quatros indivíduos presos por tráfico internacional de drogas, no caso conhecido por “Operação Zorro”. A decisão do Tribunal baseou-se no facto dos velejadores terem sidos impossibilitados de apresentar testemunhas e provas, que poderiam mudar a sentença final.

 

 

“Perla Negra”: Chande Badiu libertado 

O Tribunal Constitucional mandou soltar Alexandre Borges, “Chando Badiu”, o único arguido cabo-verdiano do caso Perla Negra e que as estava a cumprir uma pena de 16 anos de prisão, na cadeia de Ribeirinha, em São Vicente por crime de tráfico de drogas. O TC deu razão a um recurso de amparo do advogado de defesa de “Chande Badiu”, reconhecendo que houve violação do direito ao contraditório.

A operação “Perla Negra” resultou na apreensão de 521 quilos de cocaína em Novembro de 2014, nos arredores de Salamansa em São Vicente. E também apreensão de dinheiro e armas. “Chande Badiu foi posto em liberdade no dia 28 de Novembro.

SM

PUB

PUB

PUB

To Top