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Política

Ulisses nega existência de tensão social em Cabo Verde

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, negou este domingo a existência de qualquer tensão social e de um grande descontentamento social no país, mas disse que o Governo está atento aos sinais.

“Estamos atentos, mas é preciso não dramatizar. As manifestações em 2018 não foram assim tantas. Não se pode extrapolar para dar uma ideia de que há tensão social e um grande descontentamento social, porque isso não é verdade”, disse Ulisses Correia e Silva, em entrevista à agência Lusa no final da sessão solene especial comemorativa Dia da Liberdade e da Democracia.

Durante a sua intervenção nesta sessão, na cidade da Praia, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, afirmou que é preciso estar atento aos “sinais e alertas” e encontrar “respostas às inquietações de uma sociedade civil cada vez mais atuante e ciosa dos seus direitos e aspirações”.

Instado a comentar estes sinais da sociedade, o chefe do Governo disse que a sua equipa está atenta: “Nós fazemos as devidas leituras, mas também não nos podemos sentir condicionados ou sob ameaça – porque algumas mensagens têm vindo nesse sentido – para constranger a ação governativa”.

“Tem que ser analisado com tolerância de todos os lados, dos que sentem que têm o direito de se manifestar e da parte do Governo que tem de fazer as suas leituras e dar as respostas que acha importantes para o país”, acrescentou.

Para Ulisses Correia e Silva, “as pessoas são livres de se manifestar, seja por que motivo for, desde que seja no quadro do respeito da lei e da sã convivência democrática e sem violência”.

“Para mim não é importante saber se há manipulação ou não de quem se manifesta ou se há interessas políticos e partidários por trás, que sabemos que normalmente existem. O importante é que as pessoas tenham voz e, se hoje há manifestações, é porque as pessoas se sentem livres e menos condicionadas em fazer as manifestações”, referiu.

Sobre uma alegada crispação política entre os partidos políticos, como sábado denunciou o seu antecessor, o ex primeiro-ministro José Maria Neves, o chefe do governo disse que este “já foi mais crispado”.

“Temos de ter a noção da história recente de Cabo Verde. Temos a abertura, quer a nível parlamentar, quer ao nível do Governo, de melhorar ainda mais o ambiente político, mas é preciso não dramatizar”, declarou.

E acrescentou: “O ambiente parlamentar é um ambiente parlamentar que, como em qualquer parte do mundo, não é para fazer festinhas”.

“Cada um defende com as suas convicções os seus princípios e ideais e há momentos em que se tem de procurar os consensos, particularmente quando há necessidade de aprovar leis estruturantes que exigem maiorias qualificadas. E a história do parlamentarismo cabo-verdiano tem demonstrado que temos conseguido, com mais ou menor dificuldade”.

Sobre a efeméride evocada este domingo, Ulisses Correia e Silva considera de que se trata de uma “data importantíssima, única, em Cabo Verde, a par da independência”.

“O Dia da Liberdade e Democracia não é apenas o dia em que se realizaram as primeiras eleições multipartidárias, é muito mais que isso. Houve uma rutura de regime, não só político, mas económico, de relações sociais, que permitiu a liberdade individual, a liberdade da escolha política, a liberdade económica, de instituições de suportam o desenvolvimento de Cabo Verde”.

Para o primeiro-ministro, “a democracia, como está hoje à vista no mundo, não é um dado adquirido. É preciso cuidar, desenvolver, é preciso evitar o populismo, a demagogia e, às vezes, uma tentação para criar um ambiente de caos que possam fragilizar a democracia”.

“Em Cabo Verde todos temos essa responsabilidade, política e social, de fortalecer cada vez mais a democracia”, concluiu.

LUSA

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