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Política

Cabo Verde viveu tempos fatídicos e a Independência foi a solução para esses tempos – Pedro Pires

Pedro Pires, combatente da Liberdade da Pátria, antigo primeiro-ministro e ex-Presidente da República recordou hoje, na ilha do Sal, no acto celebrativo do Dia dos Heróis Nacionais, que Cabo Verde viveu tempos fatídicos e que a Independência foi a solução para esses tempos.

O acto central das celebrações do Dia dos Heróis Nacionais, assinalado a 20 de Janeiro, promovida pela Fundação Amílcar Cabral (FAC), em parceria com a Câmara Municipal, teve este ano lugar na ilha do Sal, onde desde o início do mês vinham sendo realizadas um leque de actividades desportivas e culturais, para marcar a efeméride.

Os festejos culminaram hoje com uma solenidade no Salão Nobre dos Paços do Concelho presidido pelo comandante Pedro Pires e o presidente da Câmara Municipal, Júlio Lopes.

O momento foi reservado ainda para uma dissertação sobre “O papel histórico da ilha do Sal nos processos de libertação da África do Sul, Angola e Namíbia”, proferida pelo combatente e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Silvino da Luz.

Na sua intervenção, e perante lembranças da época que conduziram à libertação do país, Pedro Pires destacou as orientações de Amílcar Cabral, face à realização dos sonhos para o processo de desenvolvimento de Cabo Verde.

“Não nos afirmamos imitando os outros. Nós somos o que somos. Aí a grande lição de Amílcar Cabral”, disse Pedro Pires para quem este acto convida a lembrança dessa figura “ilustre” da nossa história, um homem “extraordinário”.

Lembrando também, Paula Fortes (combatente já falecida), Pedro Pires destacou a coragem e generosidade dessa mulher que, grávida da primeira filha, conforme disse, foi a Guiné Conacri, dar o seu contributo para realização da independência da Guiné e Cabo Verde.

“É uma ousadia, generosidade, e uma coragem enorme. Merece que seja lembrada. Poucos aguentaram esse desafio, esse confronto duro com a realidade. Paula Fortes foi, durante o seu tempo, enfermeira no hospital de Boké do PAIGC, hospital que tratava os feridos de guerra. Foi para um ambiente de guerra. Isso dá-nos a ideia do seu espírito de sacrifício. Por isso merece a nossa amizade, o nosso respeito”, sublinhou.

Falando dos tempos fatídicos, Pedro Pires destacou as grandes fomes, mortandades, a seca, a falta de chuva, o desespero, a ida para São Tomé e Príncipe, Angola, entre outras situações.

“Tudo isso foram tempos fatídicos. A nossa independência trouxe solução ou parte de solução para esses tempos fatídicos. Certamente, não conseguimos resolver tudo e temos ainda por fazer, sobretudo eliminar as bolsas de pobreza que há no país”, considerou, lembrando que este ano vai se celebrar os 70 anos do Desastre da Assistência na Cidade da Praia onde morreram 232 pessoas.

“Não se pode esquecer esses factos. São esses factos que fazem parte da nossa história e fez com que decidíssemos pôr fim a essa situação trágica sem perspectiva, e ousar tomar conta da nossa cabeça, de sermos nós a decidir o nosso futuro”, rememorou.

Por sua vez, e em poucas palavras, Júlio Lopes, considerando tratar-se de uma efeméride importante para a República de Cabo Verde, realçou que foi graças à obra de Amílcar Cabral e dos outros que Cabo Verde conseguiu a sua independência em 1975.

“Por isso que essa efeméride tem de ser celebrada com toda a dignidade. Penso que assinalar essa efeméride é também fazer a reflexão sobre o caminho que estamos a seguir e o que fazer para cumprir o compromisso que temos com as nossas populações”, acentuou.

No final foram entregues troféus aos vencedores dos concursos de poesia e expressão plástica realizados nas escolas da ilha, alusivas à data, e prémios também aos vencedores das provas desportivas.

Posto isto, todos se dirigiram para assistir a colocação da coroa de flores na estátua Amílcar Cabral, no Aeroporto do Sal, a que deu nome.

Inforpress

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