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Opinião

5. Sugestões para a melhoria e preservação prolongada da saúde e da qualidade de vida

Por: Arsénio Fermino de Pina*

No início do Projecto de PMI/PF não havia nutricionistas entre nós; senti essa falta dado que, como pediatra, sabia que o que estava na base da patologia infantil cabo-verdiana era a malnutrição calórico-proteica, bem como a ignorância do interesse da nutrição para a saúde de crianças, e mesmo de adultos. Esse facto levou-me a dar ênfase à componente nutricional no projecto, e a armar-me em nutricionista com base nos meus conhecimentos do curso de Medicina Tropical adquiridos com o excelente professor G. Janz; vim a servir-me da sua colaboração, bem da do professor Ingve Hoffvander (de Upsala), para analisar grande número de géneros alimentícios cuja composição não encontrava na Lista de Composição da FAO: folhas secas de mandioca e abóbora (ricas em proteínas), tamarindos, farinha de peixe seca em pó, que obtínhamos de pequenos carapaus que secávamos ao Sol e redizíamos a pó ao pilão, que nos permitiram, com a ajuda de uma técnica sueca experiente em Nutrição, a enriquecer farinhas pobres, produzir o que chamamos Leite de Peixe, inspirados numa experiência da Serviço de Pediatria de Coimbra (Leite de frango) e produzir uma mistura de farinhas de cereais (milho e trigo) com o feijão congo, com base numa experiência da INCAP na Guatemala, a que demos o nome de MICAF, suplementos alimentares que nos permitiram recuperar casos graves de kwashiorkor internados na Enfermaria de Pediatria.

Foi pena (para não dizer erro) ter-se extinguido a valência nutricional das PMI após a criação do departamento de Nutrição no Ministério da Saúde e minha saída para a OMS, dado que poderiam beneficiar com o concurso de nutricionistas de que já dispomos, embora sejam em número ainda reduzido. Tenha-se em conta o excelente trabalho que vem sendo realizado pela nutricionista Adelaide Fortes, no HBS e Centro Juvenil Nhô Djunga, em S. Vicente, não raras vezes com incompreensão de quem deveria ajudá-la, e utilizando até meios próprios, calcorreando a cidade em busca de financiamento para superar dificuldades.

Foi com humildade que tentei transmitir, através destes artigos, uma espécie de retrato de uma parte dos conhecimentos actualmente disponíveis no campo da saúde e nutrição. Vamos terminar esta série de artigos com um apanhado dos aspectos mais salientes, devendo os interessados procurar, nos artigos anteriores, os assuntos referidos neste pela rama. Hão de se dar conta de ser fundamental para a saúde, o tipo de vida que se leva, a prática de exercício físico regular, os hábitos alimentares e a qualidade do meio ambiente em que vive a pessoa.

– A poluição do meio ambiente, o ar que respiramos, o solo, os rios, lagos e o mar, com gases tóxicos com efeito de estufa resultante da despreocupação da indústria que produz gases tóxicos e se desembaraça do seu lixo constituído por metais pesados e outras substâncias perigosas que afectam gravemente animais e plantas, acrescida de propaganda enganosa e falsa sobre os alimentos que consumimos, sem que as instituições nacionais e internacionais de protecção do consumidor que deveriam fiscalizar a actividade da indústria e comércio actuem devido ao grande poder económico dessas indústrias (multinacionais), capazes de as pôr entre parêntese por suborno ou porque elementos do governo de fiscalização estão conluiados com elas.

A ganância dessas empresas industriais e comerciais pouco se interessa com a saúde do consumidor e muitos governos fazem vista grossa sobre o assunto, fingindo acreditar nas suas propagandas, pelo que a sociedade civil com as suas organizações de luta devem estar atentas, desmascarar e combater energicamente essas fraudes e os falsos profetas do bem-estar da população.

– Na luta individual devemos ter sempre presente que o cancro, por exemplo, é doença que só se desenvolve em meio ácido impregnado de açúcar, razão por que devemos, não digo pôr de lado todo o açúcar mas diminuir drasticamente o seu consumo, o de farináceos e procurar alcalinizar o nosso meio interno;

– Sendo o controlo da taxa de insulina fundamental para a saúde e o bem-estar, isso só será alcançado através de um correcto equilíbrio entre proteínas e hidratos de carbono ou farináceos em cada refeição a fim de manter níveis estáveis de glicose no sangue e a minimizar a inflamação silenciosa;

– O exercício físico regular é essencial para se ter uma boa saúde física e mental;

– Como os intestinos estão sempre implicados em grande número de doenças autoimunes e outras, é importante ter uma alimentação saudável evitando alimentos que os podem afectar e preferir os propiciadores de probióticos favoráveis à fauna microbiana intestinal que nos são benéficas. Investigadores franceses, através do Projecto MetaHIT (Meta-genómico do intestino humano), estão estudando a flora microbiana intestinal ou microbiota nas suas múltiplas funções; a investigadora Francisca Joly Gomez relata algumas descobertas e suspeitas desse projecto no livro “O Intestino O Nosso Segundo Cérebro – A chave para uma saúde perfeita”, responsabilizando o microbiota do colon por doenças de que nunca suspeitámos, incluindo até a obesidade.

– Relativamente às refeições, respeitar as proibições e evitar exageros. Dar preferência aos ovos cozidos, carne de vaca e peixe cozidos ou fritos com óleo de coco por este resistir melhor a altas temperaturas sem perder qualidades. Usar e abusar de saladas. Consumo de fruta sem exageros;

– Para o bem-estar geral, suplementação alimentar e correcção de desvios e prevenção de complicações, utilizar suplementos vitamínicos e de outros elementos minerais, como a vitamina D3 associada ao magnésio, Vit.K2, CoQ10, Vit.E, Vit.C, Vit. A e C. Como antioxidante: selénio, Vit.A e Vit.C, CoQ10, “Resveratol”. Anti-inflamatório: curcumina (=açafrão). Tónico cerebral: ”Piracetan” e Omega 3, etc.

Ver nos artigos anteriores a explicação da origem e acções da Vitamina K2 (=menaquinona), o que é o antioxidante CoQ10 (=Ubiquinol), bem como o “Resveratol”. A Curcumina= açafrão=curcuma, uma especiaria indiana que dá a cor amarela ao caril, responsável pela longevidade da população de certa região da Índia que a utiliza, com o nome de curcuma, desde séculos, na alimentação.

Sobre as hormonas, recorrer aos artigos anteriores.

A maior parte dos suplementos alimentares não se encontra à venda nas farmácias, mas sim nas parafarmácias ou estabelecimentos de dietética.

Nomes mais comuns desses suplementos nas parafarmácias e estabelecimentos de dietética:

1- “MK7”= vitamina K2, com acção anti inflamatória, de mobilização do cálcio das partes moles (músculos, articulações e paredes arteriais) para os ossos e dentes e de melhoria de sensibilidade à insulina;

2- “Resveratol” – acção antioxidante;

3- Clorela”= de algas de água doce e salgada, com acção dupla, antioxidativa e anti-inflamatória;

4- “Curcumina”=açafrão, com acção anti-inflamatória; e

5- “Ginkgo-Biloba” ou “L-Teonina” – activa o GABA (ácido gaba aminobutírico), com efeito anti-stress.

Uma série de suplementos nutricionais BioActivo da Pharma Nord, entre outros, produzidos na Europa :

1- BioActivo Magnésio 200mg – 1 comprimido por dia;

2- BioActivo Vitamina D3 – 1 pérola por dia;

3- BioActivo Selénio+Zinco – para apoio do sistema imunitário;

4- BioActivo Cardio – rico em Ômega-3;

5- BioActivo Q10 forte (Ubiquinol)– 1 comprimido por dia;

6- BioActivo crómio – ajuda a manter níveis normais de glicose no sangue; 

7- BioActivo Arroz Vermelho, controla o colesterol sanguíneo – 1 comprimido por dia;  e

8- “Ultimate Bone Support” – uma boa forma que contém cálcio, magnésio, vitamina D3,  Vitamina K2 e Zinco.

NOTA: Procurar os pormenores quanto aos efeitos e utilização destes suplementos alimentares e outras informações nos artigos anteriores.

Parede, Maio de 2018  .                                                                       

*Pediatra e sócio-honorário da Adeco  (Pediatra e sócio honorário da Adeco)

                                                                                          

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