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Política

JCF lança “A sedutora tinta de minhas noutes” hoje na Praia

“A sedutora tinta das minhas noutes” é o quarto livro de poemas de Jorge Carlos Fonseca. O livro reúne poemas inéditos, e outros de livros anteriores, selecionados por Arménio Vieira. Depois da Póvoa de Varzim, em Fevereiro, o lançamento na Praia acontece hoje, às 18h, no auditório da Caixa Económica de Cabo Verde. A apresentação está a cargo de Eduardo Cunha.

De novo, com a chancela da Rosa de Porcelana, o convite partiu de Jorge Carlos Fonseca (JCF) ao seu velho amigo Arménio Vieira, “alma gêmea poética” do irmão Mário Fonseca e, depois, “por ter escrito sempre notas e recensões críticas sobre os textos de JCF”, avançou a editora ao A NAÇÃO.

Neste livro, sugerido ao autor por um outro intelectual, José Eduardo Cunha, a proposta inicial era comportar uma antologia feita por Arménio Vieira e uma longa entrevista de JCF ao Cunha, parte da qual foi publicada no A NAÇÃO aquando da publicação do livro anterior, “O albergue espanhol”.

Mas, entretanto, os editores contrapuseram com a ideia de este ser um livro de três ângulos: fortuna critica, selecção de Arménio Vieira sobre as três obras anteriores e inéditos. E esta acabou por ser a proposta prevalecente em “A sedutora tinta de minhas noutes”. Ou seja, além de poemas, a obra apresenta textos de fortuna crítica sobre a poética de JCF por parte de ensaístas e de escritores, cabo-verdianos e de outras paragens.

Velho surrealismo

O livro – a décima publicação da colecção poética “Rose is a rose is a rose”, da Rosa de Porcelana – de pendor abstracionista, sendo o autor um dos cultores da poesia surrealista na literatura cabo-verdiana, tem como figurino de capa um quadro do artista plástico e poeta luso-cabo-verdiano António Pedro Costa, no ano de celebração do 110º aniversário do seu nascimento.

A tarefa de Arménio Vieira não foi fácil, como o próprio confessa. “Sendo minha a seleção dos textos, árdua foi a tarefa de separá-los dos respetivos contextos, uma vez que os livros de Jorge Carlos são refratários ao corte, sobretudo os primeiros. Paradoxalmente, o último – a obra-prima –, aquele que mais resiste à interpretação, foi o menos laborioso de talhar. Cindir a obra de Jorge Carlos não é coisa fácil. Mais simples seria decepar a cauda do cachorro de Alcibíades ou cortar o olho do Cão Andaluz, inventado pelo duo Buñuel-Dali, seguramente surrealistas, e não só”, escreve Vieira na nota introdutória da obra a que o Jornal A NAÇÃO teve acesso.

Sobre a poética de JCF, Arménio Vieira escreve ainda que o seu par e velho amigo “não precisou de chegar ao dantesco ‘meio do caminho da vida’ para fazer qualquer tipo de aposta, uma vez que, pela decifração do bicudo enigma da Esfinge, bem cedo achou a Musa e, com isso, o dom da poesia. Quantos anos tinha? Quem se lembra de tal detalhe?” E prossegue: “Estou em crer que a pública aparição do poeta Zona terá acontecido em setembro de 1976, através de um dos jogos florais promovidos no Cabo Verde recém-independente”.

Décadas depois surge este “A sedutora tinta de minhas noutes”. “Poema de uma nota só”, “Desespero de poesia”, “Simulacro do suicídio” e “Beija-me, palavra!” são alguns dos poemas que poderá encontrar no livro.

Perfil

Natural de São Vicente, Jorge Carlos Fonseca é formado em Direito, com uma carreira política e académica paralela à de escritor. Antes de “A sedutora tinta de minhas noutes”, JCF publicou “O silêncio acusado de alta traição e de incitamento ao mau hálito geral” (Spleen Editores, 1995), “Porcos em delírio” (Artiletra, 1998), “O albergue espanhol” (Rosa de Porcelana Editora, 2017), além de mais de uma dezena de obras publicadas, sobretudo, sobre Direito Penal, Processual Penal e Constitucional, não fosse ele também jurista.

GC

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