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Ambiente

Investigadores de Coimbra ajudam a salvar aves marinhas em Cabo Verde

Uma equipa de especialistas do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) “está a estudar nove espécies de aves marinhas de Cabo Verde, no âmbito de um projeto internacional, financiado em 2,4 milhões de euros pela fundação para a conservação da natureza MAVA”, anunciou hoje a faculdade.

Iniciado em 2017, o projeto, que é liderado pela BirdLife International, tem como objetivo final evitar a extinção de espécies marinhas em Cabo Verde.

A investigação centra-se em duas grandes vertentes: “Produção de conhecimento científico sobre as aves marinhas do arquipélago, nomeadamente a sua distribuição, fenologia e ameaças a que estão sujeitas, e proteção e conservação das espécies através da criação de áreas marinhas protegidas”, explica a FCTUC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

Para observarem todos os movimentos e comportamentos das espécies em estudo, os investigadores colocaram dispositivos de seguimento (GPS Logger) em aves e em barcos de pescadores artesanais, que colaboram no projeto, para compreender as interações das aves com as comunidades locais.

Os dispositivos permitem “recolher e analisar detalhadamente informação sobre a distribuição e fenologia das várias espécies, como, por exemplo, o tamanho das colónias existentes, a dieta” e os locais de reprodução das aves e também “quais as ameaças que sofrem no mar, concretamente que tipo de interação têm com a pesca, para, por exemplo, perceber se a captura das aves é acidental ou intencional”, detalha Vítor Paiva.

“Há muito pouco conhecimento sobre as aves marinhas de Cabo Verde e sobre as reais ameaças que enfrentam”, sublinha, citado pela FCTUC, Vitor Paiva, coordenador da equipa portuguesa envolvida no projeto, constituída por oito investigadores.

Os especialistas estão ainda a utilizar tecnologia de GPS que deteta os radares de grandes embarcações para aferir o impacto da pesca industrial nas aves.

Com base nos resultados obtidos neste estudo, que deverá ficar concluído até 2022, os cientistas vão, com o Governo de Cabo Verde, que também é parceiro no projeto, delinear áreas marinhas protegidas.

Entretanto, até ao final deste ano, vão ser elaborados planos de ação para cada uma das nove espécies ao nível do arquipélago, o que poderá implicar regulamentação e fiscalização das pescas.

A adoção de fortes medidas de proteção e conservação das aves marinhas em Cabo Verde é urgente, pois “há espécies que correm sérios riscos de extinção”, alerta Vítor Paiva.

A fragata, “uma espécie marinha que já esteve presente em grandes quantidades no arquipélago, hoje em dia está praticamente extinta”, exemplifica o investigador, referindo que “o último casal foi avistado em 2012 e nunca mais houve reprodução”.

“Esta espécie muito provavelmente foi capturada até à sua extinção”, admite.

Os cientistas vão ainda “dar especial atenção à necessidade de erradicação de espécies invasoras que colocam em risco as aves marinhas, principalmente gatos e ratos”, destaca a FCTUC.

Além disso, “o projeto tem também uma forte componente de sensibilização, a ser aplicada por organizações não-governamentais locais, como a Biosfera”, e financia ainda mestrados e doutoramentos de alunos cabo-verdianos nas universidades de Coimbra e de Barcelona para capacitação de investigadores locais.

Criada, em 1994, por Luc Hoffmann, para apoiar a conservação de lugares emblemáticos como Camargue, no sul de França, e Doñana (Espanha), a Fundação MAVA é “um importante financiador da conservação global”. A sua designação resulta das iniciais dos nomes dos filhos do seu fundador — Maja, André, Vera e Daria (André é o atual presidente da instituição) –, explica a MAVA na sua página na internet.

LUSA

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