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Opinião

A prática docente

Por: Hélder Duarte Duarte*

Ao falar da prática docente temos que saber o que é a prática docente em sala de aula. Prática docente é falar de um saber-fazer do professor repleto de nuances e de significados. Implica falar que os professores possuem saberes profissionais cheios de pluralidade, o saber de uma arte, a arte de ensinar, e que produzem e utilizam saberes próprios de seu ofício no seu trabalho cotidiano nas escolas.

O debate sobre a formação de professores, as tem proporcionado uma intensa reflexão, numerosos questionamentos e muitas dúvidas, nas discussões a respeito da formação e da prática pedagógica de docentes, especialmente devido ao acelerado processo de transformação que afeta a sociedade, a educação e a escola.

Podemos modificar a forma de ensinar e de aprender. Um ensinar mais compartilhado, orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e em grupo onde as tecnologias nos ajudarão muito. Porém tornam-se indispensáveis novas práticas, novos saberes, outras formas de ensinar e de aprender. Trabalhar em sala de aula nos dias atuais requer muito mais do que ser um simples professor.

Ensinar e aprender hoje exige muito mais flexibilidade tanto do espaço, do tempo, do professor e dos alunos, com menos conteúdos fixos e processos mais abertos para pesquisas e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação porque temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da nossa mente, da nossa vida, e transporta-los para a vivência dos nossos alunos.

Essa nova conjuntura que vivemos nos propõe fazer mudanças significativas na nossa prática docente, estarmos cientes, prontos e maduros, para incorporar a nova realidade e passarmos a comportar como orientadores e facilitadores de aprendizagens visto que o aluno hoje em dia tem um conhecimento horizontal e sabem um pouco de tudo. Assim podemos aproveitar dos seus conhecimentos informais e transformá-lo num conhecimento mais profundo, mais rico, mais integrado; o conhecimento diferente, desvendado, mais amplo em todas as dimensões. Uma boa convivência dentro da sala de aula possibilita construção de conhecimentos profissionais necessários no dia-a-dia do trabalho docente.

Quando falamos em formação profissional docente, logo associamos aos cursos que preparam para o exercício da profissão. Certamente durante esta preparação formal, obtemos conhecimentos básicos e indispensáveis para a atuação, mas é certo também afirmar, que a formação docente não se dá exclusivamente no âmbito académico.

Adequar a prática à necessidade de ensino que a sociedade atual exige, requer uma mudança de mentalidade e uma percepção que estamos sempre em construção. É a consciência do “inacabamento”, pois nossa própria experiência de vida nos torna inconclusa, disposta à mudança. Para Freire (1996:154) “o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na História”.

Do docente espera-se, em primeiro lugar, que seja competente na sua especialidade, que conheça a matéria, que esteja atualizado. Em segundo lugar, que saiba comunicar-se com os seus alunos, motivá-los, explicar o conteúdo, manter o grupo atento, entrosado, cooperativo, produtivo. Para isso buscar conhecimentos científicos específicos sobre a área de atuação e uma sistematização acerca das reflexões sobre a prática. Amparados nas teorias tem-se condições de justificar e argumentar o trabalho docente, e principalmente possibilitar a co-autoria na construção de novas teorias.

Na prática docente precisamos de pessoas que sejam competentes em determinadas áreas de conhecimento, em comunicar esse conteúdo aos seus alunos, mas também que saibam interagir de forma mais rica, profunda, vivencial, facilitando a compreensão e a prática de formas autênticas de viver, de sentir, de aprender, e de comunicar-se. Ao educar facilitamos, num clima de confiança, interações pessoais e grupais que ultrapassam o conteúdo para, através dele, ajudar a construir um referencial rico de conhecimento, de emoções e de práticas.

  O papel do professor atualmente, não está mais centrado na racionalidade técnica, mas também ser um pesquisador. Uma vez que, a prática da pesquisa concede-lhe uma autonomia e criticidade, já que, amplia sua consciência sobre sua própria prática, da sala de aula e da escola como um todo, o que pressupõe os conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade. Em sua análise isso implica refletir criticamente sobre o que ensinar, como ensinar e para que ensinar. Implica também, na reflexão sobre a postura docente nas relações com alunos/as, bem como nas inter-relações no sistema social, político económico e cultural.

  Deste modo, o professor torna-se um importante protagonista na transformação da qualidade social dos estabelecimentos de ensino. Ao adotar esta postura o docente contribui para a ruptura de antigos paradigmas vigente no sistema educacional, pois, rompe com o tradicionalismo que impera em várias instituições de ensino e propõe uma prática docente crítica, autónoma e mais democrática.

Sendo assim, para o exercício pleno da docência o profissional deve possuir algumas habilidades básicas, tais como: pesquisa, domínio na área pedagógica, didática, trabalhar em equipe, seleção de conteúdos, desenvolverem atividades multidisciplinares e principalmente, saber integrar no processo de aprendizagem o desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional.

O papel do docente requer a utilização de estratégias para facilitar a aprendizagem dos alunos/as tornando-os capazes de criar, não apenas para reproduzir ideias, mas sim capazes de pensar e refletir, sobre os saberes.

Em suma: a prática docente requer que o docente/professor/a assuma uma postura constante de reflexão sobre a sua prática em sala de aula. Pois, o professor precisa ser crítico, reflexivo, pesquisador, criativo, questionador, interdisciplinar e saber praticar, efetivamente, as teorias que propõe a seus alunos. A formação do professor é constante. Os docentes precisam refletir em conjunto os saberes sobre as distintas práticas pedagógica, ir além da formação académica, lembrar a importância da própria natureza do saber e do fazer humano, como práticas que se transformam constantemente.

A prática metodológica também pode ser repensada e aperfeiçoada de modo que possa acompanhar as transformações ocorridas na sociedade e que possa adequar a sua prática para atender essas demandas do ensino.

                                             

  *Aluno universitário do 4° ano, do Curso de Língua Portuguesa e Estudos Cabo-verdianos (FAED-Uni-CV)

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