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Opinião

Cabo Verde merece a regionalização e não há outra alternativa

Por: José Valdemiro Lopes

Cabo Verde está marcando pontos na cena internacional, depois da emancipação consumida passando de sociedade escravocrata para a de nação independente, a projeção internacional ficou ainda mais confirmada, no contexto das nações, dado que o arquipélago, ocupa, já, nestes primeiros, quase quatro lustros “existencialista” do século vinte um, praticamente o lugar cimeiro na classificação do clube restrito de países de “liberdade” com a nota noventa na escala cem, é um feito que orgulha todos os seus filhos, sobretudo os progressistas, que não se esqueceram dos primeiros quinze anos, depois da independência, quando a liberdade era inoperante. Se Cabo Verde, ganhou seu espaço e respeito, foi graças á democracia. Vivemos todos, neste seculo vinte e um as incertezas e turbulências geoestratégicas internacionais, marcadas, mais intensamente, por três evidências: a saída brevemente do Reino Unido da União Europeia, o fenómeno “trumpismo” no ainda denominado novo mundo, e o empoderamento da China e da India, estes desvinculando a centralidade económica internacional, fazendo-a bascular claramente, do ocidente, para a Ásia, factos e feitos internacionais que surpreenderam as comunidades e as diplomacias internacionais.

As constantes que vão conotando a existência e projeção exterior de Cabo Verde na cena internacional são também inerentes às gestões sociopolíticos, assunção dos compromissos; nossa pertença ao espaço sub-região africana; a necessária promoção e internacionalização da nossa economia, embrionária; nossa cultura e ofertas universitárias embora modestas, e também á necessidade de boa gestão e inovação da política migratória, a cooperação multi e bilateral; desenvolvimento, das relações de paz e amizade com todas as nações do mundo. A necessidade de fortalecer e acrescentar, ganhos, feitos e conquistas foram consciente e intuitivamente orientadas, graças às dinâmicas, localizadas, descentralizadas, que os diferentes poderes locais, “a governança mais perto dos cidadãos” exerceram, no exterior, sob a forma de geminação, parcerias bilaterais, com impactos positivos, muitos imediatos, nas próprias regiões, estas estratégias e politicas descentralizadas tiveram seus impactos na transformação de Cabo Verde. Os governos locais, concentrando-se nas necessidades e desejos de desenvolvimento, das suas regiões, pouco a pouco, mas de forma organizada ou intuitivamente, tomaram consciência da transcendência do factor, “descentralização”, como meio e “ferramenta”, capaz de ultrapassar lacunas, obstáculos…, trazendo benefícios para seus munícipes. Os resultados, embora desiguais e de naturezas diferentes, são factos evidentes. Conclusão a criação dos municípios, nos anos noventa, ou os primeiros passos para a “regionalização”, em Cabo Verde, foi uma política benéfica para estas nove ilhas habitadas, que formam a nação cabo-verdiana.

A singularidade geopolítica de ser pais africano e arquipélago por isso mesmo atlântico-marítimo, esta pertença e situação geográfica estratégica deve ser incorporada á estratégia da regionalização, única maneira para saltar o murro do centralismo, absurdo e obsoleto, que nos fez e faz ainda marcar passos durante estes quarenta e tais anos e não avançar rumo ao desenvolvimento singular e humilde, apostando na juventude mais bem formado que seus antecessores, com melhores opções estratégicas, sem o centralismo que mais não fez que aprofundar as assimetrias, aumentar injustiça social com o efeito colateral de vincular mais pobreza e favorecer a migração interna… temos que assumir os erros e mudar de ritmo, o país não pode continuar a comprometer seu próprio futuro e as características da situação politica e económica que vivemos, obriga-nos a não ficar mais indecisos adoptando receitas que já deram o que deram, mas que não conseguiram alavancar todas estas nove ilhas, que possuem cada uma delas, suas próprias características socioeconómicas e linguísticas e potencialidades e estando mais conscientes, ficam melhores preparadas para promoverem e fazer avançar suas realidades, sem intermediários, nem representantes a regionalização é o meio e nunca será o fim e mais ainda, a juventude cabo-verdiana, tem a consciência, que o futuro, para as nações modernas, neste século vinte e um, é a Internet.

Aos que têm medo da regionalização, nem vou perguntar se a regionalização embaraçou São Tome e Príncipe ou fez desaparecer a Bélgica ou a Suíça, para não citar mais casos de sucessos. Será que não realizamos ainda que o pais é já regionalizado em dois grupos maiores, Sotavento e Barlavento (ilhas sem vento e ilhas do vento), com cada uma das ilhas, com a sua variante de crioulo embora a língua seja “uno” como o pais que será sempre indivisível…, o congo (feijão) tem três nomes diferentes segundo região e não mudou de gosto nem é camaleão mas é identificado como congo, feijão figueira e ervilha; tchitcharrinho é melon em São Vicente; bradá signica grita em Santo Antão e o caldo de peixe em Santiago é diferente do caldo de peixe em Santo Antão, na apresentação; o santiaguense conhece o significado de “rrebá butch” !!

A regionalização é uma decisão política nacional necessária e não pode ser refém nem de partidos políticos ou de religiões. A regionalização é a boa opção politica nacional que deve ser utilizada como fonte de reconsideração e mesmo reconfiguração de uma articulação politica multilateral, que reflita os interesses superiores da nação cabo-verdiana e todo o seu povo, em todas as áreas sociais, económicas e politicas, abrangendo todos os seus eixos verticais e horizontais, para se poder compensar todos os desequilíbrios a fim de alcançarmos verdadeiramente e finalmente, a felicidade que todos os filhos destas nove maravilhosas ilhas merecem e esperam faz já mais de quinhentos anos e sou testemunha que Bruna e David Lopes ainda menores de idade, irão nos agradecer, num futuro próximo…

miljvdav@gmail.com

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