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Cultura

Festival Literatura Mundo Sal’2019: Nigéria, Vietname e…muita lusofonia

Pelo terceiro ano consecutivo a ilha do Sal volta a acolher o Festival de Literatura-Mundo do Sal (FLMSal). Entre 27 e 30 de Junho, a literatura volta a estar no centro das atenções naquela que é a ilha mais turística de Cabo Verde. A edição deste ano homenageia os escritores Orlanda Amarílis (Cabo Verde) e Johann Wolfgang von Goethe (Alemanha). A sessão de elogio aos homenageados ficará a cargo do antropólogo Manuel Brito-Semedo e da directora do Goethe-Institut Portugal, Susanne Sporrer, que já confirmou presença no evento.

A estes juntam-se os brasileiros Geovani Martins e Tom Farias, os portugueses Pedro Mexia e Gonçalo M. Tavares, o espanhol Carlos Quiroga, o moçambicano Luís Carlos Patraquim, o nigeriano Niyi Ousundare, o vietinamita Chi Trung, o angolano Josué Gonçalves, a santomense Inocência Matta, entre outros. Aliás, a edição deste ano continua a apostar na forte presença de escritores e outros profissionais das letras estrangeiros, num total de 15, como forma de alargar horizontes e apostar na internacionalização.

“Os escritores cabo-verdianos são um terço do contingente, assim como o peso da literatura cabo-verdiana na carga científica do FLMSal. A ideia é exteriorizar, internacionalizar e globalizar”, explica, Filinto Elísio, da organização, a cargo da editora Rosa de Porcelana e da Câmara Municipal do Sal.

Aos homens e mulheres das letras que vêm de fora juntam-se também vários escritores, professores e apaixonados da literatura nacional. Jorge Carlos Fonseca, Joaquim Arena, Oswaldo Osório, Jorge Tolentino, Fátima Fernandes, Filinto Elísio, Natacha Magalhães, Eileen Barbosa e Domingos Landim, entre outros, num total de onze participantes nacionais.

Ilha literária

Inscrever o Sal na agenda mundial como uma “ilha literária”, reconhecida internacionalmente, continua a ser um dos propósitos da organização. A par disso, a iniciativa pretende promover a reflexão e o debate sobre o tema da Literatura-Mundo e, através de parcerias institucionais, “circular e fazer dialogar” autores e suas obras numa plataforma internacional.

A busca pela internacionalização ,através do próprio festival, tem sido uma constante. “Neste momento estamos em conversa com o editor americano Eric Becker e a escritora brasileira Mirna Queiroz no sentido de uma parceria entre o FLMSal e o Festival Pessoa que acontece em Nova Iorque. Será algo para a 4ª edição, em 2020, pois este ano já temos o compromisso, enquanto Rosa de Porcelana Editora, de participar na organização cultural do FOLIO Festival Literário Internacional de Óbidos, com o projeto Casa Rosa de Porcelana em Outubro”, avançou ao A NAÇÃO Filinto Elísio da organização.

Mas, como ressalva, o processo de internacionalização é “naturalmente” um processo que “vai devagar e com segurança”. “No ano passado, a editora esteve na Feira do Livro de Lisboa e na Feira do Livro de Frankfurt, este ano repetiremos a Feira do Livro de Lisboa e participaremos na I edição da Feira do Livro de Macau, organizado pela Feira do Livro de Pequim, sempre com todos os nossos autores. Outrossim, a própria 3ª edição da FLMSal vai trazer escritores, professores, críticos e instituições estrangeiras para o convívio com Cabo Verde e a literatura cabo-verdiana”, garante.

Na sua óptica a Literatura-mundo não é oposta à literatura nacional. “Antes pelo contrário, promove-a e eleva-a ao diálogo global sem perda de identidade, em complexos de hegemonia ou das margens. Esta problemática defende a abolição dos muros literários e dos cânones fechados.

Outro exemplo de internacionalização da literatura nacional é a edição dedicada a Cabo Verde, a ser publicada em Outubro, da revista americana Words Without Borders, toda ela em língua inglesa. Também, como realça, outra prova da internacionalização é a edição da Silvenius: antologia poética, de Arménio Vieira em Alemão.

Conferências, feiras do livro…

Em termos práticos, o festival será centro em quatro conferências, sete mesas de diálogos temáticos, feira de livros, sessões de leituras poéticas e de leituras autorais diversas e encontros com estudantes da ilha.

Entre as conferências programadas estão temas como a “Literatura-Mundo Comparada: uma ponte para outras culturas e línguas  (Inocência Mata)”; “A suave pátria que cria a escrita ou o cânone dos afetos (Carlos Quiroga)”; “Duas notas críticas sobre a Literatura Cabo-verdiana. Ou talvez três (Jorge Tolentino)” e “O lugar das literaturas africanas no sistema mundial (Niyi Osundare)”.

Das mesas temáticas, com a participação de escritores, professores, investigadores e tradutores, perfilam temas como “Literaturas dos Países de Língua Portuguesa I – ensino e formação de leitores; “Literaturas dos Países de Língua Portuguesa II – crítica e divulgação”; “Toda a literatura é universal?” e Tradução, Divulgação e Circulação internacional”

Caberá a Jorge Carlos Fonseca, escritor e presidente da República, presidir à abertura  do evento. As actividades decorrem entre o auditório do Hotel Belorizonte, e sessões de leituras no restaurante Sabores & Livros. As visitas de escritores às escolas são ao Complexo Educativo Manoel António Martins e Colégio das Letrinhas. 

GC

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