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Economia

Líder da oposição diz que se for Governo TACV volta ao controlo do Estado

A presidente do PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, afirmou hoje que se for Governo pretende voltar a ter o controlo da transportadora aérea nacional TACV, parcialmente privatizada este ano.

Em entrevista à agência Lusa, na cidade da Praia, Janira Hopffer Almada, presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), acusou o Governo de ter vendido a companhia aérea “a preço de rifa”, negócio em que o Estado “ainda não recebeu um único tostão”, com a “agravante” de que todo o passivo “ficou com os cabo-verdianos” e a “parte boa para a nova empresa”.

Questionada pela Lusa, Janira Hopffer Almada defendeu que a solução passa pela retoma do controlo da agora designada Cabo Verde Airlines por parte do Estado: “Naturalmente. Mesmo sem a maioria das ações é possível que o Estado, para certas decisões estratégicas, tenha um peso diferente e relevante. E qualquer Governo de um país arquipelágico tem de ter isso em atenção antes de decidir colocar a sua companhia de bandeira nas mãos de qualquer outra empresa, sem ter qualquer poder decisão”.

Em março, o Governo vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação.

Para o Governo cabo-verdiano, a alternativa à privatização seria a sua liquidação, a qual custaria mais de 181 milhões de euros.

“É um balanço muito positivo, primeiro porque salvamos um morto. Morto ou em estado vegetativo, de ‘per si’ já é uma grande vitória”, disse hoje, também em entrevista à Lusa, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, sobre a empresa, anteriormente designada por TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde).

Criticando o atual modelo de funcionamento da empresa, que deixou de realizar voos domésticos e passou a concentrar os voos internacionais a partir da ilha do Sal, a líder do PAICV destaca a importância de voltar a colocar no Estado o poder de decisão.

“Absolutamente. Readquirir sobretudo a capacidade de promover os destinos internos, de garantir a coesão territorial e de promover a mobilidade dos cabo-verdianos entre as ilhas e a ligação das nossas ilhas com a nossa diáspora”, afirmou Janira Hopffer Almada.

As críticas ao atual modelo de gestão da companhia aérea alargam-se à exclusão dos voos internacionais para a ilha de São Vicente, a segunda mais importante do arquipélago, e que passaram a ser realizados apenas pela portuguesa TAP.

Contudo, já este mês, o primeiro-ministro anunciou no Mindelo que a companhia cabo-verdiana vai voltar a realizar voos internacionais para aquela ilha, embora sem adiantar mais pormenores.

“Sentiu-se pressionado e aquilo que disse ontem que não poderia fazer, que é intervir na companhia, na qual o Estado não tem a maioria, afinal essa decisão foi subitamente alterada à pressa e pela manifestação de insatisfação [da população local], legítima”, afirmou a líder da oposição.

Na véspera do anual debate do estado da Nação, que se realiza quarta-feira na Assembleia Nacional, na Praia, Janira Hopffer Almada voltou a criticar o novo modelo para a concessão do transporte marítimo inter-ilhas e o “monopólio” nas ligações aéreas domésticas.

“Um Governo que não tem a capacidade de definir a política de transportes, que é isso que está a acontecer, está a perder a soberania do país e não sente”, afirmou, defendendo que “não pode ser o mercado a definir tudo”.

“Se fosse assim não havia necessidade de Governo”, concluiu a líder do PAICV.

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