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Opinião

Os quatro pilares da Educação: uma proposta ambiciosa para o arranque do ano letivo 2019/2020

Por: Hélder Duarte Duarte*

Tendo em conta o arranque do ano letivo 2019/20 no dia 23 de Setembro, gostaria de partilhar este texto com os professores e atores educativos no sentido de refletirmos a educação em Cabo verde; delinear metas, aprimorar a nossa prática pedagógica e prática docente com intuito de almejarmos uma educação para todos e com responsabilidade.

O próximo ano letivo irá decorrer sob o lema “Juntos pela qualidade sem deixar ninguém para trás”, o que significa que” a comunidade educativa, os parceiros institucionais e a sociedade civil devem envolver-se para juntos trabalharmos e aprimorarmos a qualidade do projeto educativo” em Cabo Verde.

Sendo assim, a educação deve estar apoiada em quatro pilares que funcionam como os quatro pés de uma cadeira, onde um não é mais importante que o outro e a uniformidade de todos eles dão segurança a esse móvel.

Os quatro pilares da educação para a UNESCO, (2014) têm que estar na nossa mente como professores, em cada aula, em cada planificação, a cada conteúdo que se ministra e são:

Ensinar o aluno a aprender (aprender a aprender)/(Saber saber)

Aprender a fazer; (saber fazer)

Aprender a viver; (conviver) com os outros; (saber estar)

Aprender a ser; (saber ser)

Aprender a aprender (saber saber)

Ensinar o aluno a aprender (aprender a aprender). Temos que aprender a conhecer para adquirir instrumentos de compreensão, e este tipo de aprendizagem leva-nos a ter o domínio dos instrumentos mesmo do saber, compreender o mundo que nos rodeia e desenvolver as nossas capacidades mentais, cognitivas, etc.

Temos que levar a criança a aprender exercitando a atenção, a memória e o pensamento, visto que as crianças são capazes de explicar fenómenos que se reproduzem á sua volta, serem capazes de formular hipóteses, de experimentar e de raciocinar sobre dados e entender o sentido das coisas, como se constroem e as suas relações com outras áreas.

Torna-se necessário despertar em cada aluno a sede de conhecimento, o desejo de aprender cada vez melhor, ajudando-os a desenvolver as armas; dispositivos intelectuais e cognitivos que lhes permitam construir as suas próprias opiniões e o seu próprio pensamento crítico.

Aprender a fazer (saber fazer)

Aprender a fazer não deve limitar o ensino apenas a uma realização da tarefa bem definida, mas também na qualidade da capacidade de comunicar, de trabalhar com os outros, de gerenciar e de resolver conflitos, tornam-se cada vez mais importante para a solidificação de uma educação que traga ao educando a criticidade.

Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas, mostra a coragem de escutar (escuta ativa), de correr risco de errar mesmo na busca de acertar.

É ensinar ao aluno a colocar em prática seus conhecimentos, a adaptar o ensino ao futuro mercado de trabalho cuja evolução não é totalmente previsível, ensinar dando oportunidade de desenvolver a relação interpessoal, a troca de experiências, educar para “aprender a fazer” em uma situação de incerteza, como participar da criação do seu futuro ou de um futuro melhor e claro que como futuros professores temos grande responsabilidade neste contexto.

Segundo Paulo Freire (1996) «ensinar não é transmitir conhecimentos mas, criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.»

Aprender a conviver juntos (saber conviver)

Este domínio da aprendizagem consiste num dos maiores desafios para os educadores, pois atua no campo das atitudes e valores. Permite neste campo o combate ao conflito, ao preconceito, às rivalidades milenares ou diárias. Temos que apostar na educação como veículo de paz, tolerância, compreensão; de modo a selecionar de forma pacífica, fomentando o conhecimento de outros, de suas culturas, gostos, raça e que somos semelhantes mas diferentes.

Segundo Paulo Freire (1996) «onde há vida há inacabamento.»

Devemos reservar e propiciar de tempos e ocasiões suficientes para iniciar desde muito cedo atividades cooperativas, atividades desportivas, culturais e de caráter social.

Aprender a ser (saber estar)

Este tipo de aprendizagem depende diretamente dos outros três pilares da educação já mencionados. Considera-se que a Educação deve ter como finalidade o desenvolvimento total do indivíduo “espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade”.

À semelhança do aprender a viver com os outros, fala-se aqui da educação de valores e atitudes, mas já não direcionados para a vida em sociedade em particular, mas concretamente para o desenvolvimento individual.

Segundo Paulo Freire (1996) «Ensinar e uma especificidade humana.»

Pretende-se formar indivíduos autônomos, intelectualmente ativos e independentes, capazes de estabelecer relações interpessoais, de comunicarem e evoluírem permanentemente, de intervirem de forma consciente e proactiva na sociedade.

Mais do que nunca a educação parece ter como papel essencial, conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, o discernimento, os sentimentos e a imaginação de que necessitam para desenvolver os seus talentos e permanecerem, tanto quanto possível, donos de seus próprios destinos.

Conhecer e ter o domínio dos Quatro (4) Pilares da Educação, são imprescindíveis, na medida que veem dar resposta a uma série de problemas, à volta da educação em Cabo Verde, são quatro (4) aprendizagens fundamentais, que, ao longo da vida, serão de algum modo, para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, afim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra os três precedentes.

É de extrema importância compreendermos esses/estes quatro pilares porque são indispensáveis para qualquer professor enfrentar os desafios do próximo século, assinalar novos objetivos da educação e portanto, mudar a ideia que se tem em relação á mesma. Esses/estes quatro pilares da educação vêm servir de suporte para que cada aluno descobre, reanima e fortalece, o seu potencial crítico, revelando o tesouro escondido em cada um de nós, tornando-nos partes integrantes da nossa própria aprendizagem.

Em suma, com o conhecimento destes quatro pilares da educação, futuramente os professores estarão capacitados para ministrar melhor as suas aulas, de forma interativa, onde possa haver a comunicação entre professor e o aluno; serem capazes de educarem para mudanças, para a autonomia, para a liberdade de expressão numa abordagem global, trabalhando o lado positivo da criança tendo em vista a sua formação como cidadão consciente de seus deveres e responsabilidades sociais e por fim proporcionar um bom funcionamento e desenvolvimento do trabalho escolar, de forma que ela organize e planeie as atividades do professor em relação aos alunos, visando atingir seus objetivos.

*Natural de São Nicolau, é pesquisador, empreendedor e licenciado em Língua Portuguesa e Estudos Cabo-Verdianos pela FAED/Uni-CV

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