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Sociedade

Tripulantes do Sotavento acusam cansaço e recusam fazer viagem para Fogo e Brava: CV Interilhas nega essa ocorrência

Os tripulantes do navio Sotavento, ao serviço da Cabo Verde Interilhas, recusaram determinantemente realizar uma viagem para as ilhas do Fogo e Brava, devido ao cansaço físico e psicológico. Dizem que, ao invés das 44 horas semanais previstas no contrato, estão a ser obrigados a trabalhar 90 horas. Em alguns casos, advertem, chegam a ultrapassar este tempo, o que consideram inaceitável, por colocar em risco as suas vidas e a dos passageiros.

Ao que conseguimos apurar, a viagem entre as ilhas de Santiago, Fogo e Brava deveria acontecer a partir das 6 horas da manhã desta terça-feira, 22. No entanto, após carregarem a embarcação, todos os tripulantes recusaram realizar a ligação. “Não havia condições nem físicas e nem psicológica para realizar a viagem. O pessoal estava escalado”, revelou, sob anonimato, um dos tripulantes ao Mindelinsite.

Segundo a fonte que vimos citando, estão com excesso de carga horária, o que começa a reflectir na sua vida pessoal e profissional. “O nosso contrato de trabalho prevê 44 horas semanais de serviço. Neste momento, estamos a fazer 90 horas e até mais, o que é inaceitável. Por outro lado, estamos a fazer um trabalho que não é remunerado, ou seja, estamos a trabalhar mais, mas a receber o mesmo salário de quando fazíamos apenas 44h. Não estamos aqui a reivindicar dinheiro, mas sim o descanso a que temos direito”, reforça.

Depois de 24 horas de paralisação, o navio Sotavento retomou viagem esta manhã para a ilha do Maio, ainda com as bagagens que tinham como destino a ilha Brava. “Íamos levar passageiros no Fogo e carga na Brava. Como a viagem foi cancelada, carregamos o navio e seguimos para a ilha o Maio, onde estamos em descarga neste momento”.

Esta nossa fonte admite que a recusa em realizar a viagem para Fogo e Brava não resolve o problema de excesso de carga horária, pelo que solicitaram um encontro com a Cabo Verde Interilhas para expor a sua situação e exigir uma tomada de posição. “No encontro, prometeram que vão contratar mais marinheiros para nos ajudar. Assim, enquanto uma equipa está no mar, outra estará em descanso em terra. Com isso, esperamos que seja garantido o descanso semanal previsto no contrato de trabalho.”

Curiosamente, diz uma outra fonte, após este encontro onde se assumiu o compromisso de reforçar a tripulação, os 14 marinheiros e dois estagiários foram chamados, individualmente, e ameaçados. “Chamaram cada um, desde o comandante, marinheiros, ajudantes de copa e de máquina, numa atitude de ameaça, dizendo que há mais marítimos que querem trabalhar. Quando o ideal seria chamar o comandante para serenar os ânimos”, revela uma outra fonte, que destaca, no entanto, a união do grupo.

Confrontado pelo Mindelinsite, o assessor de imprensa da CV Interilhas negou que a viagem do navio Sotavento tenha sido cancelada. Este advertiu inclusivamente que Sotavento já estava na ilha do Maio. Segundo Jorge Martins, é natural que os trabalhadores estejam a manifestar algum cansaço por estes dias em que Liberdadi estava nos estaleiros navais da Cabnave. Mas, como diz, o catamarã já regressou ao activo pelo que a situação vai ficar mais suave. Questionado se há algum conflito laboral na empresa, Martins negou categoricamente a existência desse cenário.

Fonte: Mindel Insite

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