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Opinião

A prática pedagógica

Por: Hélder Duarte*
Depois da publicação do artigo “Prática Docente”, do artigo: “Os Quatro Pilares da Educação: Uma Proposta Ambiciosa para o Arranque do Ano Letivo 2019/2020”, é de suma importância refletirmos sobre “A Prática Pedagógica e o Papel do Professor” nesse sentido. 
Para começar, devo definir que a Prática é todo aquele trabalho que tu fazes ou que tu planificas que já tem objetivo. […] a prática pedagógica seria tudo aquilo que já pensei com algum significado, ou, se acontece no momento, eu consigo dar um significado, para levar para algum objetivo que eu queria”
Tendo em conta a prática pedagógica o professor tem que refletir a sua prática como forma de orientar, delinear os seus caminhos a ser percorrido, seus objetivos a serem atingidos ….
Aprendi que um professor democrático sabe que a reflexão crítica e o ponto de partida para uma boa e melhor prática docente, mas que essa reflexão crítica por si só não é suficiente porque o processo ensino aprendizagem exige um movimento dinâmico entre o fazer e o pensar sobre o próprio fazer.
Os saberes que o professor aprende na prática são muito importantes porque demostram a sua experiência, mas não são suficientes, requerem o censo crítico da pessoa em pesquisar relativamente ao determinado tema e não só copiar conteúdos dos guias, etc.
É imprescindível o professor saber que a arrogância não produz sujeitos críticos, mas sim ingênuos, incapazes de se superar, pensam que são portadores indiscutíveis da verdade, que aquele conhecimento já está bem e é o suficiente. Assim esse professor perde a consciência do sentido da prática, tende a produzir e reproduzir erros que ele não admita imaginando que estão certas.
Por isso é na prática do dia-a-dia do professor, no momento de lecionação, o lugar e situação fundamental para a reflexão crítica sobre a prática de hoje ou de ontem e se preparar para melhorar para a próxima. Dessa forma ele percebe as razões que o levaram a comportar de determinada forma e mais, ele se torna capaz e sujeito da sua própria mudança.
No decorrer da prática educativa, o professor tem que mudar o que deve ser mudado, com atitude e com muita cautela, ter paciência pedagógica, paciência afetiva, paciência histórica e agir no momento exato, pensando a prática como a única forma de superar as anomalias do dia-a-dia.
 É significativo que o professor tenha a consciência para partilhar os seus conhecimentos com os outros, ter a coragem de pedir ajuda quando necessário ou surgem problemas, aproveitando desses problemas para dar à luz e descobrir novos conhecimentos, ter a humildade pedagógica que não sabemos tudo, aproveitando das experiências dos outros e desenvolver a nossa capacidade coletiva.
Mudar é complicado, deixar de fazer aquilo que gostamos, tem coisas que não queremos mudar porque nos faz sair do nosso campo de conforto. Ao mudar tem que ser flexível e não volúvel. Temos que ir além dos nossos limites e fazer uma enorme diferença na vida dos nossos alunos e alcançar o imaginável, com um olhar de mudança do futuro, com base da nossa memória, nossos conhecimentos e experiências.
É fundamental saber que para mudarmos temos que correr riscos (como falhar, passar dificuldades, pedir ajuda … ),  ter atitude e não ter medo do novo. Claro que mudar tem que ser quando for necessário, fazer melhor do melhor, não contentar com pouco e melhorar o que parecia já ser dominado.
Portanto, cabe ao professor refletir e tentar responder: Por que ele vai para a escola? Será que eu gostaria de ser aluno de mim mesmo? O bom professor deve estar em constante questionamento sobre suas ações profissionais para reavaliá-las e atualizá-las de acordo com a realidade local.
Os professores precisam participar mais do processo de reformulação curricular e assumir posições de sujeitos construtores das diretrizes curriculares, como condição para o favorecimento de um trajeto menos conflituoso entre o que se propõe e o que se faz. Usar metodologias ativas como importantes recursos para a formação crítica e reflexiva dos alunos por meio de processos de ensino e aprendizagem construtivistas, favorecendo a autonomia, a curiosidade dos educandos, de modo a estimular “tomadas de decisões individuais e coletivas, resultantes das atividades essenciais da prática social e em contextos que o aluno está inserido. O papel do professor torna-se, então, essencial nas ações para pensar/repensar os processos de construção do conhecimento como mero mediador/facilitador e desenvolver uma interação de modo a estabelecer aprendizagens significativas.
A prática pedagógica garante o desenvolvimento de alunos e professores capazes de aprender, cidadãos críticos, solidários, humildes, proactivos e produtores de conhecimento, o que permite a criação de um espaço de ação, de análise do planeado, do imprevisto e um olhar atento à ordem/desordem aparente, e isso deve pressupor a ação coletiva, dialógica e emancipatória entre alunos, professores e toda a sociedade educativa.
Em suma, somente com a reflexão sobre seu próprio papel é que os professores poderão melhor entender o que acontece nas escolas em que trabalham e poderão atuar no sentido de instaurar outras modalidades de relação com o saber. A relação pedagógica transforma estudantes em alunos, mediante a estrutura da conversa entre eles e o professor, ao surgir perguntas, respostas e retorno que é dado a cada um.
Por meio dessas reflexões entende-se, por fim, que o trabalho docente dá significado à discussão sobre essa atuação no mundo em que vivemos e no qual o professor deve situar sua atividade pedagógica como uma ação antes de tudo política. As normas educativas, os padrões e a própria planificação da escola originam-se da necessidade de uma organização da vida, cujo objetivo é alcançar a realização dos homens de bem comum.
* Natural de Hortelã (na Ilha de São Nicolau), é pesquisador, empreendedor e licenciado em Língua Portuguesa e Estudos Cabo-Verdianos pela FAED/Uni-CV. 

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