Os três anos de seca consecutivos que fustiga, de forma rigorosa, Porto Novo, na ilha de Santo Antão, tem forçado os criadores a redimensionarem o seu efectivo, sendo obrigados a vender os seus animais “ao desbarato”.
Muitos criadores dizem-se “obrigados” a desfazer dos seus animais a um custo baixo, já que, “com esta seca severa dificilmente vão conseguir escapar” o todo o efectivo, havendo casos em que “pastores” vêem-se forçados a vender 50 cabeças de cabras por apenas 70 mil escudos.
“De facto, muitos criadores já venderam e continuam a vender as suas cabras, porque, com esta seca, dificilmente, conseguiriam escapar à fome todos os animais”, confirmou Manuel Silva, um dos criadores que teve, também, que redimensionar o seu efectivo.
Segundo este criador, mesmo com o apoio do Governo (bonificação do preço da ração), concedido no quadro do programa de mitigação da seca, os criadores estão a ter dificuldades no salvamento do seu gado, pelo que “a alternativa é vender, mesmo por pouco dinheiro”.
Avançou ainda que, “nesses últimos tempos”, os “rabidantes” têm aproveitado da situação de fragilidade dos criadores para comprar, ao desbarato, cabras e vacas.
Na zona Norte deste município, os criadores explicaram à Inforpress que a classe está com “muitas dificuldades” para manter os animais, já que não há pasto e estão sem rendimentos para adquirir a ração.
“Sem pasto e sem rendimentos para comprar ração, os criadores estão com muitas dificuldades para manter os seus animais”, informou o porta-voz, Domingos Delgado.
O presidente da associação comunitária “Luz Verde”, do Planalto Norte, António Lima, admite que a seca que atinge, de forma particular, esse planalto está a ter “reflexos muito negativos” na pecuária, actividade da qual depende o sustento da população dessa localidade.
Também, na zona Sul do Porto Novo, outra zona muito fustigada pela seca, os criadores locais passam por “enormes dificuldades” para salvar os seus animais, alertou o representante da classe, Irineu da Luz.
A Associação dos Criadores de Gado do Porto Novo admitiu que “há muitos criadores” que estão a passar por “sérios problemas” para salvar os seus animais, mesmo tendo o Governo mantido o plano de salvamento do gado, que consiste em atribuir 20 por cento (%) de desconto na compra da ração.
Em 2017, o efectivo pecuário no Porto Novo estimava-se em 23 mil cabeças de gado, na sua grande parte caprinos.
Além da seca, os criadores estão a enfrentar ainda um outro problema que se prende com ao ataque dos cães vadios, que mataram “dezenas” de cabras, nos últimos meses, nos arredores da cidade do Porto Novo e nas zonas altas de Santo Antão.
Entretanto, a delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente no Porto Novo e a edilidade portonovense têm estado a auxiliar os criadores dos planaltos Norte e Leste no transporte de ração.
Fonte: Inforpress
Porto Novo: Seca obriga criadores de gado a redimensionar o efectivo – animais vendidos ao desbarato, segundo a classe
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