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Cultura

Eclipse, a Morna das mornas

Este é o resultado do inquérito efectuado pelo A NAÇÃO, no país e na diáspora, junto de mais de meia centena de cidadãos, para elegerem as “10 Mornas mais emblemáticas de todos os tempos”, para com isso assinalar e saudar a proclamação, na quarta-feira, 11 de Dezembro, da Morna a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Um dia, como é óbvio, que entra para a história de Cabo Verde e da sua música em particular. 
Mesmo sabendo o quão difícil e subjectivo pode ser este tipo de iniciativas, este jornal desafiou um vasto painel de músicos, intelectuais, investigadores e simples cidadãos, para apontarem, cada um, as suas “10 Mornas de Eleição”, isto é, o conjunto de 10 composições que melhor espelha esse género musical, segundo os critérios pessoais de cada um dos participantes do inquérito. Ao todo, 44 dos inquiridos responderam positivamente ao nosso repto. 
Assim, num rol de 141 mornas indicadas (fechando-se curiosamente a lista com Zebra, de Ildo Lobo), 27 integrantes do painel indicaram Eclipse como a Morna das Mornas. A segunda morna mais votada – “Força de cretcheu”, de Eugénio Tavares, obteve 22 indicações. 
Seguem-se “Doce guerra”, de Antero Simas (20), “Biografia de um crioulo”, de Manuel d’ Novas (16) e “Lua nha testemunha”, também de B. Leza, com 14. 
A partir daqui, a disputa mostrou-se mais equilibrada e renhida. Com 11 votos, no sexto lugar, aparece “Tempo de caniquinha”, também conhecida por “Um vez Soncente era sab”, de Sérgio Frusoni.
Com 10 votos surgem, “ex aequo”, “N cria ser poeta” de Paulino Vieira e “Sodade” de Armando Zeferino e Santos Vieira e “N cria ser poeta”, de Paulino Vieira. 
Na oitava posição, também “ex aequo”, com nove votos, temos “Mar é morada de sodade”, de Armando de Pina, e “Resposta di segredo co mar”, de B. Leza. 
Com oito votos, na nona posição, “ex aequo”, temos “Fidjo magoado”, de Jotamont, “Hora di bai” (Eugénio Tavares), “Sina de Cabo Verde” (Gabriel Mariano e Jacinto Estrela), e “Súplica”, de Djoya. 
E, por fim, na décima posição, “ex aequo”, com sete votos,  “Dez grãozinhos di terra” (Jotamont), “Dor di nha alma” (Betu) e “Nos Morna” (Manuel d’Novas). 
Curiosamente, das 10 mornas mais votadas, três são de B. Leza (Eclispe, Lua nha Testemunha e Resposta di segredo cu mar). 
Em contrapartida, no universo de 141 mornas indicadas, num total de 62 compositores, Manuel d’ Novas surge como o autor mais mencionado, com 15 votos, seguido de B. Leza (14) e Eugénio Tavares e Betu, com nove cada.  
A indicação de “Eclipse” como a rainha das mornas vem, por assim dizer, confirmar o lugar que esta célebre composição de B. Leza há muito ocupa no imaginário cabo-verdiano, bem como na nossa discografia. Bana gravou-a, pela primeira vez, no LP “Perseguida” (anos sessenta/setenta), tendo, facto inédito na música cabo-verdiana, como suporte uma orquestra de cordas. E, desde então, “Eclipse” já foi gravada por vários outros cantores, sendo o caso mais recente o de Lura.  
A NAÇÃO agradece, por fim, a todos os participantes deste inquérito, o primeiro do género feito em relação à morna. Nas páginas 36 a 39, deste suplemento, os leitores podem encontrar as justificações apresentadas por alguns participantes, cuja leitura não deixamos de recomendar.  
 
1. Eclipse, B. Leza – 27 votos  
2. Força de Cretcheu, Eugénio Tavares – 22 votos
3. Doce guerra, Antero Simas – 20 votos
4. Biografia dum Criol, Manuel d’Novas – 16 votos
5. Lua nha Testemunha, B. Leza – 14 votos
6. Tempo de caniquinha, Sergio Fruzoni – 11 votos
7. Sodade, Armando Zeferino e Santos Vieira – 10 votos
     N cria ser Poeta, Paulino Vieira 10 votos
8. Mar ê morada de sodade, Armando  de Pina – 9 votos
     Resposta di segredo cu mar, B. Leza  – 9 votos
9. Fidjo Magoado, Jotamont – 8 votos
     Hora di bai, Eugénio Tavares – 8 votos
     Sina de Cabo Verde, Gabriel Mariano e Jacinto Estrela – 8 votos
     Súplica, Djoya – 8 votos
10. Dez grãozinhos di terra, Jotamont – 7 votos
       Dor di nha alma, Betu – 7 votos
       Nos Morna, Manuel d’Novas – 7 votos
A Redação
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 641, de 12 de Dezembro de 2019)

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