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Sociedade

Morreu Abel Magalhães – um dos fundadores e antigo administrador do BCV

Faleceu no passado dia 23, em Leiria, Portugal, Abel Magalhães, antigo administrador do Banco de Cabo Verde (BCV) de 1981 a 1985. Abel Magalhães teve morte natural.

Natural da Boa Vista, Abel Magalhães ingressou, através de concurso, em 1953, no Banco Nacional Ultramarino (BNU). Jovem de vinte anos, começou a sua vida como bancário na Guiné, até ser transferido, em 1959, para Cabo Verde, mais concretamente para a cidade da Praia, acabando aqui por se reformar como Administrador do BCV.

Aquando da Independência de Cabo Verde, em 1975, Abel Magalhães foi um dos então quadros do BNU que aceitaram o desafio de ficar no país, integrando, de imediato, a equipa de responsáveis do BCV. Aliás, como Diretor de Contabilidade do BNU no arquipélago, teve a incumbência de fechar as contas dessa instituição e abrir a contabilidade do Banco de Cabo Verde. “O BCV absorveu todo o ativo e o passivo do BNU, numa transição que decorreu de forma serena e ao longo de um processo que, a meu ver, foi pacífico”, recordou num testemunho publicado no livro comemorativo do 40º aniversário do BCV.

Com uma carreira fortemente ligada ao BCV foi ele quem dirigiu o processo de criação e expansão das agências do banco central em todas as ilhas do arquipélago.

Nesse mesmo livro, destacou, na ocasião que o BCV goza de uma grande credibilidade junto da sociedade cabo-verdiana, porque, do seu ponto de vista, na sua génese, contou com a participação de “quadros engajados, competentes, honestos e comprometidos com o desenvolvimento de Cabo Verde”.

“Sem essa adesão, a missão do BCV teria sido muito mais difícil, seguramente”, defendeu.

Ele próprio, viu-se no papel de Diretor de Contabilidade, logo após a criação do BCV, para, mais tarde, vir a ser nomeado como Inspetor-Geral do banco. E é assim que, em 1981, é chamado a integrar o primeiro Conselho de Administração do BCV, tendo desempenhado, cumulativamente, as funções de Presidente deste mesmo órgão, durante as ausências do Governador.

Hoje, nos anais do BCV, Abel Magalhães é normalmente recordado, acima de tudo, pelo papel que teve na criação e

expansão das agências do BCV a todas ilhas do arquipélago, numa altura, a qual se estendeu até o pós- Independência Nacional e em que apenas havia agências bancárias do BNU, e depois do BCV, na Praia, no Mindelo e uma filial no aeroporto do Sal.

“Nas outras ilhas, as operações bancárias estavam delegadas a determinados comerciantes, chamados cor- respondentes, que faziam a interface entre os clientes e o BCV”, recordou na publicação dos 40 anos do BCV, editada pela Alfa Comunicações.

A criação das agências, de acordo com este antigo Administrador, “imprimiu uma nova dinâmica ao BCV”, dado que “permitiu melhorar a qualidade do serviço prestado e levar o banco até mais próximo das pessoas. Este foi, sem dúvida, um grande passo na vida do BCV, um processo que haveria de prosseguir e reforçar-se, anos depois, com o aparecimento de novos bancos comerciais em Cabo Verde”.

No livro, Abel Magalhães considerou ainda como muito gratificantes os trinta e oito anos de trabalho e de entrega, tanto mais que teve a oportunidade de participar no lançamento dos alicerces do Banco de Cabo Verde.

“Para todos os efeitos, com a Independência Nacional, deixávamos de ser uma dependência do BNU em Cabo Verde para sermos um banco central emissor, cabo-verdiano, logo, com outros níveis de desafios, próprios de um país independente. Felizmente, participei nessa ‘gesta’ e hoje é com satisfação e orgulho que olho para o passado e vejo o quanto de bom conseguimos fazer e realizar. Tudo isso graças ao empenho e ao trabalho de todos”.

Reacções

Nas redes sociais foram muitos aqueles que quiseram transmitir os sentimentos de pesar à família enlutada.

Eurico Pinto Monteiro escreveu  descreveu Abel Mosso Magalhães como um homem que deu uma “contribuição importante no processo de criação do Banco de Cabo Verde, bem como de sua consolidação”.

Também Januário Lopes Fernandes realçou Abel Magalhães, seu “antigo chefe no Banco de Cabo Verde, e amigo,desde os idos anos de 1976. Que Deus lhe dê o descanso eterno”, escreveu.

As condolências chegaram ainda de Aristides Raimundo Lima que o descreveu como “amigo e conterrâneo muito especial”.

Já José Pedro Chantre Oliveira enalteceu que Abel Magalhães foi “um cidadão de muito fino trato”. Filinto Silva realçou “o nosso bom vizinho. Atencioso e amigo”.

Abel Magalhães foi sepultado na tarde deste sábado, 25,  em Leiria, Portugal, e ficará certamente para a história como uma das figuras ilustres do desenvolvimento económico social das ilhas.

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