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Sociedade

Fogo: criadores ameaçam criar brigadas para combater cães vadios se autoridades não agirem

Os pastores da zona sul da ilha, a maior área de concentração de efectivos pecuários, sobretudo caprino, estão revoltados com o aumento exponencial de ataques de cães vadios, mas também com a passividade e inêrcia das autoridades, locais e nacionais, em encontrar uma solução para aquilo que classificam de “autêntica praga”, que está a arruinar as suas fontes de rendimento.

A situação não é nova, mas o registo da semana passada, em que num período de três dias, alguns dos criadores da zona sul, de Patim, Jardim/Batente e Salto, perderam quase uma centena de cabeças de gado, entre cabras e ovelhas, muitas das quais prenhas. Além disso, há animais que foram abatidos porque ficaram feridos e inutilizados. Tudo isto fez a paciência dos criadores ultrapassar o limite do razoável e aumentar a indignação.

Por alto, só na faixa entre Patim e Salto, os pastores contabilizam perdas superiores a 300 cabeças de gado, entre cabras e ovelhas.

Hoje, em princípio, os representantes dos criadores devem ser recebidos pelo presidente da câmara de São Filipe, Jorge Nogueira, e querem sair do encontro com uma decisão “firme e urgente” das autoridades.

“Se não houver uma medida urgente, vamos organizar em brigada para fazer a limpeza dos cães que estão nas ruas” avisam os criadores da zona sul e centro, cansados de promessas de resolução da situação, enquanto continuam a perder centenas de cabeças de animais.

A manifestação de solidariedade para com os criadores chega de vários quadrantes da sociedade, inclusive para os apoiar no intentar de uma acção judicial contra o Estado para exigir indeminização pelos danos sofridos pela actuação de cães vadios.

Estes agradecem o gesto de solidariedade, mas querem medidas assertivas e definitivas, porque, segundo explicaram ao A NAÇÃO,  de nada vale o apoio pontual para cobrir o prejuízo se continuar a pairar incerteza sobre o que pode acontecer no futuro, com os seus animais, se o problema não for resolvido.

Os prejuízos, na óptica dos criadores, são elevados tendo em conta que os animais são da raça melhorada e que produzem mais leite, e cada cabeça é vendida por mais de 10 mil escudos. Além do valor do animal em si, estes deixam de ter rendimentos diários o que torna o prejuízo ainda maior e difícil de calcular.

A solução passa pela implementação da legislação municipal existente

Para alguns o combate a cães vadios passa, tão somente, pela implementação da legislação municipal aprovada em finais de 2015 pela Assembleia Municipal, que prevê, de entre outros, o registo obrigatório dos cães, a monitorização do seu crescimento, a castração, até o próprio abate como medida de ultimo rácio, quando se constate que não tem donos e são nefastos, não só para criadores, como para a saúde pública e a sociedade no seu todo.

A responsabilidade, defendem, é das autoridades que criaram normas para proteger os cães, que devem encontrar mecanismos adequados para evitar que estes danifiquem patrimónios dos outros, neste caso concreto, os animais que são a fonte de rendimento de centenas de famílias cuja sobrevivência depende exclusivamente da criação de animais.

Depois de uma luta titânica, nos últimos três anos de seca consecutiva, com ausência total de pastos nas zonas, sul e centro da ilha, para salvar as suas fontes de rendimentos e sobrevivência, os pastores mostram-se resignados com a forma como estão a perder os seus animais, deixando muitos deles em dificuldades para satisfazer os seus compromissos junto de instituições de mico-finanças, às quais têm recorrido para obtenção de crédito para manter a actividade económica.

Comissão Politica Regional do PAICV critica silencio e passividade das autoridades

O PAICV (oposição), através da Comissão Politica Regional, estranhou e condenou quer o silêncio como a passividade das autoridades na resolução do problema que tem causado grandes prejuízos, económicos e psicológicos, aos pastores.

Para as várias queixas e denúncias, poucas são as respostas para resolver esta situação, apesar de fazer sentido encontrar uma forma de eliminar esses cães, ditos, vadios.

O PAICV acusa ainda o presidente da câmara de São Filipe, Jorge Nogueira, de descaso para com os criadores ao não atendê-los e orientá-los no momento em que mais precisam.

Os cães atacam e matam os animais, mas não comem a carne, apenas bebem o sangue, o que significa, à partida, que pode não ser por falta de alimentos. Este cenário preocupa a sociedade civil porque se é por instinto da caça, apesar de inexistência de registo ainda, os cães ameaçam e podem atacar as próprias pessoas, alertam.

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