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Opinião

O que torna os cães agressivos e como corrigir

Artigo assinado por: Comunidade Responsável

Sai! Dau ku pedra! M’ta xutau!

Quantas vezes já não ouvimos?  O meu cão morde! O cão do vizinho é agressivo! Os cães da zona atacam toda a gente! Mas porque estes cãos são agressivos e que podemos fazer a respeito

Antes de mais é preciso reconhecer sinais de agressividade. O cão que não responde a comandos básicos, faz a demarcação territorial intensa, rosna e morde pessoas e animais com frequência, ou tem comportamento possessivo com objetos, comida ou pessoas mostra sinais de agressividade.

É importante saber que os cães não nascem agressivos. Muito embora cada um tenha a sua própria personalidade, seu comportamento depende da educação, da sua saúde e de algumas condições de vida. O cão pode tornar-se agressivo quando se sente ameaçado, tem medo, é maltratado ou agredido,  se sente dores, se acha que sua tarefa é defender o território onde vive, ou sente seus filhotes ameaçados. Nestes casos, a agressividade é uma forma de defesa.

A privação de alimento ou água é um dos fatores que pode provocar mal-estar no cão, levando-o à agressividade, principalmente se vive amarrado ou isolado.

A solidão é outra condição que pode tornar um cão agressivo. Pensemos nos cães que passam a vida no terraço. Muitos deles nunca saem de lá. Os cães são seres extremamente sociáveis, que gostariam de estar sempre com sua família. Gostam de carinho, de atividades conjuntas. Privar um cão da companhia de sua família é também uma agressão humana. Em países onde há uma maior consciência relativamente ao bem-estar animal, é considerado maltrato.

Algumas mudanças hormonais, como o hipotiroidismo, igualmente podem provocar atitude agressiva nos cães. Nestes casos, o cão pode demonstrar agressividade extrema e inexplicada, fobias e distúrbios diversos. O veterinário pode diagnosticar esta doença com análises de sangue e resolver através da medicação.

Por fim, o cão pode ser demasiado possessivo e dominante. Estes comportamentos em geral, são bastante evidentes e manifestam-se ou muito cedo, ainda enquanto filhotes ou às vezes na sequência de alguma mudança relevante na vida deles, que pode ser a chegada de outro animal, novas pessoas ou novo ambiente. Ao entender o comportamento e suas razões haverá necessidade de correção imediata.

Não obstante, é possível evitar que um cão se torne agressivo. Se nos aproximamos do cão com amizade, sem sermos invasivos, a resposta dele quase sempre é a retribuição imediata da simpatia. O primeiro momento do encontro com um cão é sempre um desafio para construir confiança mútua. Nós podemos ter medo dele e ele de nós. Se esperamos que ele se aproxime de nós, deixamos que nos cheire com calma, depois estendemos a mão lentamente na direção do focinho dele e aguardamos que ele cheire a nossa mão também, é um bom início. Não é boa prática colocar a mão de imediato na cabeça de cães que não conhecemos, ou correr na direção deles ou fazer gestos grandes, bruscos ou ameaçadores. Definitivamente está errado atirar-lhes pedras, chutá-los ou gritar. Todos estes gestos representam agressão e desperta o medo.

Se vários cães correm na nossa direção ladrando, convém parar com calma, chamá-los, estender a mão e falar-lhes com simpatia. Resulta quase sempre atirar-lhes suavemente e com simpatia alguma comida. Se é uma zona onde passamos com alguma frequência, eles rapidamente aprenderão que somos gente boa e, em vez de ladrar, irão nos acompanhar com o abanar do rabo.

 

Se o seu cão já desenvolveu a agressividade, saiba que também pode ser corrigido. O comportamento agressivo de um cão nunca se corrige com agressividade e dominância, mas sim, ganhando a sua confiança, ensinando com paciência e socializando-o. Em primeiro lugar temos de reconhecer as causas, que, como vimos, podem ser agrupadas em cinco categorias.

  1. Se eliminarmos as causas do medo e ganharmos a confiança, o cão se acalmará.
  2. O cão faminto e com sede, se é alimentado e é lhe dado água, regularmente, vai ficar mais calmo e agradecer porque lhe estendemos a mão. Se é um cão que não conhecemos, construir os laços de confiança pode levar várias semanas, mas ele nunca vai se esquecer.
  3. Se o cão está doente e com dor, devemos tocar nele com muita delicadeza, às vezes utilizar uma manta e obviamente sempre açaime, se vemos que reage com agressividade.
  4. Se o cão sofreu abuso ou passou muito tempo na solidão, por vezes o mais difícil é restabelecer a confiança, mas é possível. É importante mostrar-lhes calma, carinho, providenciar alimentos, água fresca e cuidados básicos. As atividades lúdicas fazem milagres.
  5. Se o cão é dominante e possessivo oferecemos um petisco e retiramos o objeto em questão se o cão ficar mais calmo. Com os filhotes é bem mais fácil do que com os adultos. Demonstramos carinho e depois de um tempo devolvemos o objeto. Repetimos esta ação muitas vezes. Se demonstrar possessividade relativamente a pessoas ou uma pessoa determinada, outros membros da família ou amigos que se aproximam podem primeiro ficar indiferentes e depois oferecer-lhe um petisco. Pode ajudar bastante se ficando indiferentes, simplesmente tivermos o petisco na mão, de modo que o cão possa retirar. Ele vai aproximar-se e levar o petisco. O próximo petisco pode lhe ser oferecido. O cão vai aprender que pode confiar e fazer amizade com outras pessoas também.

A atitude dominante, no entanto, é natural no cão. Cada matilha precisa de um líder e uma hierarquia. Se o dono não tem perfil, o cão assumirá este papel. Ser líder significa providenciar segurança com autoconfiança, regras sociais e domésticas e uma rotina bem estruturada e certa. Se quisermos ser o líder da nossa matilha, estabeleçamos uma boa rotina e regras que é o mais eficaz através da comida, da atenção, dos exercícios diários e jogos e dos espaços onde permitimos que o cão permaneça.

É errado pensar que batendo, gritando ou punindo podemos dominar um cão, estes actos apenas lhe causarão medo e poderão demonstrar agressividade nos momentos menos esperados.

Muitos perguntarão se a agressividade não depende da raça do cão? Naturalmente pode haver uma predisposição genética. As raças primitivas, aquelas que não são resultado de cruzamentos, em geral, têm mais tendência a serem agressivos, tais como a Akita ou a Spitz, porque estas terão conservado mais da sua natureza primitiva de lobo. Mas, há raças que foram criadas especificamente para agressão, como o Rotweiler ou o Pit Bull.

Muito embora haja uma predisposição genética nestas raças para agressão, e sejam classificadas como raças potencialmente perigosas, seu comportamento depende muito da sua educação e socialização. A posse destas raças requer regulamento e acompanhamento.

Concluindo, nenhum cão nasce agressivo e todos podem ser mudados caso demonstrem atitudes agressivas. E importante entender as causas, conhecer as ferramentas certas e sempre agir com uma atitude positiva com o nosso melhor amigo, o cão.

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