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Sociedade

“Revolução da Consciência” propõe resgatar ancestrais e conhecer novas versões da história de Cabo Verde

“Revolução da Consciência – R3.0” é um projecto desenvolvido por Jelyca Merkel Lima, que visa fomentar uma reconexão e resgate dos ancestrais do povo cabo-verdiano, através da consciência individual e colectiva.

Através da realização de um leque de actividades em sete áreas de conhecimento pré-selecionadas, o movimento pretende criar um espaço de conexão e afirmação da cabo-verdianidade, partilha de conhecimentos e promoção de soluções inovadoras que conservam práticas e costumes ancestrais.

Segundo explica Jelyca Lima, o movimento está assente em três pilares fundamentais.

O primeiro, denominado “Raizes”, questiona “de onde viemos” e sugere resgatar a história e a memória do nosso povo, através de novas versões e novos argumentos.

“Eu sempre tive uma sensação de vazio e encontrei outras pessoas que também tinham esse vazio. Sempre questionei por que motivo é um outro povo a contar o fio da nossa historia”, explica Jelyca, que diz que o projecto quer trazer versões diferentes à volta da história da África.

“Somos um povo muito baseado na tradição oral e temos conhecimento de pessoas que estão ligadas à história e que sabem muito mais do que aquilo que nos foi impingido na escola”, sustenta.

O segundo pilar, a “Identidade”, questiona quem somos e nos leva a tocar os nossos ancestrais. Para Merkel, “a nossa nação é muito dividida” entre aqueles que se dizem europeus e aqueles que se assumem africanos. Tudo isso, defende, enfraquece as nossas raízes e influência no próprio curso do nosso desenvolvimento.

Portanto sugere “resgatar a nossa herança ancestral”, desde memórias, práticas, tradições, filosofia, e outras áreas consideradas fulcrais para um povo.

Por último, a “Consciência” que analisa o lugar actual (onde estamos) e o futuro (para onde vamos).  “Não podemos nos confortar no lugar onde estamos e não fazer nada para mudar”, defende.

Para isso, salienta, é necessário valorizar quem somos e pensar um movimento de dentro para fora e não ao contrário.

“Valorizar o que é nosso em prol de um bem maior coletivo”.

Foram escolhidas sete áreas de intervenção, que visam juntar num mesmo espaço pessoas com visões diferentes e propor novas formas de educar, para além de repensar a forma de fazer política, de modo geral.

O objetivo é também chamar os governantes a participar, não enquanto decisores, mas como parte do povo.

“É importante desmistificar isso e acabar com essa separação entre os decisores e o povo. Chamar os políticos para a discussão vai nos fazer entender o que se passa em Cabo Verde em cada área, como o país funciona e porque está como está”, explica.

As áreas abordadas serão saúde, educação, ambiente, espiritualidade, política, social e artes. Dentro da saúde, por exemplo, o objectivo é resgatar a medicina tradicional e as técnicas ancestrais que se perderam durante as gerações.

Este é um projecto que se pretende realizar a longo prazo, criando um espaço de conexão à raiz e afirmação da cabo-verdianidade, de troca e partilha de conhecimentos.

Para além dos encontros, cuja primeira edição será no dia 4 de Julho, pretende-se, uma vez por ano, criar um espetáculo artístico “de Cabo Verde, para Cabo Verde”, com cabo-verdianos e entre gerações diferentes.

NA

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