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Sociedade

Cabo-verdiana Sasha Montez vai representar África em concurso de beleza trans internacional

A modelo transsexual cabo-verdiana, Sasha Montez, vai representar Cabo Verde, e todo o continente africano, pela primeira vez, no concurso Miss Internacional Queen, na Tailândia, em Março de 2021.

Este é o maior concurso de beleza do mundo para mulheres transsexuais, que acontece desde 2004, na cidade de Pattaya.

Sasha foi convidada pela Tiffany´s Show Pattaya, organizadora do evento, segundo diz, por ser considerada uma referência na comunidade LGBTQ+ em Cabo Verde.

“O sentimento é de honra e um grande orgulho, primeiramente porque quer dizer que o meu esforço e trabalho está a ser reconhecido. É claro que tenho a total noção de que não vai ser fácil”, declara a jovem.

Para participar, entretanto, Sasha precisa contar com apoios e patrocínios e diz que, sozinha, não consegue chegar lá. “Estou disposta a lutar e dar o máximo de mim para conseguir chegar lá porque isso vai mudar muitas coisas na minha vida, mas também na comunidade LGBT em Cabo Verde”, adianta.

Entre os custos suportados pelas participantes está o pedido de visto, bilhete de passagem, valor de inscrição e trajes. Alimentação e tudo o que se refere à estadia na Tailândia é por conta da organização.

Segundo Sasha, o país vencedor vai contar com apoios em vários projectos relacionados com a comunidade LGBT e, neste quesito, refere a área da saúde como uma das principais lacunas ainda existentes em Cabo Verde para os LGBTQ+.

“Acredito piamente que a vitória, ou simplesmente uma participação no evento vai direcionar muitos olhares para nós, em Cabo Verde e vai ter um impacto positivo na comunidade”, explica.

Recorde-se que, há cerca de uma semana, Sasha foi alvo de uma ação discriminatória num programa online, em Cabo Verde, quando a sua imagem foi exposta com um nome masculino, num quadro que falava de mulheres.

Segundo a modelo, nunca antes tinha passado por uma situação do tipo e diz que foi “horrível” ver a sua imagem utilizada de forma pejorativa.

“Nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Muitas vezes, quando as pessoas olham para mim, elas imaginam que eu tive uma história de vida triste, até chegar onde estou hoje. Graças a Deus isso não aconteceu comigo e, precisamente por isso, pela primeira vez isso me afectou bastante. Não estava preparada”, refere.

Este episódio, diz, a fez ver que afinal não estamos tão evoluídos em Cabo Verde e que ainda há muita luta pela frente para se alcançar os direitos da comunidade LGBT.

“Foi preciso ter sido motivo de gozação num programa para me dar conta disso. É preciso mudar, para que as pessoas olhem para nós, não como um gay, lésbica ou trans, mas como um ser humano”, explica.

Com este concurso, acredita, poderá tornar as coisas um pouco melhores, desenvolvendo projectos que vão ajudar a comunidade, nomeadamente em termos de trabalho e saúde.

O evento de coroação já tem data marcada para 21 de Março, mas, Sasha tem viagem prevista para o mês de Fevereiro, para participar de ensaios e visitas oficiais antes do concurso.

NA

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