Bárbara Wahnon, jovem bisneta da ícone da música tradicional de Cabo Verde, Maria Barba, está retida na Boa Vista desde Março último.
Assistindo às dificuldades por que passam os artistas durante a pandemia, a também cantora lança o projecto “7 dias, 7 mornas” para chamar a atenção para a fragilidade sócio-económica da actividade musical na ilha.
Em comunicado enviado ao A Nação, Bárbara conta que chegou a Cabo Verde em Março deste ano para finalmente conhecer a terra da sua bisavó, Maria Barba, uma das cantadeiras de morna que representou Cabo Verde na primeira exposição colonial portuguesa, no Palácio de Cristais, no Porto, em 1934.
A jovem viu-se obrigada a ficar na Boa Vista por mais tempo do que o previsto, na decorrência da pandemia e, durante a quarentena, aprendeu e começou a cantar algumas mornas tradicionais, acompanhada pelo presidente da Associação de Músicos da Boa Vista, Manuel Brito, entre outros artistas locais.
“A pandemia COVID-19 traz consigo impactos económicos e sociais nefastos, uma vez que a sustentabilidade da ilha depende em larga escala das actividades turísticas”, sustenta.
Neste sentido, e enquanto não há turistas, a jovem opta por transpor esta barreira, ao levar a cultura cabo-verdiana ao público nacional e internacional, através das redes sociais e “aguçar-lhes a vontade de passarem as suas próximas férias aqui connosco”.
Para a campanha solidária, cada morna foi filmada em 2 takes, sem pausas, num local boavistense, “escolhido a dedo” e será complementada com uma breve contextualização histórica e simbólica para que o público possa “absorver de longe a nossa cultura cabo-verdiana”, adianta.
As pessoas poderão contribuir com um montante simbólico, depositado em contas disponibilizadas pela artista e pela Associação de Músicos da Boa Vista.
No final da campanha, prevista para 31 de Agosto de 2020, o montante arrecadado será transferido para a Associação de Músicos da Boa Vista e partilhado publicamente num relatório de contas.
A Associação de Músicos da Boa Vista, por sua vez, compromete-se a apoiar as famílias dos artistas com carência imediata e criar oportunidades de trabalho em parceria directa com os restaurantes locais que não conseguem investir em música ao vivo, pela ausência do movimento turístico a que a ilha está habituada.
“Os músicos são os primeiros a apoiar de forma solidária eventos e iniciativas relevantes. Não os deixemos de fora nesta altura desoladora”, acrescenta.
A campanha solidária terá início a partir do dia 20 de Julho, durante 7 Dias, uma vez por semana, a partir das 19h00 CV e das 21H00 PT no Facebook, Instagram ou YouTube de Bárbara Wahnon e nas redes sociais dos músicos acompanhantes.
