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Sociedade

Calheta: Jovens pedem meios para continuar a proteger as Tartarugas

Atualmente a Praia de Calhetona, na Cidade de Calheta, conta com 22 ninhos de desova das Tartarugas. Ela é vigiada por quatro jovens que o fazem de forma voluntária.

Mas estes dizem enfrentar inúmeras dificuldades, pois, os mesmos afirmam não ter equipamentos nem apoio nesta “missão” voluntária.

Ermelindo Tavares, um dos voluntários que faz a vigia das Tartarugas avança que, de acordo com a última contagem, existem 22 ninhos de desova na Praia de Calhetona.

“Nesta Praia temos ninhos de uma ponta à outra, em alguns lugares não estão assinalados porque as ondas não permitem. Até ficamos com receio de que levassem os ovos do ninho”, explica Ermelindo Tavares.

As tartarugas que escolhem desovar na praia de Calhetona neste momento “enfrentam ameaças que são as muitas pedras que existem no local”.  Segundo os jovens, elas tendem a cobrir o areal e se isto acontecer as tartarugas deixarão de cá vir, pois não vão ter como fazer a desova.

“É preciso que as entidades responsáveis façam algo em relação a isso”, diz Tavares.

O mesmo avança que “precisamos de mais meios para dar seguimento ao nosso trabalho, mas para este ano já vimos não ser possível”.

Para o próximo ano, apela, “esperamos ter ajuda, do próprio Estado, ou de pessoas particulares que estejam interessadas em ajudar a proteger e salvar as tartarugas”.

Os vigilantes dizem que crianças inicialmente brincavam nos ninhos, mas falaram com elas, em como podiam estragar os ovos e agora estão mais obedientes. Mas, dizem, ainda que as pessoas que frequentam a Praia acabam por pisar nos ninhos. “Se tivéssemos melhores meios de sinalização seria melhor”.

“Apelamos a quem puder ajudar, que nos ajude, porque apesar de estarmos a trabalhar voluntariamente, tenho certeza de que terá um grande impacto no futuro, pois teremos mais tartarugas vindo aqui desovar, o que vai atrair o turismo”. Porque, diz,  neste momento no município as pessoas “falam do turismo buscando apenas os seus interesses”, afirma Ermelindo Tavares.

Proteger tartarugas com a própria vida

Também o jovem Valter Silva está preocupado com a preservação das tartarugas.

Começou a controlar a desova na praia de Calhetona no ano passado e prometeu a si mesmo que não ia permitir que nenhuma Tartaruga voltasse a “morrer nesta praia”.

Pois, o ano passado quase ia sendo atingido por uma “bocabedjo”, quando surpreendeu
algumas pessoas a caçar uma tartaruga.  “Na altura não informei o sucedido à polícia, porque estava receoso.”

Os dois alertam para o problema de apanha de tartarugas na Praia de Areia Branca e dizem já ter falado com
algumas pessoas de autoridade local no município, “mas nada mudou” e que a impressão que dá é que não se importam com a questão das tartarugas.

Os mesmos avançam que em Calheta não existem investimentos em defesa e proteção das tartarugas, e que apenas postam fotos, mas elas não mostram nada. “Pedimos ao presidente que nos desse ao menos uma lanterna, porque tenho certeza que se tivéssemos uma, as Tartarugas que morrem na Areia Branca não iam morrer”, desabafa
Valter Silva.

“Sem este equipamento não posso pedir a nenhum dos meus companheiros de vigia que me acompanhe no escuro para irmos à Praia da Areia Branca, colocando as próprias vidas em risco. Existem muitas pessoas no decorrer deste percurso, quando vamos ali, percebemos não estar sozinhos, não temos nada para nos proteger, o que nos vale é a
nossa fé em Deus”, sublinha Silva.

O trabalho deles, dizem, não é valorizado. “Tenho registo das tartarugas chegando para desova e retornando ao mar, espero que um dia possam vir aqui marcar com chips as tartarugas que aqui desovam, porque com isso tenho a certeza que teríamos menos tartarugas perdidas”, apela.

Os jovens voluntários garantem que agora que na praia de Calhetona nenhuma Tartaruga foi caçada. No entanto acham que a polícia devia estar no terreno fazendo o serviço de vigilância nas praias, assim como eles fazem, “pois as tartarugas são um património e se tratando de um património todos devíamos guardar e proteger”, explica
Silva.

Para além de Ermelindo Tavares (Adi), Valter Silva (Rudi), o serviço de proteção às Tartarugas ainda conta com a presença de Djoca e Luís.

Anícia Veiga

*Estagiária

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