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Sociedade

São Nicolau: Proprietária de mini-mercado acusa IGAE de falta de respeito

A proprietária de um estabelecimento comercial no município de Tarrafal, ilha de São Nicolau, está a acusar a Inspecção Geral das Actividades Económicas (IGAE) de lhe ter faltado o respeito ao inspeccionar a sua loja, no âmbito da fiscalização das medidas de contenção da covid-19.

De acordo com Renizia Vieira, os inspectores da IGAE chegaram ao seu estabelecimento, no sábado passado, a exigir um plano de contingência, documento sobre o qual não teria nenhuma informação até então.

Entretanto, ao tentar-se informar, junto da mesma equipa, sobre onde poderia adquirir o documento, Renizia diz que um dos inspectores não lhe deixou falar, levantado a voz e se dirigindo a ela de forma desrespeitosa, motivo pela qual já encaminhou uma queixa a instituição.

“Quando chegaram, eu estava do lado de fora já que tenho uma funcionária. Entretanto, no mesmo momento, coloquei uma máscara, pus álcool gel nas mãos e me dirigi até eles. Neste momento, o inspector já começou a falar comigo aos gritos e a dizer que eu não poderia entrar na loja sem colocar álcool gel. Expliquei-lhe que tinha acabado de desinfectar as mãos e ele me respondeu que não se interessava e que deveria colocar álcool gel ao entrar na loja”, explica a comerciante.

Neste momento, acrescenta, cedeu à exigência e procederam com a inspecção. “Ele fez uma série de exigências até chegar a este documento. Mas eu não fui avisada sobre a necessidade de ter um plano de contingência na loja, que, segundo ele, eu deveria ter retirado no site oficial do Governo e validado nos serviços hospitalares.

Falta de comunicação das autoridades

Segunda a proprietária, o inspetor em causa fez um “escândalo” na sua loja por causa do documento. Entretanto, ao se dirigir ao hospital para saber mais informações, o próprio hospital alegou não ter conhecimento sobre o assunto e que o seu caso era dos primeiros pedidos a chegar à instituição.

“Acho que se o estabelecimento não estava em conformidade com as medidas ele que o fechasse. Mas não pode chegar falando com as pessoas daquela forma, como se está a dar alguma lição de vida a uma criança, faltando o respeito, inclusive, aos clientes que estavam na loja no momento”, considerou, alegando que o agente ainda teria ordenado que os clientes deixassem a loja, mesmo seguindo todas as regras, como uso de máscaras e distanciamento social.

Entre outras exigências, a IGAE, pediu ainda, segundo a proprietária, que a mesma tenha um funcionário para ficar na porta da loja a colocar álcool gel na mão dos clientes.

“Eu disse que não tenho movimento suficiente para colocar um funcionário o dia todo especificamente para esta função e ele então sugeriu que eu mesma fosse fazer o trabalho. Acho um atrevimento da sua parte. Porque se eu tenho uma funcionária é porque, ou não tenho tempo de estar na loja ,ou não quero. Ele poder dizer o que fazer, mas não pode me mandar ir trabalhar”, observa.

Outra questão que deixou esta comerciante revoltada é o facto de, alegadamente, o agente ter dito que o álcool gel em uso no estabelecimento não é aceitável, por apenas matar 99,9% de bactérias, quando o produto está à venda nas farmácias.

“Eu nunca vi um álcool gel mais potente do que aquele. Eu comprei na farmácia, então eu não posso ser responsabilizada”, explica.

Renizia Vieira diz que entende que deve ser feito um trabalho para evitar a propagação do vírus, mas que as autoridades também precisam entender que cada coisa que estão a exigir representa um custo.

“Todos estamos a passar por uma situação nova e não somos obrigados a saber tudo. Então as autoridades precisam ter mais sensibilidade e respeito para com as pessoas”, sugere.

A proprietária diz ainda que só conseguiu o plano graças a ajuda de um profissional da área e que não conseguiu informação através do site, nem via telefone ou e-mail.

Este jornal tentou entrar em contacto com a IGAE para um esclarecimento sobre a ocorrência, mas até o momento da publicação, sem sucesso.

NA

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