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Dia Mundial da Saúde Mental 2020

Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África

 

O tema retido este ano para celebrar o Dia Mundial da Saúde Mental é “Saúde mental para todos: maior investimento, maior acesso” e visa promover o financiamento internacional e interno da saúde mental e do bem-estar.

Trata-se de uma área onde é urgentemente necessário investir. A nível mundial, uma em cada quatro pessoas será afectada por uma perturbação mental numa determinada altura da sua vida e, na Região Africana da OMS, a despesa pública por habitante que sofre de problemas de saúde mental é inferior a 10 cêntimos.

A maioria dos serviços de saúde mental é paga directamente pelos doentes e pelos seus cuidadores. Para os agregados familiares com baixos rendimentos e outros grupos vulneráveis, o custo destes cuidados essenciais pode causar dificuldades financeiras. Os esforços que levamos a cabo para alcançar a cobertura universal de saúde devem também garantir que as pessoas afectadas por problemas de saúde mental não ficam para trás.

A pandemia de COVID-19 demonstrou mais do que nunca como a saúde mental é fundamental para o bem-estar geral. As restrições à circulação e ao ajuntamento de pessoas, a perda de empregos, a morte de entes queridos e a propagação do vírus causado pela COVID-19 suscitaram medo, ansiedade e depressão. Verificou-se um aumento no número de casos de violência exercida pelo parceiro íntimo e de suicídios.

As necessidades em matéria de saúde mental são significativas na Região Africana. Quinze dos principais 30 países a nível mundial com a maior taxa de suicídio por cada 100 000 pessoas situam-se na Região Africana. Embora muitos países tenham elaborado políticas nacionais de saúde mental, a disponibilidade dos serviços é muitas vezes limitada a instituições especializadas nas capitais.

A nível mundial, existem nove profissionais de saúde mental por cada 100 000 pessoas. Na Região Africana, esta taxa cai para 0,9 e, entre esta força de trabalho, um terço são trabalhadores não profissionais, o que significa que existe uma grande escassez de psiquiatras e psicólogos nos países africanos.

Alguns países estão a realizar progressos, como Cabo Verde, Quénia, Moçambique, Ruanda e Uganda, onde os governos se comprometeram a descentralizar os serviços de saúde mental, afastar-se dos cuidados de base institucional e reforçar os cuidados de saúde primários e comunitários.

 

A Organização está a colaborar com os governos para rever a legislação sobre a saúde mental e as políticas conexas, e para reforçar as capacidades através do programa de acção elaborado pela OMS para colmatar as lacunas na saúde mental. Trata-se de uma estratégia de partilha de tarefas em que os profissionais de cuidados de saúde primários são formados e depois supervisionados na gestão de problemas mentais comuns.

O Zimbabué foi seleccionado para participar numa iniciativa especial criada pelo Director-Geral da OMS e que pretende reforçar os serviços de saúde mental. Foi realizada uma avaliação nacional dos serviços de saúde mental em 2019 e foram prestadas consultas virtuais para desenvolver um plano de acção que envolveu, até à data, mais de 100 partes interessadas.

No contexto da COVID-19, estamos a colaborar com os governos e os parceiros para incluir os cuidados de saúde mental na continuidade dos serviços de saúde essenciais e estamos a oferecer formação em competências psicossociais às equipas de primeira intervenção.

Num estudo conduzido pela OMS e pela UNICEF na África Oriental e Austral, os inquiridos indicaram apresentar sinais de depressão e ansiedade, sobretudo quando trabalham em ambientes de alto risco ou sem equipamento de protecção individual. Em resposta, a OMS desenvolveu um guia para que as equipas de primeira intervenção sejam capazes de reconhecer os seus próprios sinais de angústia, bem como os sinais apresentados pelos seus colegas e as pessoas com quem interagem. O guia fornece igualmente técnicas de auto-ajuda e conselhos que visam melhorar as suas capacidades de escuta, gestão de situações tensas e encaminhamento de pessoas que apresentam perturbações mentais.

Num inquérito mundial realizado pela OMS sobre a saúde mental e a COVID-19 entre Junho e Agosto, 27 dos 28 países africanos que participaram no inquérito indicaram que a saúde mental e o apoio psicossocial foram incluídos no plano nacional de resposta à COVID-19, mas apenas 17 tinham financiamento para as actividades planeadas. Isso reafirma a importância do tema deste ano de investir na saúde mental.

Para terminar, apelo aos governos, aos parceiros e às comunidades para que promovam intervenções sociais, tais como o reforço do apoio aos pares, a reintegração dos doentes com uma longa estadia hospitalar nas comunidades e a dotação dos prestadores de cuidados com o conhecimento e os recursos necessários para melhor apoiar as pessoas com perturbações mentais. Apelo aos empregadores para que invistam em programas de bem-estar do pessoal e na formação em primeiros socorros psicológicos.

 

Há medidas básicas que todos podemos tomar para melhorar a nossa saúde mental: dormir muito, comer alimentos saudáveis, evitar o consumo de álcool, praticar exercício físico, socializar e desenvolver estratégias para gerir o stress e a ansiedade. Peço-vos a todos que invistam na vossa saúde mental e no vosso bem-estar, e que sejam solidários com as pessoas que vos rodeiam.

 

Saiba mais:

WHO Mental Health Action Plan 2013–2030

WHO Mental Health Atlas 2017

The WHO Special Initiative for Mental Health (2019–2023): Universal Health Coverage for Mental Health

WHO Global Health Observatory, World Suicide Age Standardised Rates

Meu herói és tu (Um livro para ajudar as crianças a compreenderem a COVID-19 e disponível em mais de 50 idiomas)

Aptidões Psicossociais Básicas : Um guia para profissionais na resposta à COVID-19

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