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Sociedade

Morreu Teobaldo Virgínio

O escritor Teobaldo Virgínio, autor de vasta obra poética e ficcional, inspirada em Santo Antão, sua ilha natal, morreu esta quinta-feira, nos EUA, onde residia há várias décadas. Membro da Academia Cabo-verdiana de Letras, tinha 96 anos, o que fazia dele o decano das letras crioulas.

A cultura, em particular a literatura cabo-verdiana, acaba de perder mais um dos seus vultos: Teobaldo Virgínio, falecido esta quinta-feira, em Boston, EUA, país onde vivia há largos anos.

Em nota de pesar, o presidente Jorge Carlos Fonseca diz lamentar a morte de Teobaldo Virgínio, “figura que encarnava o modelo do intelectual cabo-verdiano do seu tempo: homem viajado, conhecedor do mundo, escritor e amante do seu torrão natal”.

“A situação e os problemas da sua terra-mãe foram uma constante preocupação para este escritor santantonense, na esteira de outros, como Manuel Lopes ou o seu irmão Luís Romano. Em São Vicente, São Nicolau, Angola e nos Estados Unidos, onde viveu ultimamente, Teobaldo Virgínio manteve-se sempre atento aos destinos das suas ilhas, colocando nos seus livros histórias da emigração, páginas do quotidiano dos seus conterrâneos, que haveriam de influenciar novas gerações de escritores”.

“Com a sua morte”, continua JCF, “perde-se um poeta e romancista, mas sobretudo um grande comunicador, na esteira de outros intelectuais que ajudaram a compreender os destinos dos homens e mulheres de Cabo Verde, engrandecendo a sua cultura, no reforço do seu amor pela terra-mãe”.

“Vai-se o poeta, com a sua saudade – na saudade de lembrar (que é dos meninos que andavam a brincar?) – e pena de não poder regressar, mas fica-nos a obra e a sua voz fresca e o olhar apaixonado pelas letras, cujo brilho cintilou, menino, até aos últimos dias da sua provecta idade. Mesmo não tendo regressado fisicamente, Cabo Verde nunca saiu de Teobaldo Virgínio. E o poeta nunca deixou as suas ilhas”, conclui o chefe de Estado cabo-verdiano.

Virgínio Assunção Nobre de Melo, nome verdadeiro de Teobaldo Virgínio, irmão do também escritor Luís Romano, era natural da Ponta do Sol, Ribeira Grande de Santo Antão.Publicou o seu primeiro livro, Poemas cabo-verdianos, em 1960.

Naquele mesmo ano, publicou alguns poemas na revista Claridade, nº9, juntamente com Arnaldo França, Jorge Pedro Barbosa, Virgílio Pires, sendo por isso considerado um claridoso de última vaga.

Pastor nazareno, emigrou para Angola, onde publicou Beira do cais, o seu primeiro livro de contos.

Mas foi com Distância (1963) e Vida crioula (1967), novelas publicadas em Lisboa, que se tornaria numa referência literária cabo-verdiana.

Emigrante nos EUA continuou a publicar poemas e ficção, tendo sempre Cabo Verde e Santo Antão, como fontes de inspiração. O Meu Tio Jonas (1986) é, nesta fase, o seu romance mais saliente.

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