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Cultura

Cultura “de luto” sai à rua a exigir trabalho

Músicos e promotores de eventos nacionais manifestação-se esta terça-feira,12, a nível nacional, numa iniciativa em massa para pedirem “mais atenção” e “alternativas” para que a classe mais afectada pela covid-19, possa efectivamente voltar ao trabalho no país.

Desta vez, a manifestação “Nu kre Trabadja – Cultura Sta de Luto” estende-se a todo o sector da Cultura de forma transversal, envolvendo também promotores e organizadores de eventos, DJs, responsáveis das discotecas entre outros agentes culturais que estão sem trabalhar desde Março de 2020.

Assim, artistas, músicos, promotores de eventos nacionais, entre outros profissionais das artes e espetáculos de Cabo Verde vão mais uma vez sair às ruas para manifestar a “falta de atenção” por parte das autoridades perante as dificuldades enfrentadas ao longo da pandemia, já lá vai quase um ano.

A manifestação está marcada para esta terça-feira,12, na véspera do Dia da Liberdade, assinalado desde 13 de Janeiro de 1991.

União

Cansados da falta de estratégia e iniciativa das autoridades e da tutela da Cultura para a retoma do sector, os profissionais das artes reuniram-se na quinta-feira,8, e decidiram que irão fazer uma manifestação “ bombástica”, a nível nacional, mais abrangente e com muito mais força do que a manifestação silenciosa que realizaram no dia 18 de Outubro, dia da Cultura Cabo-verdiana.

Segundo Zé Rui de Pina, artista que tem estado apoiar muitos colegas necessitados, a classe artística continua “de luto” e a enfrentar inúmeras dificuldades sem retomar as suas actividades.

“Continuamos a ser ignorados, por isso temos que sair às ruas, outra vez, desta vez, em maior número e de forma mais abrangente. Para um maior apelo à causa dos agentes culturais e maior respeito por parte das autoridades”.

Tendo em conta que a classe artística, como já noticiou várias vezes o A NAÇÃO, é uma das mais afectadas pela pandemia, até agora continua com sem alternativas ou soluções de resposta à retoma à semelhança do que acontece em vários países do mundo, com muitos mais casos da covid-19, onde, por exemplo, concertos já foram retomados.

“Eu só estou a fazer a minha parte enquanto artista e esta manifestação é para melhorar algo porque queremos ver a situação melhorar e assim como foram arranjadas alternativas para as outras classes, queremos as nossas também. Não queremos que a próxima geração de artistas passe pela mesma situação que passamos, porque a cultura assim como as outras áreas, ela também é essencial”, defende Zé Rui de Pina.

Abraão Vicente reage

Alertado sobre a preparação desta manifestação nacional da Cultura, na sua página do Facebook, o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente publicou na quinta-feira 8, um “Manifesto pela Manifestação” e disse que recebeu várias “chamadas de alertas” sobre esta manifestação que pareciam “pedidos para fazer algo” antes da saída desses “descontentes” às ruas.

No mesmo post, Abraão Vicente escreveu que queria poder acabar com toda esta situação de pandemia e que “queria ser um super-homem e prometer tudo isso antes do dia da manifestação”. Que no entanto, “não posso prometer o que não consigo cumprir num momento em que, igualmente cabo-verdianos de todos os outros sectores, lutam para manter condições de dignidade nos seus empregos, nas suas empresas, nas suas famílias”.

O mesmo diz ser “a favor” da manifestação.

“Todos os profissionais da cultura devem sair à rua…devem sair mesmo os que receberam trabalho e patrocínios do ministério da cultura durante a normalidade e durante esse período de retoma…pois a cultura não está nem nunca esteve à venda, devem sair mesmo os que receberam incentivos para a sua internacionalização, mesmo os que receberam ano após anos financiamentos através dos editais e dos programas do ministério”.

Essa deve ser uma manifestação por mais qualidade, por mais dignidade e porque não por mais (auto) responsabilidade, diz Abraão Vicente, para quem a cultura é liberdade, autonomia, participação.

“Espero que gritem slogans justos, revolucionários e irreverentes, espero que sejam muitos para mostrar a relevância do sector. Espero também que tudo o que acontecer seja por livre vontade e por convicção. Esta deve ser uma manifestação por mais capacidade de intervenção e influenciação, por uma massa crítica mais consistente, coerente e ativa”.

Para alguns artistas a favor desta manifestação, este discurso do Abraão Vicente não passa de uma “ameaça” para “intimidar e desvalorizar” o acto. Até porque, conforme noticiou várias vezes o A NAÇÃO, os profissionais da Cultura têm criticado a forma como a tutela geriu o sector desde o início da pandemia, incluindo o facto de não haver dinheiro para o sector, mas haver dinheiro para continuar a financiar obras nas igrejas.

Recorde-se que desde Março de 2020, a Cultura foi o primeiro sector a paralisar, a par do Turismo.

Desde ontem à noite, nas redes sociais são vários os profissionais do sector que estão a partilhar em massa o cartaz da manifestação apelando à participação em massa de todos.

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