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Desporto

Dois anos após acidente na Laginha: Jordan Lima já recuperou principais movimentos do corpo

No passado dia 6 de Janeiro, completaram-se dois anos da data em que Jordan Lima sofreu um acidente na praia da Laginha, que o deixou tetraplégico. Graças ao “djunta mon” da diáspora cabo-verdiana no Luxemburgo, o jovem foi submetido a um longo tratamento nesse grão-ducado e, hoje, já recuperou os principais movimentos do corpo.

Estávamos nos primeiros dias de 2019 e Jordan Lima, então com 22 anos, tinha vindo do Luxemburgo para uns dias de férias com os avôs em São Vicente. Com um grupo de amigos, foi à praia da Laginha e, ao efectuar um salto de cabeça, foi traído pela água, acabando por bater com a cabeça na areia. Fracturou o pescoço, o sangue jorrava pela boca e, apesar de se manter consciente, tinha perdido todas as sensações no corpo.

Foi socorrido por uma ambulância, que o transportou ao hospital, onde o diagnóstico imediato dava conta da necessidade de uma operação com carácter de urgência. 

Evacuação para Luxemburgo 

Tendo em conta que em Cabo Verde a operação não seria possível, o facto deu origem a uma forte mobilização, que viria a culminar com a evacuação de Jordan para o Luxemburgo num avião francês. 

Naquele grão-ducado passou dez dias numa unidade de tratamentos intensivos, tendo mudado posteriormente para um centro de reabilitação motora, onde esteve até há bem pouco tempo.

Actualmente, Jordan Lima já recuperou os principais movimentos do corpo, mas, para se locomover, ainda não está a 100%, por isso, recorre a uma bengala.

 “De modo geral, posso dizer que já recuperei os principais movimentos do corpo, principalmente os músculos mais fortes. Neste momento, são os músculos mais pequenos que ainda não recuperei, como os dedos, bacia e músculos de estabilidade. Sinto as minhas pernas bem, mas tenho um lado fraco. Ainda não consigo andar com os meus joelhos esticados, os movimentos do braço estão bem, a minha mão direita já abre, mas se eu fizer muita força ela fecha”, conta ao A NAÇÃO.

Nascer novamente

Reaprender a andar foi para Jordan Lima quase que nascer novamente. Antes de chegar à bengala, teve de andar com recurso a um andarilho. 

“É como se eu tivesse nascido de novo porque é como se eu fosse um bebê e estivesse em formação dos músculos e tudo. Passei uma fase em que estive com o corpo paralisado e, quando os meus músculos começaram a acordar, foi como nascer novamente. Tem sido uma aprendizagem constante desde o acidente”.

Jordan vive com a mãe, que teve que se mudar de Portugal para Luxemburgo, de modo a garantir os cuidados básicos do filho. 

“Neste momento, uma das principais dificuldades é o meu andar. Movimento-me muito lento e ainda não consigo utilizar as minhas mãos como normalmente fazia para agarrar algo. De vez em quando, perco o equilíbrio e para fazer todas as minhas necessidades fisiológicas é complicado, porque não consigo fazê-los sozinho, tenho muitos espasmos”, revela.

A rotina quase diária deste jovem é basicamente terapia-casa-terapia, mas conta que para se distrair um pouco, de vez em quando sai com a família. “Com excepção das quintas-feiras em que passo metade do dia em terapia. Nos fins-de-semana descanso e às vezes passeio com a família”.

Diagnóstico precoce

Os avanços que Jordan teve no processo de recuperação até então, só foram possíveis graças ao tratamento a que foi submetido no Luxemburgo.  O diagnóstico feito em São Vicente, aquando do acidente, revelara que o jovem não tinha quaisquer chance de voltar a andar.

“Na altura foi algo desanimador, disseram-me que nunca mais iria andar novamente. Olhando para trás penso que se tivesse ficado em Cabo Verde, estaria condenado a isso mesmo. Precisava de uma operação urgente e não era possível no país”, lamenta.

Antes do acidente, o desporto era uma constante na vida de Jordan. Neste momento, traça como meta e sonho voltar à sua normalidade para trabalhar e, também, praticar desporto.

O acidente foi uma tragédia na vida de Jordan, mas confessa que aprendeu muito com esse facto, resultante de uma imprudência da sua parte. Hoje revela que só tem a agradecer pela segunda chance que está a ter e pelos profissionais de saúde que, em boa hora, o auxiliaram.   

(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 699, de 21 de Janeiro de 2021)

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