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São Vicente

Ensinando a amar as curvas: Plus Power resgata a autoestima das “fofinhas”

A luta para atingir o “peso ideal” tem feito com que muitas mulheres, mas também homens, embarquem em programas de treinos físicos exaustivos ou dietas perigosas para fazerem as pazes com a balança. Outros há, porém, que mesmo não se encaixando no “padrão de peso”, assumem-se do jeito que são. Estamos a falar do grupo Plus Power.

Aldaíte Lima é uma das pessoas que se diz satisfeita com o peso que tem. Natural de São Vicente, esta jovem activista luta para ensinar as pessoas, especialmente as mulheres, a se amarem com os seus “quilinhos a mais”. Nesta luta, porque de uma luta contra os padrões estabelecidos se trata, juntamente com algumas amigas, criou o grupo Plus Power, cuja principal finalidade é ajudar as “fofinhas” a se amarem do jeito que são e mostrarem que existe beleza nas “curvas” que ostentam.

De acordo com a presidente Aldaíte Lima, o Plus Power surgiu depois da visualização de fotos de mulheres “plus size”, sugerindo a uma amiga que criassem um grupo apenas com “meninas e mulheres fofinhas”, afim de contribuírem para ajudar outras pessoas fora do padrão “peso ideal” imposto pela sociedade de massa e de consumo em que o mundo se encontra. Isto porque já houve um tempo em que gordura era sinónimo de formosura.

 Uma sociedade voltada para a balança

Segundo Aldaíte Lima, infelizmente ainda vivemos numa sociedade cujo padrão de beleza é a magreza. Desta forma, “nós, as plus size, não somos bem tratadas”.

A jovem garante que ela e as companheiras já sofreram e ainda sofrem do preconceito por causa do peso que ostentam. “A nossa sociedade ainda tem uma mentalidade de gordofobia, as pessoas gordas, ou fora do ‘padrão’, não são vistas como normais, e é isto que contribui para o surgimento de preconceitos e práticas de bullying”, explica Lima.

Para lidar com tal situação, a nossa entrevistada aconselha os alvos de certos comentários depreciativos contra os “gordos” a não embarcarem nesse tipo de registo ou de provocação. “Felizmente, já estamos numa era onde esse tipo de comentários já não tem importância, se nos estamos a sentir bem connosco mesmos, não devemos permitir que os outros nos afectem com a sua negatividade”, sugere.

Para além da sociedade com um todo, Aldaíte também aponta o dedo para a própria família, pois, segundo a mesma, muitas vezes, são os membros do nosso próprio agregado familiar, mesmo sem perceber, que acabam por tratar mal um membro obeso.

 Se aceite e se ame

De acordo com a sua presidente, o Power Plus serve também para ajudar as pessoas a fazerem as pazes com a balança. Isto porque, como advoga, ninguém é obrigado a seguir o padrão da “beleza magra” imposto pela sociedade. Com isto, assegura, “vamos ajudar qualquer uma que tenha sofrido algum tipo de descriminação por causa do peso, e mostrá-las que somos iguais a aquelas que a sociedade considera normal”.

A jovem reconhece que no início não é fácil, uma vez que são anos ouvindo comentários negativos, mas “o truque é levantar a auto estima e seguir em frente, que cada um se aceite e se ame da forma como é e que acima de tudo seja feliz”.

Ter “amor próprio é melhor do que o amor dos outros”, afirma Aldaíte Lima. “Independentemente da estrutura óssea ou do pesso que cada um apresenta, o importante é que cada um se sentir feliz e maravilhoso como é, e no caso de nós mulheres somos lindas de qualquer jeito”.

Actualmente, o Power Plus é exclusivo para mulheres, mas Aldaíte Lima não descarta a possibilidade de, num futuro próximo, “quem sabe, poderemos vir a ter diversidade de sexos e lutarmos juntos, mulheres e homens, contra o preconceito de uma forma geral”.

(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 713, de 29 de Abril de 2021)

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