PUB

Política

Governo serve de amparo a dois “desalojados”

Rejeitados pelos partidos da oposição, o anterior presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, e a candidata derrotada à presidente da Assembleia Municipal de São Vicente, Lídia Lima, encontram amparo no Governo. O caso de Santos soa não só a uma “despromoção” de quem almejava manter-se como segunda figura do Estado, mas também uma derrota política imposta à cúpula do MpD que apoiou a sua tentativa de recondução ao cargo.

Ainda semana passada, os órgãos nacionais do MpD haviam aprovado o nome de Jorge Santos para presidente da AN, mas falhou o entendimento entre esse partido e o PAICV para o político de Santo Antão manter o cargo. Diante do falhanço – de resto, anunciado já que os partidos de oposição entendem que Santos demonstrou-se “muito parcial” na condução os trabalhos na casa parlamentar no último mandato e não merecia a confiança – as peças do tabuleiro tiveram de ser remontadas.

Desalojado da mesa da AN, Jorge Santos teve de aceitar o Ministério das Comunidades, criado como solução de recurso para amenizar o problema político que se desenha para o presidente do MpD e primeiro-ministro. Notou-se, de resto, nesta terça-feira, aquando da apresentação do novo elenco governa, o esforço de Ulisses Correia e Silva para relativizar não só a questão Santos mas também a derrota que ele e a cúpula do partido sofreram ao insistirem no nome do político de Santo Antão, quando o PAICV havia dado sinais claros de que apoiaria tal solução.

Chamado a falar do caso, UCS criou uma narrativa para destacar a importância de um Ministério, que nem sequer
existia da orgânica do anterior executivo. “Aprovámos no grupo parlamentar o nome de Austelino Correia como candidato do MpD para a presidência da Assembleia Nacional. Obviamente que o engenheiro Jorge Santos deixará de exercer o cargo, vai para uma pasta importante, das Comunidades, que nós criamos e tivemos o cuidado de colocar sob a responsabilidade de alguém que tem experiência política, que conhece bem as nossas comunidades e que está disponível para fazer um bom trabalho”, disse.

Mas, por mais esforço e destaca que se queira dar o Ministério das Comunidades, nada impede a leitura de que Jorge Santos foi despromovido, passando da segunda figura do Estado para um cargo sem relevância na hierarquia de um Governo. Não é vice-primeiro nem sequer é ministro de Estado.

É mais um ministro. Soa a pouco, a muito pouco, para quem, além de presidente da AN, foi presidente do MpD e fazia gala do seu palmarés como o homem que dá cartas em Santo Antão.

Recompensa

Quanto à nova secretária de Estado de Inclusão Social, chega ao Governo depois de ver gorada a expectativa de se eleger presidente da mesa de Assembleia Municipal de São Vicente (AMSV). Lídia Lima chegou a apresentar a sua candidatura, a ocupar a mesa da AMSV, mas foi derrotada pelos votos dos eleitos do PAICV e da UCID.
Saiu da votação ressabiada, fez questão de o demonstrar, chegando a acusar a UCID, a segunda força mais votada, e o PAICV, a terceira, de não respeitarem a vitória do MpD nas urnas.

Meses depois, Lídia Lima seria indicada para o segundo nome da lista do MpD às legislativas, por São Vicente. Entretanto, colocou-se fora da lista após aperceber-se de que quem iria ocupar a segunda vaga seria a deputada Mircea Delgado.

Longe da mesa da AM e da lista às legislativas, Lima afastou-se do palco do político em São Vicente, onde nos últimos anos desempenhou o cargo de vereadora para as áreas sociais.
Recebe agora a pasta de Inclusão Social, que muito tem a ver com o trabalho que desenvolveu na Câmara de São Vicente. Talvez ganhe no Governo outra visibilidade política para almejar outros voos.

Portanto, se para Jorge Santos o “realojamento” aparenta uma despromoção se se levar em conta o seu historial político e o seu desempenho eleitoral em Santo Antão, onde, como cabeça de lista, impôs uma derrota contundente ao PAICV, para Lídia Lima soa a uma recompensa. Aliás, assim que ela ficou fora da lista para as legislativas pessoas próximas do MpD haviam barafustadas contra o facto de o partido não estar a aproveitar o potencial da política mindelense.  Ora, ali estáuma resposta.

(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 716, de 20 de Maio de 2021)

PUB

PUB

PUB

To Top