Construído há 20 anos, o Centro de Saúde do Porto Novo, Santo Antão, atingiu o seu limite. A infraestrutura mostra-se incapaz de responder à demanda dos mais de 17 mil habitantes do concelho. As limitações de consultório e de internamento, bem como de meios de diagnóstico e tratamento, tem também limitado a assistência médica neste município.
Porto Novo é o maior município de Santo Antão, com uma área de 558 km² e 17 mil habitantes. À sua disposição tem um Centro de Saúde que funciona no limite das suas capacidades, com limitações de espaço e de meios de diagnóstico e tratamento. Apesar de alguma melhoria feita nos últimos anos, a assistência à população permanece limitada.
Carlos Dias
“Temos tentado desenrascar”, diz o delegado de saúde Carlos Dias ao A NAÇÃO. “De facto, precisamos de uma remodelação da estrutura em si para dar resposta às novas exigências. Quando a delegacia foi construída, há cerca de 20 anos, a estrutura dava resposta à demanda. Agora, com as novas exigências sociais e de saúde, sobretudo no contexto pandémico em que nos encontramos, constatamos de facto, que precisamos de ampliar a estrutura”.
Com a pandemia da co-vid-19, o limite deste centro de saúde está ainda mais comprometido, com dificuldades de
consultórios médicos e espaços apropriados de isolamento, bem como falta de recursos humanos.
Actualmente, um total de 99 profissionais de saúde operam em toda a delegacia, incluídos os contratados para reforço devido à pandemia. São 24 enfermeiros e seis médicos, além de psicólogos, assistente social, entre outros profissionais.
Meios de diagnóstico e tratamento
Entretanto, o centro de saúde continua a não atender à demanda da população, os munícipes queixam-se também da carência de meios de diagnóstico e tratamento. Apesar de estar à disposição da população alguns exames laboratoriais, Raio X e ecografias, a população espera que mais meios de diagnósticos sejam adicionados aos serviços da delegacia.
Muitos dos utentes são encaminhados para exames de diagnósticos fora do município. Só no primeiro trimestre
deste ano, o Centro de Saúde de Porto Novo efectuou 68 evacuações para exames complementares de diagnóstico.
Neste sentido, o delegado de saúde faz saber que o centro de saúde recebeu, recentemente, equipamentos da Cooperação Belga, que, segundo diz, podem colmatar algumas das necessidades.
Em 2020 foram também feitas 534 evacuações médicas, sendo 233 para o Hospital Baptista de Sousa em São
Vicente e 321 para o Hospital João Morais na Ribeira Grande de Santo Antão, sendo a obstetrícia e ortotraumatologia as principais causas das evacuações.
Assistência à população distante
O auxílio à população distante em localidades de difícil acesso é também um dos vários desafios enfrentados pela Delegacia de Saúde do Porto Novo. “O município é muito extenso e com algumas dificuldades no que diz respeito a acesso a alguns lugares. O Ministério da Saúde tem tentado dar resposta, juntamente com a Câmara Municipal para dar assistência à população distante e fazer com que os nossos crónicos tenham acesso a cuidados médicos e medicamentosos em todo o município”, explica Carlos Dias.
Para além do centro de saúde, a delegacia tem à disposição da população distante seis postos sanitários e 10 Unidades Sanitárias de Base para primeiros socorros e consultas descentralizadas.
Hospital de raiz
E, para melhorar a assistência à toda a população, os munícipes sugerem a construção de um hospital. O próprio edil Aníbal Fonseca, o ministro da saúde, Arlindo do Rosário, e o antigo presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, chegaram a constatar as dificuldades do Centro de Saúde do Porto Novo e sugeriram melhorias.
O delegado Carlos Dias defende que um hospital é algo a ser pensado e estudado, bem como melhoramentos no centro de saúde para aumentar a funcionalidade deste centro, melhorar a assistência médica, os diagnósticos, diminuir as evacuações e corresponder assim às expectativas e demanda do município.
Para já, foi anunciado a construção de um centro de saúde na vila da Ribeira das Patas que, poderá, de certa forma, atribuir algum alívio ao Centro de Saúde da cidade,
Vox Pop: Como avalias o Centro de Saúde de Porto Novo?
Paulo Costa – munícipe
O nosso Centro de Saúde já tem quase 20 anos e creio que já atingiu o seu limite de funcionamento. Entendo que há necessidade de um hospital para todo o município para atender aos pouco mais de 17 mil habitantes. Tem sido notável que o município clama por serviços de melhor qualidade e isso pode ser melhorado com uma infraestrutura melhor.
Sirlene Delgado – munícipe
O Centro de Saúde não consegue responder à população que procura os seus serviços. Precisamos de um hospital, no sentido de evitar muitas evacuações e deslocações para exames complementares. O desenvolvimento começa por um hospital e na melhoria das condições de saúde.
Paulo Santos – munícipe
Os serviços têm melhorado, se comparados com alguns anos atrás. Há um bom número de profissionais e o atendimento é rápido, bem como o serviço de internamento. O serviço de saúde sexual e reprodutiva é bom, por isso dou nota positiva em termos gerais. Falta, contudo, o preparo no caso de situações urgentes, mas daqui a algum tempo será necessário construir um hospital devido ao crescimento do município.
(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 717, de 27 de Maio de 2021)
