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Artes Plásticas

Nelson Neves mostra 20 anos de carreira na Praia

Nelson Neves, artista plástico cabo-verdiano radicado no Luxemburgo, apresenta 35 telas abstractas na exposição que acontece na Assembleia Nacional, de 4 a 18 de Julho. A par disso, vai ministrar alguns ateliês de pintura destinados a crianças. Recentemente o artista plástico foi condecorado com a medalha de Cavaleiro da Ordem de Mérito daquele Grão-Ducado.

Depois de ter apresentado 180 quadros na exposição sobre os seus 20 anos de carreira, realizada na Galeria de Art H2O, no Luxemburgo, Nelson Neves traz parte da exposição para Cabo Verde.

Esta sexta-feira (2), “Retrospectiva Nelson Neves 2001- 2021” é oficialmente inaugurada no átrio da Assembleia Nacional. A mostra, que conta agora com um total de 35 telas, vai estar patente ao público, nesse local, de 4 a 18 de Julho.

“São pinturas desde o início até hoje, para que as pessoas possam perceber a minha evolução enquanto artista”, explica o artista plástico natural de Santo Antão.

Nelson Neves aproveitou o período de confinamento para pintar, motivo pelo qual haverá, na exposição, obras feitas em 2020.

“Tentei transformar alguns momentos negativos em algo positivo, através da pintura”, explica, referindo-se especialmente aos momentos de isolamento, longe dos amigos e da família.

Segundo o artista, estas 35 telas, que sobraram da exposição realizada no Luxemburgo, são todas abstractas. A exposição na Praia conta com o apoio do Ministério da Cultura do Luxemburgo, da Federação Geral dos Professores Luxemburgueses, da Assembleia Nacional de Cabo Verde e da ACRIDES.

Ateliê para crianças desfavorecidas
da ACRIDES

A par da exposição, Nelson Neves realiza um ateliê de pintura destinado a crianças desfavorecidas da ONG ACRIDES.

“A ideia dos ateliês de pintura é que as crianças possam descobrir as minhas obras e se quiserem reproduzilas, contarão com todo o meu apoio. Mas basicamente poderão pintar tudo aquilo que quiserem. São livres para expressarem através da pintura”, diz Nelson Neves ao A NAÇÃO.

A passagem de Nelson Neves pela capital do país servirá igualmente para que este possa visitar artistas locais, conhecer a sua maneira de trabalhar e o seu quotidiano.

“Também penso descobrir um pouco sobre a ilha de Santiago, fazer muitas fotografias e desenhos que posteriormente serão retratados em telas”, acrescenta.

Percurso

Nascido em Santo Antão em 1973, Nelson Neves emigrou com os pais para o Luxemburgo com sete anos de idade. Depois de terminar os estudos liceais, formou-se em decoração, tendo trabalhado durante 16 anos como decorador, mas a pintura sempre o acompanhou.

Em 2001 expôs pela primeira vez, na Semana Cabo-verdiana, em Rodange (L). A sua evolução técnica abriu-lhe mais portas e começou a dar aulas de pintura em liceus e escolas primárias.

Paralelamente às mais de 40 exposições individuais e colectivas no Luxemburgo, França e Cabo Verde, começou também a organizar ateliers de pintura nos hospitais, nas prisões e junto dos mais jovens.

Em 2008 foi convidado pelo Ministério da Cultura do Grão-Ducado a expor na cidade da Praia, na Semana Cultural do Luxemburgo. Pela primeira vez, mostrou o seu trabalho em Cabo Verde.

Cores vivas, movimento e energia são os ingredientes que o artista põe na balança para conseguir harmonia e equilíbrio nas suas obras, sejam estas abstractas ou figurativas, com cenas quotidianas do fol clore caboverdiano ou obras mais universais.

Todo este percurso faz com que Nelson Neves seja considerado um dos elos culturais entre Cabo Verde e Luxemburgo onde reside boa parte da diáspora cabo-verdiana.

Distinção

Na semana passada, este artista foi nomeado Cavaleiro da Ordem de Mérito do Grão-Ducado de Luxemburgo, como testemunho do reconhecimento pelo seu engajamento ao serviço da cultura naquele país. Trata-se de uma distinção que, segundo ele, representa um reconhecimento para toda a comunidade cabo-verdiana residente naquele país.

“A medalha é pessoal, mas penso que é um reconhecimento para a nossa comunidade cabo-verdiana residente no Luxemburgo. Ao receber a medalha recordei a primeira geração de cabo-verdianos e cabo-verdianas que saíram de Cabo Verde para vir trabalhar no Luxemburgo. Não foi fácil. Prepararam o caminho para todos nós e, graças ao seu esforço e seriedade, a forte cooperação entre Luxemburgo e Cabo Verde começou”, disse.

Nelson Neves recebeu a medalha de Cavaleiro da Ordem de Mérito do Grão-Ducado de Luxemburgo das mãos da ministra da Cultura do Luxemburgo, Sam Tanson.

Durante a cerimónia, que aconteceu no espaço Philharmonie Luxembourg, anunciaram que o artista plástico já leva mais de 20 anos a aproximar Cabo Verde e Luxemburgo, graças aos projectos culturais, nomeadamente exposições, ateliês de pintura para crianças em Cabo Verde e Luxemburgo.

Para o artista, tratou-se de um grande momento, já que no Luxemburgo residem grandes valores do mundo das artes e no dia da distinção, esteve entre esses “ilustres”, tendo sido parabenizado por muitos deles.

Integração: vários jovens estão a abandonar estudos

Apesar de afirmar que a comunidade cabo-verdiana no Luxemburgo está bem integrada, Nelson lamenta a situação em que muitos jovens de origem cabo-verdiana se encontram no Grão-Ducado.

“Há vários jovens a abandonar os estudos. Sem diploma, depois têm muita dificuldade para encontrar emprego. Ainda assim, as associações cabo-verdianas, a Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo e outras entidades têm feito um grande esforço para melhorar a integração e a vida dos cabo-verdianos no país”, conclui.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 722, de 01 de Julho de 2021

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