Nilton Victor Fernandes, hoje professor do ensino básico, formou-se no extinto Instituto Pedagógico em 2009. Doze anos depois, ainda não recebeu o seu histórico escolar, documento necessário para a complementação académica do grau de licenciatura.
Desgastado com anos de insistência, agora também na Faculdade de Educação e Desporto, da Universidade de Cabo Verde, o professor procurou este jornal para denunciar a situação que, segundo diz, chegou a levar até mesmo à Provedoria da Justiça, sem sucesso.
O extravio do documento, no formato digital, segundo versão contada pelo ex-aluno, e confirmada pelo vice-presidente da FAED, João dos Santos, deu-se após um problema no computador.
Entretanto, com os dados também em suporte papel, a instituição criou uma comissão especializada para a recuperação das notas e compilação de um novo dossier.
“Terminei a formação, no então Instituto Pedagógico. Na altura, apenas recebi um certificado, que foi o suficiente para ingressar no mercado de trabalho e começar a lecionar no ensino básico. Entretanto, após tentar uma equivalência para adquirir o grau de licenciatura, foi-me pedido o histórico escolar”, explica Victor Fernandes.
Segundo a mesma fonte, ano após ano, depois do primeiro pedido do histórico, voltava à instituição e a situação se mantinha inalterada.
Desculpa da covid
Este ano, prosseguiu, ao se dirigir à FAED, mais uma vez, para tentar recuperar as notas, a justificativa recaiu sob a covid-19, o que, segundo a nossa fonte, foi a gota de água para o seu desgaste.
“Novamente, deram-me entre um mês a 45 dias para ir buscar o documento, com a garantia de que já estaria pronto. Depois de três meses voltei lá e o documento não estava pronto. Dias depois, a 30 de Junho, entrei em contacto com a página da instituição no Facebook, que me garantiu que o histórico estava pronto e que poderia ir buscar”, garante.
Desta vez, prossegue, ao confrontar a secretaria com a mensagem de que o documento estava pronto, ninguém soube apontar quem teria sido o responsável pelo envio da mensagem.
“Aí eu fiz um printscreen da mensagem e levei à Provedoria da Justiça, mas não adiantou de nada”, lamentou, acrescentando ainda que pedidos de ajuda à Agência Reguladora do Ensino Superior também não têm resultado.
Notas já foram recuperadas
A Nação entrou em contacto com a Faculdade de Educação e Desporto para confirmar os factos. O vice-presidente, João dos Santos, confirmou a ocorrência de um problema com o registo digital das notas, e avançou que, de facto, foi criada uma comissão especializada para recuperação das mesmas e que, inclusive, muitas notas já foram entregues a ex-alunos do Instituto Pedagógico.
Sem especificar o que estaria por detrás da demora na entrega deste histórico em específico, e após falar com a Direcção Académica, garantiu que o documento em questão já está pronto, à espera de aprovação.
João dos Santos acrescentou ainda que o aluno já foi informado e que dentro de dias poderá levantar o seu histórico escolar.
Por seu turno, o prejudicado, Nilton Fernandes, recorda que são 12 anos de rendimento perdido. “São 12 anos tentando fazer o curso e não consigo porque não tenho minhas notas. Enquanto isso estou a perder dinheiro, pois poderia estar a ganhar pelo menos 20 mil escudos mensais a mais, assim como outros colegas que fizeram a licenciatura”, apontou.
