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Santiago

Grupo de voluntários diz que a XII Assembleia-geral da Cruz Vermelha é  “ilegal” 

A Cruz Vermelha de Cabo Verde (CVCV) reúne-se hoje,26, e amanhã,27, para a sua sétima Assembleia Geral Colectiva, tendo em pauta o balanço do último mandato e sobretudo as eleições dos novos órgãos superiores. No entanto, um grupo de voluntários “insatisfeitos”, desta organização humanitária, considera “ilegal” este encontro e promete impugnar os resultados das eleições que têm como único candidato o actual presidente, Arlindo Carvalho.

Em nome do grupo, que integra três últimos presidentes da CVCV, José Mário Correia, antigo membro do conselho superior, contou que a assembleia que se inicia decorre sob o signo da fraude, já que o estatuto que serve de base para a convocatória é um estatuto “ilegal”, que que não cumpriu os requisitos tradicionais exigidos pela Cruz Vermelha Internacional.

“Qualquer que seja a alteração ao Estatuto, terá necessariamente que fazer um percurso obrigatório que é ser aprovada internamente na Assembleia, mas também, ser aprovada pela Cruz Vermelha Internacional e ainda passar pelo crivo do Governo para verificar até que ponto esse Estatuto está conforme a legislação nacional”, explicou José Mário Correia à Inforpress.

 Segundo o mesmo, “muito mais do que isso tem de ser publicado no boletim oficial. E esse estatuto que está a servir de base para a realização desta assembleia não cumpriu esse caminho. Portanto o próprio regulamento eleitoral que deriva deste Estatuto está altamente viciado”.

 “Barrar o caminho dos outros voluntários”

Para este antigo membro do conselho superior da CVCV, é uma situação que foi “montada deliberadamente” pelo próprio presidente cessante, Arlindo Carvalho, para se reeleger e barrar o caminho a outros voluntários desejosos de dar a sua contribuição ao nível superior da Cruz Vermelha.

José Mário Correia justificou a “insatisfação” do grupo com a gestão de Arlindo Carvalho com aquilo que classificou de “desmando enorme” a nível dessa organização humanitária.

“Pago para ser voluntário” 

“O senhor Arlindo Carvalho fixou o seu salário em 50 mil escudos, tem outros dois vice-presidentes a receber mensalmente 35 mil escudos cada, o que é uma aberração porque na história da CVCV nunca um voluntário foi pago para ser voluntário. É a primeira vez na história da organização em Cabo Verde que isso acontece”, sustentou.

Outras denúncias…

Insatisfeito, este denunciou ainda que Arlindo Carvalho tem cartão de crédito, carregado com um montante de várias centenas de milhares de escudos cabo-verdianos para cobrir as suas despesas de forma indiscriminada, o que, na sua perspectiva, representa “claramente um assalto”.

“Se se consultar as contas da Cruz Vermelha junto da Caixa Económica todas as dúvidas em relação a isso vão ser dissipadas”, declarou.

Impugnação e pedido de audiência ao PR

Por isso adiantou que o grupo vai impugnar os resultados desta Assembleia na expectativa de que o tribunal lhes dê razão e mande colocar as coisas no seu respectivo lugar.

Avançou também que nos próximos dias vão solicitar uma audiência ao Presidente da República, que é presidente de honra da CVCV, no sentido de lhes ajudar “a travar essa corrente montada que tem a Cruz Vermelha de Cabo Verde, capturada e guiada para servir um grupinho com interesses mesquinhos e que estão a lesar a organização, o Estado e que está a minar a credibilidade junto ao movimento internacional”.

O grupo, que integra, para além de José Mário Correia, os três anteriores presidentes da CVCV designadamente Mário Moreira, Eloisa Évora e Dario Santos dos Reis, já tinha intentado uma providência cautelar junto do tribunal que, entretanto, foi indeferida.

 De acordo com a convocatória, a CVCV vai estar reunida em Assembleia-geral Ordinária para de entre vários assuntos constantes da ordem dos trabalhos, fazer o balanço de mandato de 2017 a 2021 e eleger os seus órgãos superiores.

Em entrevista à RCV, na manhã desta sexta-feira,26, o presidente cessante, Arlindo Carvalho, anunciou que é o único candidato à sua própria sucessão, sem mencionar o “desentendimento” com outros voluntários.

C/Inforpress

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