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Cultura

Artistas alertam que ainda não se viu ganhos da elevação da Morna a Património da Humanidade

Assinala-se hoje o Dia Nacional da Morna. Estilo acarinhado e defendido por Cremilda Medina e Zé Rui de Pina, para quem, até agora, depois da elevação da Morna a Património Imaterial da Humanidade, em 2019, ainda não se viu ganhos efectivos dessa conquista. Por isso apelam a uma maior valorização da música “rainha di nos terra”.

Neste dia em que se comemora o Dia Nacional da Morna, a cantora cabo-verdiana e intérprete, sobretudo da morna, Cremilda Medina contou ao A NAÇÃO que “sente” este dia de uma forma “muito especial” por ser o seu estilo musical de eleição.

“É um dia de extrema importância na nossa cultura, na nossa música, é o reconhecimento de um dos estilos musicais que mais levou e continua a levar o nome de Cabo Verde ao mundo”, explicitou a artista.

Cremilda ressaltou que o “maior ganho da Morna foi passar a figurar como Patrimônio Cultural Imaterial”. Fora isso, acredita que “até o momento, ainda não se sentiu muita diferença”, desde a eleição.

“Talvez por causa da pandemia determinadas ações que poderiam estar programadas acabaram por não se realizar”, justificou, esperançosa de que “mais cedo, ou mais tarde, teremos ganhos visíveis”.

A cantora é da opinião de que “pode-se fazer muito mais pela morna, valorizá-la, divulgá-la”, mas, lamenta o facto de “como a morna não é uma música comercial, muita gente tem tendência para a esquecer”.

Cremilda Medina que vai participar, hoje, no programa “Bem Vindos” da RTP África com a interpretação de 3 mornas, assinalando a efeméride, afirma que “a morna subiu e continua a subir a vários palcos no mundo”, mas lamenta o facto de que “em Cabo Verde, as coisas são diferentes e são raros os festivais em que a morna sobe ao palco, com exceção dos festivais temáticos”.

Sendo assim, a artista acredita que “se deve repensar a nossa cultura, as nossas tradições, a nossa morna pois cultura é diferente de entretenimento”.

“Mais valorização precisa-se” –Zé Rui de Pina

Pelo seu turno, o músico de longa estrada, Zé Rui de Pina diz que assinalar o Dia da Morna “é uma maneira de não deixar a nossa música tradicional cair no esquecimento e um momento para se ver o que efetivamente está-se a fazer para evitar isso”.

Relativamente aos ganhos ao longo dos anos da Morna Património Imaterial da Humanidade, este diz que “honestamente, ainda não vi ganhos”. 

“Não acho que o país está a aproveitar bem desse importante facto”, alerta.

O músico acredita que a Morna merece muito mais e que há necessidade de incutir nos mais novos o interesse por este género. 

“A morna merece muitíssimo mais. Ainda estamos muito longe daquilo que podemos chamar de valorização da morna, um património, e assegurar a sua continuidade. Incutir nos mais novos esse amor e não deixar que ela se perca em meio à aculturação”.

Recorde-se que 3 de Dezembro, é também o dia do nascimento de B.Leza, emprestando a data, como homenagem, ao Dia Nacional da Morna.

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