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Santiago

Do desperdício nasce a arte

Um grupo de jovens da associação Vindos do Mar, da Achada Grande Frente, Praia, tem patente uma exposição no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na Praia, concebida a partir de desperdícios e lixo, como pneus, restos de madeira e plásticos, entre outros, que ganham uma nova vida através da arte. A consciência ambiental dá o mote a esta iniciativa.

A exposição “Artes e reciclagem” ocupa desde segunda-feira, 6 de Dezembro, o pátio Tchon di Morgado do Palácio da Cultura Ildo Lobo, no Platô. Pneus velhos, caixas, plásticos e restos de madeiras abandonadas no lixo ganharam uma nova vida nas mãos dos jovens da associação Vindos do Mar, da Achada Grande Frente, Praia.

 Os vasos de plantas, entre outros enfeites e utensílios “amigos do ambiente”, foram recriados ao longo do mês de Outubro, enquadrado num projecto seleccionado no primeiro edital municipal de artes e espetáculos da Câmara Municipal da Praia(CMP).

Retratar as vivências

“O nosso projecto foi seleccionado pela CMP e conseguimos financiamento para este trabalho que incluiu uma formação na área de artes e reciclagem para os jovens e adolescentes da nossa comunidade”, explicou Filomena Monteiro responsável da associação originária do grupo carnavalesco Vindos do Mar.

A “exposição e venda” patente no Palácio da Cultura representa, de uma certa forma, a criatividade dos jovens locais e a vivência da comunidade piscatória da Achada Grande Frente. “Pensamos em algo que nos representa enquanto grupo carnavalesco a que pertencemos há mais de 11 anos, mas também enquanto comunidade de pescadores e peixeiras mostrando trabalhos com base na nossa realidade”.

Preocupações com o meio ambiente

Por outro lado, Filomena explicou que “Artes e reciclagem” mostra ainda as preocupações com o meio ambiente, por exemplo, ao transformar um pneu velho em algo bonito, útil e agradável.

“Os pneus são tóxicos e não foi nada fácil trabalhar com eles. Tivemos que isolar na praia negra para estas transformações sem prejudicar as pessoas, mas os resultados são satisfatórios e acreditamos que lhe demos melhor utilidade, evitando a degradação do meio ambiente”.

  Durante a formação, segundo explica, foram abordadas técnicas de reciclagem, mas o foco foi “mais na pintura em tela, tendo em conta que os trabalhos com pneus, por exemplo, são difíceis para os iniciantes”, explicou Filomena Monteiro, realçando que os participantes gostaram de fazer parte deste projecto, que teve como intuito ocupar os jovens desta comunidade muito influenciada pelos males sociais.

Alternativas

“A nossa comunidade tem muitas más influências e temos a necessidade de estar sempre disponível para ajudar os jovens dando lhes alternativas que lhes desviam destes maus caminhos. Para além disso, esta formação visa também abrir-lhes um novo horizonte para descobrirem os seus talentos e quem sabe uma fonte de rendimento através da arte”, finalizou.

A exposição, que vai estar patente no Palácio da Cultura até ao próximo dia 22 deste mês, conta, na sua maioria, com trabalhos produzidos também pelos próprios formadores dos 25 jovens e adolescentes que beneficiaram da formação em técnicas de artes e reciclagem.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 745, de 09 de Dezembro de 2021

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