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O caminho verde

Por: João Chantre

“O nosso planeta está a afundar-se” – Antonio Guterres, secretário-geral da ONU

A pandemia da Covid-19 já matou cerca de 5.2 milhões de pessoas no mundo.

Dados da Organização Mundial da Saúde confirmam que em cada 10 pessoas, 9 não respiram ar puro, 7 milhões de pessoas morrem por ano devido à poluição do ar e 150 milhões de vidas podem ser salvas neste século se mudarmos de rumo e decidirmos cuidar melhor do planeta.

Onda de destruição maior do que o previsto

Ainda nessa onda de destruição, milhares de hectares de florestas ardem-se anualmente em todos os cantos do globo,  milhões de árvores são decapitadas e traficadas num mercado negro muito lucrativo.

As inundações são cada vez mais violentas e inesperadas por toda a parte, as secas prolongadas estão a desalojar milhões de pessoas no mundo, que abandonadas à sua sorte, poderão dar origem aos primeiros refugiados ecológicos do mundo.

Os mares e os oceanos estão com temperaturas elevadas e a ser transformados em autênticos depósitos de lixo e de todo o plástico que o homem decidiu produzir, enquanto os glaciares de todo o mundo estão a descongelar a um ritmo acelerado devido ao aquecimento da Terra.

Os vulcões em fúria estão a explodirem-se com uma violência jamais vista, destruindo tudo o que encontrarem pela frente aos olhos de turistas encantados com o espetáculo. 

A onda de destruição é maior do que pensamos, a solução passa por recuperar o planeta que o homem esta a destruir.

Com a Covid-19, o mundo foi confinado, o planeta começou a limpar-se e o nível de CO2 baixou-se drasticamente.

Infelizmente, o confinamento que injectou novas energias à natureza em coma,  destruiu a economia  e, por isso, os decisores entendem, que de certeza, não será esta a via da salvação. Pode ate não ser! Mas a humanidade está ansiosa à espera de uma solução, e de preferência rapidamente.

O mundo e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Afinal, qual será a melhor via de conseguirmos os “Objetivos  de Desenvolvimento Sustentável 2030”, definido pela a ONU?

Está tudo invertido: a pobreza disparou, a fome aumentou. Com a pandemia ficou provada que a saúde é inegualitária em diferentes latitudes.

A educação de qualidade ainda parece ser utópica em algumas paragens.

A igualdade de género ficou abalada com a violência doméstica durante a pandemia e a igualdade de oportunidades continua a ser adiada.

A água, esse bem precioso, escacea-se em  função das latitudes, e o saneamento básico ainda é um luxo em muitos cantos deste planeta.

A energia renovável será uma realidade, apenas, quando os governos decidirem investir e travar o “lobbying” da energia fóssil”.

O conceito de trabalho e o crescimento económico, terá que ser revisto.

A indústria, a inovação e as insfratruturas requerem avultosos investimentos. As desigualdades aumentaram-se.

Nas cidades, o epicentro dos terramotos ecológicos, precisa de gestores com sensibilidade, pendor humanista e inovadores para o bem estar das pessoas e a salvação do planeta.

A produção e o consumo sustentável encontra-se ainda estagnadas ao nível poético. 

Necessidade de melhor regulação e cooperação entre Estados

Proteger a vida marinha só depende de nós. Para proteger a vida terrestre tem que haver melhor regulação e cooperação entre os Estados.

Paz, justiça e instituições eficazes dependem de homens e mulheres entregues à causa e sobretudo ao serviço das pessoas e das Nações.

Só o multilarismo pode contribuir para um equilíbrio na implementação dos ODS e na salvação do planeta. Teremos que ser mais cooperantes e solidários.

Dito de outro modo, não basta a boa retórica da crise climática e da sustentabilidade.

Mais do que retórica, a humanidade precisa neste momento de ação e de verdadeiros líderes comprometidos e dedicados à causa.

Maior empenho no combate à crise climática

Há décadas que a comunidade científica alerta para a crise climática que assola o planeta.

Em agosto, o relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) fez uma alerta: o tempo passa e a demora nas soluções, ações e sobretudo na acelerada exploração dos ecossistemas, pode levar a um aumento da   temperatura do planeta  de 4.4 C até o fim do século e as consequências serão catastróficas.

“Segundo o artigo segundo do Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas (2015), os Estados devem “fazer esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais”.

Afinal está tudo definido, cabe a nós inverter este caminho desastroso. É público que os países ricos são responsáveis  pela emissão de cerca de 80% dos gases de efeito de estufa (GEE) que libertam na atmosfera enquanto os pequenos países insulares encontram-se na linha da frente da crise climática.

“Os menos contribuintes afinal são os maiores sofredores”. Uma das recomendações do Acordo de Paris é que os países desenvolvidos possam engajar com maior empenho  no combate climático e possam mobilizar fundos suficientes, cerca de 100 bilhões de dólares por ano, até 2020 (2015-2020 era a meta), deviam ser investidas em ações climáticas nos países em desenvolvimento e tornar essas economias mais resilientes às mudanças climáticas. Ainda o compromisso assumido em 2015 esta por ser cumprido.

Em suma, cada nação tem o seu próprio caminho, história e economia. Resta-nos agora acreditar e apostar fortemente no Pacto Climático de Glasgow que não deixa de ser mais um acordo para tentar limpar o mundo, torná-lo verde e sustentável. Esta revolução verde só acontecera se houver lideranças fortes, que acreditem, empenhados à causa,  capazes de ainda chegar a tempo de salvar o planeta. Estamos à beira do precipício!…Salvemos o nosso planeta! It’s time.

Ancara, 08.12.2021

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 745, de 09 de Dezembro de 2021

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