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Cultura

“O campo de Chão Bom” em Grândola 

O Parque de Feiras e Exposições de Grândola, Portugal, acolhe amanhã, sábado, 12, um espectáculo multidisciplinar que alia o teatro, à dança, poesia e vídeo, da autoria de Paula Torres de Carvalho. O espectáculo é inspirado no livro “O Diabo é meu padeiro”, de Mário Lúcio, e traz à memória a história da reabertura do Campo de Concentração do Tarrafal, em 1961, para enclausurar os independentistas africanos.

A autora, a jornalista Paula Torres de Carvalho, que tem as raízes assentes em São Vicente, ilha da sua mãe, explica ao A NAÇÃO online que este espectáculo multidisciplinar, que surge do cruzamento de várias linguagens artísticas, é inspirado na obra de Mário Lúcio Sousa, “O Diabo é meu padeiro”.

“É um livro que faz uma viagem sentida sobre a realidade vivida pelos independentistas africanos no Tarrafal . E que engloba os portugueses. Parece-me uma visão fiel do que se passou, juntando memória e sentimento. Este espetáculo é feito tendo em conta o dever da memória”, esclarece a autora.

Paula, que é sobrinha do poeta Ovídio Martins (poeta), trabalha com um grupo intergeracional que engloba cabo-verdianos na diáspora e portugueses. “Temos feito vários espetáculos com preocupações históricas e sociais”, explica, destacando o seu interesse pela história e cultura de Cabo Verde, especialmente “pelos assuntos referentes ao tempo do Estado Novo, em Portugal, pelos temas referentes à luta contra a ditadura”.

O espectáculo traz, então, à memória a história da altura em que o Campo de Concentração do Tarrafal foi reaberto por ordem de Adriano Moreira, em 1961, para enclausurar os independentistas africanos.

Em palco, actores cabo-verdianos, portugueses, guineenses e angolanos, tendo Manuel Estevão como actor principal, com direção artística de Pascoal Furtado e direção musical de Antonio Barbosa.

O espectáculo, musicado ao vivo, conta ainda com as participações de António Barbosa, Armando Tito, Bulimundo, Djone Santos e Sofia Carvalho, além do coro Voz Terra e do músico e escritor Mário Lúcio.

Com o apoio da Câmara Municipal de Grândola, “O Campo de Chão Bom” sobe ao palco do Parque de Feiras e Exposições daquela vila alentejana, no próximo dia 12 de Fevereiro, pelas 21 horas. Depois de Grândola, o espectáculo tem já data confirmada a 9 de Abril, no Centro Cultural de Carnide, Lisboa. Mas há mais manifestações de interesse. “Temos o maior interesse em ir ao maior número de sítios contar esta história, pelo dever da memória”, garante a autora.

Cabo Verde de fora, para já

Paula não esconde que “adorariam” apresentar o espetáculo no Campo de Concentração do Tarrafal, mas reconhece que é uma logística enorme. “O grupo é muito grande, mas claro seria muito interessante e importante”.

Houve inclusive uma tentativa de apoio junto do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, para apoiar o espectáculo, em Portugal, mas sem sucesso.

“O Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas não respondeu positivamente ao nosso pedido de apoio para este espetáculo em Portugal, presumo que a nossa deslocação a Cabo Verde fosse ainda mais complicada”, finaliza.

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