PUB

Economia

Retoma: Cabo Verde Empresas pede flexibilidade à banca e mais “consideração” ao Governo

A Associação Cabo Verde Empresas, sediada na ilha do Sal, pede mais “flexibilidade” ao sector bancário, especialmente, na análise das últimas demonstrações financeiras, uma vez que todos os setores económicos foram mais ou menos afetados pelos efeitos da pandemia. A mesma tece críticas ao Governo, sobre as abordagens para a retoma no contexto pandémico e da falta de uma política orientada para a diversificação dos investimentos económicos. 

Num comunicado, assinado pelo presidente Andrea Benolli, chegado à nossa redacção, sobre a retoma económica e a moratória das dívidas, essa associação começa por dizer que “reúne” as críticas levantadas por outras agremiações empresariais, “por considerar inadequada a abordagem do governo nos últimos meses em relação às intervenções destinadas a influenciar a conjuntura económica do país”.

Embora, prossegue o documento, entendam as dificuldades orçamentais causadas pela prolongada crise pandémica, e a necessidade de tomar decisões rapidamente, a associação defende que o setor privado “deve receber muito mais consideração”.

Nesse contexto, explicam o porquê dessa reivindicação: “As empresas produzem riquezas, trabalho e inovação através de investimentos que, muitas vezes, impulsionam o setor financeiro, formação de pessoal e consumos, que resulta em receita para os cofres do Estado, alimentando os rendimentos produzidos pelas empresas e seus funcionários para garantir o bem-estar da população e de suas instituições públicas. Contudo, o setor privado deve ser repensado e envolvido no processo de tomada de decisões políticas”.

Essa associação explica que, “não podemos continuar a pensar que a Política e a Economia não estão continuamente em contacto próximo para conhecer as dificuldades uma da outra e construir juntos um caminho partilhado, com uma visão estratégica e com um pacto de lealdade no respeito dos compromissos mútuos”, mas que, “ultrapassando a vertente relacionada com os métodos de intervenção”, considera que o plano de retoma da economia “é congruente” com as necessidades de recuperação e fornece as ferramentas adequadas para que os empresários possam fazer novos investimentos. 

Banca e falta de política voltada para a diversificação económica

“Esperamos que o sistema bancário se mostre flexível na análise das últimas demonstrações financeiras, uma vez que todos os setores económicos foram mais ou menos afetados pelos efeitos da pandemia. Sem essa flexibilidade, muitas empresas ficarão impedidas de fazer novos investimentos, apesar das garantias do Estado”, isto, porque, como explicam, “dentro dos setores considerados de maior interesse pelo Governo (AgroBusiness, Pesca Semi-industrial, Micro finanças, Start-Up TICs e Micro empreendedorismo), não conseguimos encontrar uma política orientada para a diversificação dos investimentos económicos”. 

Por exemplo, atestam, “não foi contemplado o setor da reciclagem, indústria já estabelecida em muitos países, mesmo de natureza arquipelágica como a nossa e capaz, não só de gerar riqueza e emprego, mas também de reduzir drasticamente a poluição contínua do ambiente”.

A associação diz esperar que o Governo “avance de forma mais decisiva” também neste sentido, “incentivando o nascimento deste novo sector económico, cumprindo plenamente os objetivos de sustentabilidade ambiental da Agenda 2030/2050 da ONU e, sobretudo, demonstrando mais uma vez, uma atenção especial ao património mais importante que deixaremos nas mãos das gerações futuras”. 

Nesse contexto alertam que “não podemos continuar a “enterrar” o problema, devendo começar a enfrentá-lo, com coragem e coesão”.

Prolongar moratórias

Perante o quadro acima descrito, apelam, mais uma vez que é preciso “reforçar”a “necessidade de o Governo abrir um diálogo com o setor privado e as instituições financeiras para poder prolongar a moratória”.

“Nos últimos meses, as empresas voltaram a funcionar, entretanto, esse tempo não é suficiente para recuperar quase dois anos de crise económica. É necessário encontrar uma solução que permita às empresas e ao sistema bancário apoiarem as posições uns dos outros, pelo menos, até ao final do ano, ou seja, criar uma ponte que nos permita chegar à próxima época alta, permitindo que os bancos respeitem os índices de balanço e parâmetros de segurança exigidos pela legislação vigente e para que as empresas consigam superar a baixa temporada mantendo trabalhadores e fluxo de caixa suficientes para retomar as atividades a 100% no próximo outono”.

Mesmo assim, com “esses pontos”, a Cabo Verde Empresas diz que “agradece”, contudo, “ao Governo por seu esforço contínuo para melhorar o ambiente de negócios e por fornecer ferramentas úteis para a recuperação económica”.

Essa associação empresarial finaliza, dizendo que confia que o setor privado “tirará partido do que foi disponibilizado” e reafirma o “empenho contínuo”, no “acompanhamento e comunicação de quaisquer anomalias ou dificuldades dos empresários no acesso às garantias oferecidas pelo Estado”.

PUB

PUB

PUB

To Top