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Carta Aberta aos Quadros Santa-Catarinenses

Por: José Pereira Miranda

Estimados Quadros de Santa Catarina, onde quer que estejam a desempenhar as vossas funções, aqui nas ilhas ou na vasta Diáspora, este é um desafio aberto e direto para juntarem as vossas cabeças, sentirem os vossos corações e arregaçarem as mangas para mobilizar todos os que, por obrigação ou por coração, queiram ajudar a Pensar, a Homenagear e a Levantar Santa Catarina.

Se é considerado justo, homenagear alguém que tenha prestado bons e dignos serviços a favor de um concelho, uma cidade, ou um país, não deixará de ser também justa uma homenagem a Santa Catarina, pela contribuição que tem dado a Cabo Verde e não só.

Começando pelo Juvenal Cabral, pai do grande herói Amílcar Cabral, pela contribuição que deu a Cabo Verde através do legado que deixou ao filho, passando pelo próprio filho, reconhecido mundialmente como libertador de Cabo Verde, da Guiné-Bissau e de África, e por todos os filhos de Santa Catarina que lutaram pela independência, passando pelos quadros, muitas vezes destacados quadros, em todos os setores do desenvolvimento do País, parando nos políticos, incluindo, o primeiro Presidente democraticamente eleito,  dois primeiros-ministros, um de Santa Catarina e outro de família santa-catarinense, assim como vários membros de sucessivos Governos, desde a Primeira República à presente data, e culminando com três pilares do edifício institucional e da Fé e Cristã que sustentam atualmente o nosso País, o Presidente da República, o Presidente de Assembleia Nacional e o Cardeal da Igreja Católica, todos de Santa Catarina,  penso que está na hora de, pelo menos, dizer um “muito obrigado» a Santa Catarina.

Mas a melhor e mais útil homenagem a Santa Catarina e a este, histórica, econômica e politicamente incontornável pedaço de Cabo Verde, hoje apelidado de Santiago Norte, é pensar e construir o seu desenvolvimento. Porque não só queremos, mas também podemos e devemos meter mãos à obra para elevar Santa-Catarina e Santiago Norte ao patamar de desenvolvimento que conhece o nosso país e de que todos, sem exceção, nos orgulhamos.

Eu, me reconheço incapaz, pela avançada idade, desgastada intelectualidade e nenhum poder económico, de programar e realizar encontros da índole de uma Conferência “Pensar Santa Catarina”, para procurar soluções para os muitos problemas de desenvolvimento que teimam em nos caraterizar. Entretanto, pela idade que tenho e pela experiência que já adquiri na vida, também me reconheço capaz de fazer despertar a atenção de alguém que tenha a capacidade de «mexer pau na tinta».

Nesta base, na minha opinião, os Quadros de Santa Catarina, onde quer que estejam, devem pensar num encontro para se conferir o que se poderá fazer em e por Santa Catarina, e pelos  Concelhos vizinhos, para a homenagear pelas grandes contribuições dadas a Cabo Verde, à Ilha de   Santiago e à Cidade de Assomada em Particular e, acima de tudo, para a fazer andar mais depressa na senda do desenvolvimento.

Mesmo que não constitua varinha mágica para solucionar os enormes problemas, uma Conferência cujo tema poderia ser «Pensar Santa Catarina / Desenvolver Santiago Norte”, poderia ter o condão de nos despertar, a todos, deste longo e pesado sono e obrigar-nos a pôr pés no caminho, como faziam as nossas mães e irmãs do Século XX  “ pa rabida bida” e mandar os filhos à escola, para que amanhã seja um dia verdadeiramente melhor.

Porque não acelerar já o passo e pensar numa Conferência ainda este ano, por ocasião da Festa do Aniversário da Cidade de Assomada ou por ocasião da Festa do Concelho, Nha Santa Catarina?

Naturalmente, que a mobilização deve ser geral e abranger não só todos os filhos e amigos de Santa Catarina mas também envolver instituições locais e nacionais que têm os instrumentos e os meios para fazer acontecer o que seja maior e mais estruturante depois. Mas na minha opinião e para começar, imagine-se o que não faria um grupo de dois representantes de todas e de cada uma das áreas de atividade, incluindo, nomeadamente, dois economistas, dois jornalistas, dois juristas, dois arquitetos, dois médicos, dois professores, dois escritores, dois psicólogos, dois sociólogos, dois diplomatas, dois sacerdotes, dois casais de leigos, dois empresários, em fim, a lista seria longa, sem excluir nenhuma classe ou profissão, juntando-se e discutindo à volta do tema. No mínimo, atirariam uma pedrada ao charco para criar a onda de energia positiva e de vontade de fazer que nos poderão levar longe.

Eu, continuarei aqui no posto de observação e encorajamento e também de benção, pois vão precisar dela e muito, para a ardua tarefa. Deus disse, põe a mão que eu te ajudo. Não temeis, pois. Kaminhu é sempri pa diante.

    20 de Janeiro de 2022. 

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 756, de 24 de Fevereiro de 2022

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