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Diáspora

Gabriel Barros: O cabo-verdiano que quer ser Secretário-geral das Nações Unidas

Gabriel Gomes Barros espelha a esperança da nova geração de jovens cabo-verdianos na Holanda, que querem fazer a diferença e lutar pela integração. Com apenas 22 anos é cabeça de lista pelo partido jovem de Roterdão (Jong), que ele próprio criou. Um jovem determinado e que não tem medo de sonhar alto, tanto assim é que sonha ser, um dia, o secretário-geral das Nações Unidas.

Nascido e criado em Roterdão, Gabriel é filho de cabo-verdianos, sendo que a mãe nasceu em São Vicente e o pai, apesar de já ter nascido na Holanda, é filho de cabo-verdianos, também nascidos na Ilha do Monte Cara.

Carrega, assim consigo, uma tradição histórica da imigração cabo-verdiana no país da Rainha Juliana.

“Eu cresci em Delfshaven, que faz parte da cidade de Roterdão. Cresci perto de Heemraadsplein, mas como há muitos cabo-verdianos na Holanda, também lhe chamam Pracinha d’Quebrod”.

Primeira vez em Cabo Verde

Curiosamente, este ano foi a primeira vez que veio conhecer Cabo Verde, no passado mês de Fevereiro, durante “apenas” uma semana.

O suficiente para se render: “Realmente, adorei!” Tanto assim que já faz planos para regressar no “verão”.

Actualmente, está a cursar Lei e Administracção Pública na Universidade Erasmus de Roterdão e sonha alto. Muito alto.

“Quero ser Secretário-Geral das Nações Unidas porque acho que é uma grande instituição, que pode potencialmente ajudar muita gente em todo o mundo.”

Herança de espírito de luta

O interesse pela política deste jovem político, como deixa transparecer, vem de uma vontade de fazer a diferença, mas também porque carrega no sangue o sentimento do verdadeiro significado de conceitos importantes como liberdade e justiça.

“O meu avô (José Pereira Vaz da Fonseca) lutou pela independência de Cabo Verde, foi um Combatente da Liberdade da Pátria. Ele ensinou-me a estar envolvido, engajado e a ser um cidadão participativo. Ensinou-me a lutar por mim próprio e a ser activo. Sempre tive interesse pela política, porque, para mim, é interessante ler e analisar as diferentes decisões que os políticos tomam”.

Fundador do partido Jovem Roterdão

Com este background era inevitável um dia vir a associar a política aos seus valores de luta pela juventude e fundou o partido Jovem Roterdão.

“Fundei este partido porque um terço da população de Roterdão tem menos de 25 anos e não há ninguém no concelho municipal nessa faixa etária”.

Por isso, garante que é candidato a vereador porque considera ser “importante” que adultos “partilhem o poder”, com “as crianças, jovens e adultos jovens”.

Apoiar e guiar outros jovens

Responde que a juventude é o seu foco quando instado sobre que projectos ou iniciativas pretende dinamizar para uma melhor integração da comunidade cabo-verdiana na Holanda e, especialmente em Roterdão, onde concorre.

“Tenho reparado que, nos últimos anos, a comunidade cabo-verdiana em Roterdão está menos próxima, e não é como no tempo dos meus avós, em que toda a gente se via, com muita frequência. Se for eleito, vou trabalhar para aproximar mais a comunidade cabo-verdiana, especialmente a juventude”.

Outro ponto que quer implementar, se for eleito, é assegurar uma “integração segura das crianças e jovens” que viveram em Cabo Verde e que se mudaram para Roterdão.

Pois, como explica, a transição “não é muito simples” para muitos jovens.

“Eles devem ser guiados neste processo por outros jovens cabo-verdianos. Isso leva-me para o próximo ponto que é, quando for eleito, quero iniciar uma academia onde jovens cabo-verdianos de sucesso podem guiar e ajudar outros jovens cabo-verdianos ao sucesso”.

Por fim, este jovem político refere que, quando for eleito, vai trabalhar para que a comunidade cabo-verdiana possa celebrar “todas as festas tradicionais importantes” como o São João e o 5 de Julho.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 758, de 10 de Março de 2022

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