Fidel Cardoso de Pina, presidente cessante da Juventude do PAICV, é candidato a mais um mandato para, como diz, “reafirmar” a JPAI enquanto “melhor organização juvenil do país, com grande capacidade de influenciação”. No congresso, marcado de 6 a 8 de Abril, garante que haverá uma renovação de mais de 90% dos membros.
Em entrevista ao A NAÇÃO, Fidel Cardoso de Pina diz que decidiu se recandidatar após “profunda reflexão”, num momento em que o país enfrenta uma situação difícil, após enfrentar uma pandemia, da qual os jovens saíram como uma das franjas mais afectadas.
“Nós pensávamos que já tínhamos tirado a cabeça fora d’ água depois da pandemia, e agora temos a situação na Ucrânia, que já começou a trazer impactos em vários produtos de primeira necessidade. Isso sem falar nos jovens que estão a estudar, por exemplo, em Portugal e que já começaram a sofrer”, precisou, indicando que esta conjuntura difícil para a juventude, quer no país, quer na diáspora, é um dos principais factores que motivam esta recandidatura.
O congresso da JPAI está agendado para os dias 6, 7 e 8 de Abril, e antecede o congresso do PAICV, a ter lugar nos dias 8, 9 e 10. “Será um momento de grande mobilização, um momento alto da nossa organização e de todo o partido, em que toda a sua juventude se converge para debater a situação política actual do país e em especial em matéria da juventude”, avançou.
Renovação a volta dos 90%
O momento será igualmente para renovar os órgãos, desde o presidente à comissão nacional, comissão nacional de jurisdição, bem como dos delegados da JPAI que serão parte do congresso do PAICV, que terá a volta de 125 delegados, do país e da diáspora.
Mesmo a actual equipa, querendo um segundo mandato, Fidel Cardoso garante que a JPAI terá, com o congresso, uma renovação à volta dos 90% nos seus órgãos, isto porque vários dos dirigentes da actual direcção vão deixar de fazer parte da J, por questões estatutárias relacionadas com a idade.
Por outro lado, sublinha, vários jovens “bem formados” ficarão disponíveis para se ingressarem nas fileiras do partido, quer nas estruturas regionais quer a nível nacional.
A voz da juventude
O mais novo deputado eleito da casa parlamentar garante que a JPAI quer, por um lado, ser a voz da juventude, reivindicando aquilo que são os anseios dos jovens, mas, também continuar a apresentar propostas e medidas de políticas que possam resolver os grandes constrangimentos na juventude.
“A JPAI é um viveiro do PAICV, mas é também uma grande escola de cidadania. Esta candidatura visa também consolidar aquilo que é a JPAI, queremos nos afirmar enquanto melhor organização juvenil do país”, garante.
Esta afirmação estende-se, segundo o candidato, aos espaços lusófono e africano, garantindo que grandes passos já foram dados neste sentido, graças à influência que a organização tem tido na União Internacional da Juventude Socialista, que alberga mais de 150 organizações juvenis”, aponta.
Boas relações no espaço internacional
Aliás, neste quesito, sublinha, a relação com as homólogas internacionais, tem sido excelente, apontando trocas e intercâmbios com organizações da Guiné-Bissau, Angola, Portugal e São Tomé e Príncipe, este último onde pretende, no próximo mandato, lançar uma estrutura juvenil da JPAI, tendo em conta as raízes históricas entre os dois arquipélagos, mas também pela boa relação de cooperação e de amizade.
Confrontado com as críticas sobre o tempo que passa fora do país, Cardoso de Pina recorda que o presidente da JPAI é nacional, e que há concelhias regionais, em que cada concelho tem um presidente.
“Eu represento a organização a nível institucional. Isso implica deslocar para ilhas e para fora do país. Durante o meu mandato estive em todas as ilhas, mais do que uma vez, excepto a Brava, onde eu não consegui estar presente, por questões de alinhamento entre a nossa agenda e a ligação marítima. A nível da diáspora fui aos EUA, Guiné, Angola, Portugal, onde mantive encontros com jovens e organizações, sempre com agendas enquanto presidente da JPAI. Não vou de férias”, rebate.
Contributos para a juventude
De entre os contributos que a organização tem dado à juventude, o jovem político aponta a sua presença e intervenção em “todos os momentos altos da vida política nacional”, nomeadamente, os orçamentos de Estado, Estado da Nação, início do ano lectivo, Dia da Juventude, e outras datas comemorativas.
“Sempre estivemos presentes, a fazer o diagnóstico da actual situação da juventude, mas também propondo soluções. Eu acho que esse é um dos principais contributos que nos demos”, indicou, apontando ganhos como a existência hoje de um ministro adjunto da juventude, que, segundo disse, foi uma reivindicação da JPAI.
“Não temos aquilo que queríamos, porque pedimos um ministério independente dentro da orgânica do governo, e temos um ministro adjunto, mas, pelo menos, conseguimos alguma coisa”, pontuou, acrescentando, nessa mesma linha, a existência hoje de uma estrutura que responde pela juventude, que é o Instituto do Desporto e da Juventude (IDJ).
Aliás, na sua perspectiva, o maior activo da JPAI é precisamente a capacidade de influenciação. “É a voz que consegue ter na comunicação social, os problemas que consegue levantar para que o governo possa responder e resolver. Poderíamos ter feito mais, mas, a nossa organização também sofre de pandemia, que é a pandemia financeira, o que, por vezes, dificulta as nossas acções”, lamentou.
Renovação do PAICV
A JPAI, segundo Fidel Cardoso de Pina, tem tido um papel fundamental na renovação do PAICV. Exemplo disso é o facto de que vários quadros da organização se ingressaram no partido, nos órgãos nacionais, mas também a nível dos sectores e das comissões políticas regionais.
Por outro lado, indicou, cerca de quase 30 jovens foram eleitos deputados municipais nas últimas eleições autárquicas, o que considera um dado extremamente positivo.
“Alguns inclusive estão como presidentes da assembleia municipal, como é o caso do ainda actual vice-presidente, que é presidente da AM dos Mosteiros, ou o meu mandatário que é presidente da AM de Santa Cruz. Temos vários jovens vereadores, deputados municipais e a nossa grande ambição é ter, nas próximas eleições, um presidente da JPA presidente de Câmara e espero que isso aconteça”, indicou, revelando a ambição de ter, também, mais jovens no parlamento.
A organização juvenil é tida como uma das pernas do PAICV, juntamente com a Federação das Mulheres do PAICV.
“Costumo dizer até que a J acaba por ser os pulmões do PAICV, porque ajuda a respirar, a trazer inovação, criatividade, energia e penso que é fundamental para o partido, e será ainda mais nos próximos embates”, analisou.
Quanto ao nível de reivindicação, em comparação a quando o seu partido era governo, diz que é proporcional à realidade política actual e que, quanto ao PAICV, a população já avaliou e fez a sua escolha.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 761, de 31 de Março de 2022
