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Política

“Não fui um Presidente brando” – José Maria Neves

O Presidente da República, José Maria Neves descartou, hoje, na Praia, que tenha sido um Presidente brando, neste seu primeiro ano de mandato. Numa colectiva à imprensa, de balanço, não poupou críticas aos políticos e partidos, e garantiu que optou por “manter” os equilíbrios essenciais para o país, em vez de agravar os problemas, num contexto “caótico” político que se vive, procurando disseminar sempre o “diálogo”, como prometeu. Por conta disso, fala em resultados “modestos”, mas recorda que, entre outras questões, vetou leis, fez advertências e não aceitou “muitas propostas” que foram apresentadas pelo Governo para embaixadores, primando pela lei e pela necessidade de “robusteza e prestigio” da carreira diplomática. Um ano, disse, “difícil”.

Num discurso inicialmente crítico, mas realista em relação à situação política e social que se vive no país, José Maria Neves diz que tem procurado promover sempre o “diálogo” em prol do “bem comum” e que o vai continuar a fazer no futuro, tal como prometeu “construindo pontes”.

Contudo, os seus resultados disse, são “modestos”, muito por conta, como deixou transparecer, da situação política do país.

“Por aqui há ainda algum primalismo na forma de se fazer política, os debates sao rasos, funalizados e desrespeitosos. O espaço público é excessivamente partidarizado, o que prejudica, de sobremaneira a dinâmica social, política e económica”, afirmou.

Crise nos órgãos de intermediação

Um cenário que se tem vindo a degradar e não abonar a favor dos “consensos” que o país precisa, dada a conjuntura.

“Os órgãos tradicionais de intermediação, partidos políticos, sindicatos, igrejas, universidades e imprensa, etc., estão em crise. Fragmentada e atonizada, como está a sociedade, movimentos inorgânicos, grupos de cidadãos ou cidadãos individualmente considerados, fazem irromper na esfera pública questionamentos ou reinvindicações que, muitas vezes funcionam como rastilho para rupturas constitucionais ou fermentam o ileberalismo ou o populismo”, lamentou.

Reflexos negativos – desemprego e pobreza

Nesse contexto falou no “desgaste” das instituições políticas e disse que o Estado “não consegue dar respostas atempadas a tantas reinvindicações sociais”, face à situação vivida com a pandemia, secas, e aumento do preço dos produtos de preços alimentares e energia que têm tido reflexos “muito negativos” na dinâmica politica e de desenvolvimento.

“Constata-se o aumento do desemprego, pobreza e desigualdades”, advertiu mais uma vez, como vem fazendo ao longo dos últimos meses.

Exercer o cargo de PR neste contexto, disse, “não é fácil” e lembrou que o Presidente da República não Governa, mas sim que é “arbitro e moderador” do sistema político.

“Não é oposição. Mas também não é claque do Governo. Muitas vezes, a oposição espera que o Presidente faça oposição ao Governo, enquanto este espere que lhe bata palmas todo o tempo. Tenho procurado exercer o meu papel de árbitro com serenidade, equilíbrio e sentido do bem comum nos termos da Constituição”, esclareceu.

Resultados “modestos”

Nesse sentido, disse que tem procurado exercer magistratura de” influência colaborativa, estratégica e positiva”  e “agido no sentido do reforço da confiança mútua” entre os actores políticos, e da “promoção de diálogo e de entendimentos” entre os mesmos na “busca de consensos” sobre os principais assuntos da república.

“Tenho consciência que os resultados nesses quesitos são modestos e que a crispação política é muito elevada. São hábitos mentais arreigados e não é fácil mudá-los”, lamentou, garantindo que vai continuar a “insistir” para mudar isso e “pacificar espíritos”.

O seu foco disse, continuará a ser “construir pontes e entendimentos” pois, os “tempos exigem consensos sobre as principais questões nacionais”.

Urge resolver “precariedade” dos transportes

Entre outras questões como insegurança e saúde, o mais alto magistrado da nação, notou ainda a “precariedade” dos transportes aéreos e marítimos com “prejuízos” para os cidadãos e empresas.

Chamou ainda atenção para o facto do “sistema deficitário” dos transportes estar a “prejudicar” o crescimento das ilhas e do país, no geral, especialmente economia.

Nesse contexto, disse ser “urgente” se tomar medidas “duráveis” para resolver “definitavemnte” a questão dos transportes.

Igualmente advertiu que  “temos de ser inteligentes” nos processos de privatização e “cuidar melhor” do sistema de regulação, sobretudo em áreas sensíveis para o desenvolvimento do país.

“O Presidente não foi brando”

Quando questionado pelo A NAÇÃO de que, na opinião de alguns analistas, foi um Presidente brando, categoricamente rejeitou esse adjectivo.

“O Presidente não foi brando, foi sereno e procurou os equilíbrios”, disse, justificando ainda que “quando há um ambiente muito caótico como estamos a viver, é fundamental ter serenidade  e procurar sobretudo não agravar os problemas”.

Nesse contexto, tem procurado, reitera, “construir pontes e entendimentos e compromissos” assim como “ser positivo, para que possamos encontrar as melhores soluções”.

“Quando as situações são muitos difíceis, tentamos geralmente procurar respostas muito simplistas para as questões, então, é importante que o Presidente tenha cabeça fria e paciência de pescador para ajudar o país a encontrar as melhores respostas para a situação extremamente difícil porque passamos”, defendeu.

Vai continuar “sereno e elevado”

Nos próximos anos, José Maria Neves disse que vai manter a mesma postura de “sereno, equilibrado, paciente e elevado”, na certeza que a conjuntura e a sua governação vão continuar a ser difíceis. “A situação não é fácil, a tendência é para algumas questões se agravarem, apesar de não termos muitas certezas….”

O importante, finalizou, é estar “atento e continuar a exercer com um grande sentido de Estado” as suas responsabilidades.

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