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Economia

Santo Antão: Operadores pedem expansão do porto para acolher cruzeiros de grande dimensão

O turismo de cruzeiros está em alta de Santo Antão. São cada vez mais os navios que escolhem o porto da ilha para escalas. No entanto, os cruzeiros de grande calado não conseguem fazer a atracação devido a limitação do cais. Com o aumento de escalas de cruzeiros para a ilha, os operadores turísticos entendem ser o momento de pensar na expansão do porto e incrementar a economia.

Porto Novo recebeu, em 2022, um total de 19 navios de cruzeiros de pequeno e grande dimensão e tem previsões de escalas até 2025. Um turismo recente e que está em alta na ilha das montanhas, mas que não tem oferecido as melhores condições, pelo menos no que diz respeito à recepção de navios de grande dimensão.

Isto porque, o cais acostável da ilha só tem capacidade de receber navios de pequeno porte, fazendo com que os de grande calado fiquem ancorados em alto mar, com constrangimentos no desembarque e embarque de turistas.

A primeira fase das obras no referido porto, segundo o autarca Aníbal Fonseca, apesar de ter conseguido “alguns ganhos”, “não potencializou” o desenvolvimento de Santo Antão na sua verdadeira dimensão, pelo que só a expansão desta infraestrutura poderá colmatar as dificuldades enfrentadas no porto.

O porto foi inaugurado em 1962 e expandido em 2013. Possui três cais, duas rampas RoRo e uma moderna gare marítima, mas os operadores económicos já pedem a expansão da infraestrutura para corresponder ao aumento do fluxo de navios de cruzeiros.

É o caso do presidente da Associação dos Guias de Turismo de Santo Antão, Odair Gomes, que considera a extensão do porto um projecto essencial para intensificar o turismo de cruzeiros em Santo Antão.

“Faz todo o sentido a ampliação deste porto para servir o desenvolvimento de Santo Antão”, diz, defendendo a ampliação do porto como um complemento ao terminal de cruzeiros de São Vicente, em construção.

Aumentar estadia de cruzeiros na ilha

A ampliação do porto tem sido uma preocupação de todos os operadores turísticos da ilha, desde das agências de viagens, condutores, restaurantes, artesãos, que veem na extensão a oportunidade de tirar maior proveito da atividade turística.

Isto porque, como avança Dilma Gomes, vereadora de turismo do Porto Novo, os navios de cruzeiros de grande porte não conseguem permanecer na ilha por mais de 24 horas, salvo em algumas exceções.

Essa responsável fala, ainda, em situações em que, com a alteração do estado do mar, os navios são obrigados a regressar a São Vicente, deixando os turistas em terra, que só conseguem regressar ao Porto Grande nos barcos comerciais.

A expansão do porto vai não só permitir alargar a estadia dos cruzeiros em Santo Antão, como também permitir que os operadores económicos tirem um maior proveito da atividade turística na ilha, como defende a vereadora.

“De alguma forma já estamos a tirar proveito dos cruzeiros, mas não tanto quando gostaríamos. Acreditamos que trabalhando e organizando com os operadores e agências conseguiremos nos posicionar da melhor forma nesta matéria”, diz, acreditando ser necessário se organizar da melhor forma, criar pacotes e criar oportunidade para tirar benefício das escalas.

Santo Antão destaca-se pela organização entre operadores

Apesar da necessidade de expandir o porto de Santo Antão, a experiência da ilha no que diz respeito ao turismo de cruzeiro, tem merecido reconhecimento nacional. A organização entre os operadores turísticos tem sido um ganho.

A vereadora Dilma Gomes, da câmara porto-novense, diz que, apesar da dificuldade do porto, os horários têm sido cumpridos, os transportes assegurados com segurança e a restauração já sabe de antemão da chegada de cruzeiros para dar resposta a satisfação dos turistas.

“Nós avisamos os operadores da chegada dos cruzeiros com antecedência. Através do projecto ‘Raízes’ conseguimos fazer um mapeamento de todos os operadores ligados à atividade turística, assim sendo, estabelecer contatos é uma tarefa fácil”, reconhece.

Dinâmica e atractividade turística

Dos turistas que chegam a ilha, apenas 30% passa pelo posto de turismo de Porto Novo e interpretação do território, número que ainda não satisfaz a vereadora, que justifica a fraca adesão tendo em conta o tempo limitado que os turistas de cruzeiros permanecem em terra.

Assim, os turistas têm preferido fazer as caminhadas, uma das principais atractividades turísticas em Santo Antão, com a exceção de um pequeno número que fica pelo centro da cidade do Porto Novo. Contudo, há necessidade de criar mais dinâmica e atratividades turísticas.

Sandra Pereira, da agência Atlantur, apesar de trabalhar apenas com cruzeiros de pequena dimensão, entende que, mesmo no centro da cidade do Porto Novo podem ser criadas atratividades para os turistas como feiras de produtos locais, souvenires, degustação e venda de produtos, além de faltar um museu no município.

Escalas para 2023

Até o mês de Maio Porto Novo vai receber mais sete cruzeiros para fechar a temporada.
O navio Vasco da Gama é esperado nos dias 26 de Janeiro e 6 de Fevereiro, bem como o Borealis e o SH Minerva, com escalas previstas para os dias 10 de Fevereiro e 1 de Maio.

Para a temporada de 2023 que se inicia em Outubro, espera-se no Porto Novo 14 escalas. A primeira será o Hanseactic Spirit, que prevê fazer três escalas na ilha. Em Dezembro, para fechar o ano, estão confirmadas duas escalas: Spitsbergen e Silverwind. Para 2024 e 2025 há também previsões de escalas.

Enapor pretende investir na expansão do porto

No que diz respeito a qualidade do acostamento para a recepção de navios de cruzeiros em Santo Antão, o PCA da Enapor, Ireneu Camacho, diz que, de acordo com o business plan e projectando o desenvolvimento da ilha de Santo Antão, a empresa pretende investir na expansão do porto.

Assim, o objectivo é melhorar o fundeio, condições de navegabilidade e atracação dos navios de cruzeiros na linha São Vicente/Porto Novo, aumentando as suas funcionalidades e dando “maior vazão” as demandas a nível de cruzeiros que pretendam atracar na ilha de Santo Antão.
Contudo, ainda não há datas e nem financiamento para o arranque do projecto.

Em 2022 os portos nacionais receberam cerca de 130 cruzeiros, o que traduziu num aumento de 360% em relação ao ano de 2021. Foram cerca de 47 mil turistas de cruzeiro, um aumento de cerca de 320% em relação ao mesmo período homólogo.

Para 2023, a Enapor prevê duplicar as escalas e já conta com “várias confirmações” ao longo do ano em vários portos nacionais.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 803, de 19 de Janeiro de 2023

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