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Cinema

Filme cabo-verdiano que retrata a história do último habitante de Ribeira Funda estreia em festival no Burkina Faso

“Omi nobu”, uma longa metragem, realizada por Yuri Ceuninck e produzido pela Korikaxoru Films, foi selecionada para o FESPACO – Festival panafricano de cinema e televisão de Ouagadougou, no Burkina Faso. Trata-se de um dos mais importantes festivais da área no continente e que terá, pela primeira vez, ao que tudo indica, um filme cabo-verdiano na competição oficial.

“É com satisfação que a produtora Korikaxoru Films vem, pela presente, comunicar que o seu mais recente filme, OMI NOBU, finalizado em Janeiro de 2023, foi selecionado para competição oficial, na categoria documentário longa metragem, para o renomado festival africano FESPACO”, informou hoje a produtora. 

Trata-se de mais uma longa metragem realizada por Yuri Ceuninck e produzido pela Korikaxoru Films, uma empresa cabo-verdiana, sedeada na Praia. 

Esta seleção, garantem, é “um objetivo alcançado, um sonho realizado”, tendo em conta que o FESPACO é um festival de cinema africano “incontornável” e de “grande importância”. 

“Ter a estreia mundial do nosso filme no FESPACO além de ser um grande feito está revestido de simbolismo”, afirmam. 

O realizador e a produtora atestam assim ser um “orgulho poder levar um filme com a bandeira de Cabo Verde a tão alta competição” e dizem “desconhecer mesmo” que outro filme cabo-verdiano tenha sido selecionado para o referido festival nas edições anteriores.

Sinopse

Conforme a sinopse enviada à nossa redacção, esta longa metragem remonta ao universo do último habitante, o último resistente, da “aldeia fantasma” de Ribeira Funda, em São Nicolau, de seu nome Quirino da Cruz.

“Nos anos 80 em Cabo Verde, na ilha de São Nicolau, Ribeira Funda, uma pequena aldeia situada no fundo de um vale rodeado por altas montanhas e um mar turbulento, os habitantes passam por uma série de acontecimentos trágicos. Suas superstições levam-nos a deixar a vila para fugir das forças do mal. Todos partem para se estabelecerem na vizinha Estância de Braz. Todos… exceto um. Apenas um homem ficou: Quirino da Cruz, 76 anos”.

Conforme explicam, durante quatro décadas, Quirino recusou a ajuda oferecida por seus amigos e autoridades locais para realocá-lo.

Quirino sempre insistiu, com “orgulho” que a Ribeira Funda era “a terra do seu nascimento e o túmulo
da sua morte”. 

Sobrevivendo da pesca e da agricultura, passa seus dias contemplando o oceano e as “majestosas montanhas” que a sua casa. “Seus companheiros: um galo; alguns pardais; e uma rádio portátil, a pilhas, do qual ressoam informações do resto do mundo”.

Hoje, Quirino, é confrontado com um “futuro incerto e com o peso exaustivo do isolamento, da doença e
da velhice”. 

Estas circunstâncias acabam por o confrontar com a ideia crescente de que poderá ter que deixar a única aldeia natal e mudar-se também para Estância de Braz. “Deverá tomar a decisão de mudar e adaptar-se ou enfrentar a morte sozinho na terra que o viu nascer”, lê-se na sinopse. De notar que, algum tempo após a conclusão das filmagens, Quirino viria a falecer, durante a pandemia.

FESPACO, o que é?

FESPACO é um festival bienal que teve a sua primeira edição em 1969, na capital da Burkina Faso, Ouaga-dougou, reunindo o que de melhor se faz no sector no continente africano, apresentando-se como um festival multidisciplinar. Actualmente já vai na sua 29ª edição e decorre entre 25 de Fevereiro e 5 de Março de 2023.

A estreia mundial do “Omi nobu” acontece no referido festival, na programação de dia 27 de Fevereiro, no Ciné Neerwaya, em Ouagadougou. A estreia em Cabo Verde, garantem, será anunciada muito “brevemente”.

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