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África e Coreia do Sul unem-se para mobilizar mais financiamento para fazer de África o celeiro do mundo

A 7ª Conferência Ministerial da Cooperação Económica Coreia-África (KOAFEC) foi inaugurada na segunda maior cidade da Coreia, Busan, esta quarta-feira, 13, com um forte apelo a recursos adicionais para ajudar os países africanos a alcançar o acesso universal à energia e transformar o continente no celeiro do mundo. O Fundo Fiduciário da Coreia e o Quadro de Investimento em Energia Coreia-África, no valor de 600 milhões de dólares, apoiarão África na criação de capacidades humanas e no desenvolvimento do seu setor energético.

O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e o Ministério da Economia e das Finanças da República da Coreia são coanfitriões da conferência de três dias, subordinada ao tema “Abraçar um futuro sustentável: Transição Energética Justa e Transformação Agrícola em África”, duas prioridades de desenvolvimento fundamentais para África.

A conferência surge numa altura em que África se debate com uma série de desafios. Cerca de 600 milhões de africanos não têm acesso à eletricidade. Além disso, 283 milhões de pessoas passam fome. Este número foi agravado pela guerra russo-ucraniana, pelos efeitos persistentes da COVID-19 e pelas alterações climáticas.

Um investimento mutuamente benéfico

É por isso que a Coreia e África concordaram em aprofundar a sua cooperação, colocando uma ênfase muito maior no investimento mutuamente benéfico.

O Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Economia e das Finanças da Coreia, Kyungho Choo, sublinhou o papel crucial que a Coreia e África devem desempenhar na evolução da comunidade internacional. Referiu, ainda, a força da Coreia em termos de tecnologia e inovação, e afirmou que África tem grandes oportunidades enquanto futuro mercado e base industrial do mundo.

“Juntos, os nossos dois mundos podem tornar-se a rocha mais sólida da solidariedade”, afirmou na reunião, sublinhando a necessidade de África e a Coreia reforçarem a cooperação.

No seu discurso de abertura, o Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, exortou os delegados a aproveitarem a conferência como uma oportunidade crítica para galvanizar o apoio à concretização do acesso universal à energia em África, promover uma transição energética justa e transformar o continente no celeiro do mundo.

“Para tal, serão necessários recursos adicionais”, afirmou Adesina, apontando a redistribuição prevista de Direitos Especiais de Saque (SDR) para o Banco Africano de Desenvolvimento como a chave para atrair recursos adicionais para o desenvolvimento de África.

O presidente do Banco exortou a Coreia a juntar-se a outros países que manifestaram grande interesse na reafetação dos SDR ao Grupo Banco Africano de Desenvolvimento.

“Isto vai “virar o jogo” para o desenvolvimento de África”, afirmou Adesina.

Áreas prioritárias do apoio são a agricultura, a biosaúde e as alterações climáticas

Choo resumiu as áreas prioritárias de apoio da Coreia a África como “ABC” – agricultura, biosaúde e alterações climáticas, bem como transição energética. Afirmou que a Coreia também planeia aumentar significativamente a sua ajuda pública ao desenvolvimento.

“Em cooperação com o Banco Africano de Desenvolvimento, a Coreia tem apoiado projetos energéticos para o desenvolvimento sustentável de África. Estamos também a trabalhar no sentido de apoiar o crescimento de África, tal como previsto nas cinco prioridades estratégicas de desenvolvimento (conhecidas como High 5) do Banco Africano de Desenvolvimento. Como um verdadeiro parceiro, a Coreia continuará a apoiar o desenvolvimento de África”, afirmou Choo.

“África deve ser a solução para alimentar o mundo, uma vez que possui 65% das terras aráveis não cultivadas do mundo”, afirmou aos delegados. “O que África fizer com a agricultura irá, portanto, determinar o futuro da alimentação no mundo.”

Adesina elogiou o governo coreano pela sua iniciativa K-Rice Belt, que visa ajudar a produzir 30 milhões de toneladas de arroz em oito países africanos.

Estratégia alimentar em África

A iniciativa alinha-se com a estratégia Alimentar Africa, do Banco Africano de Desenvolvimento, e com os resultados da Cimeira de Dacar 2, através da qual a instituição se esforça por ajudar África a alcançar a autossuficiência alimentar no prazo de cinco anos.

O projeto do K-Rice Belt também tem semelhanças com o projeto emblemático do Banco Tecnologias para a Transformação da Agricultura Africana (TAAT). O Compacto do Arroz TAAT continua a colaborar com a Iniciativa de Cooperação Coreia-África para a Alimentação e a Agricultura (KAFACI) através do AfricaRice. A TAAT apoia a rede de 13 países africanos da KAFACI através de workshops, planeamento conjunto e interação regular.

Por seu lado, o Banco Africano de Desenvolvimento lançou um programa de arroz de 650 milhões de dólares para ajudar 15 países africanos a produzir 53 milhões de toneladas de arroz até 2025.

“Isto representa uma excelente oportunidade para a Coreia trabalhar em conjunto com o Banco Africano de Desenvolvimento numa iniciativa pan-africana de produção de arroz”, acrescentou o presidente do Banco.

O Banco Africano de Desenvolvimento está a preparar uma operação regional para financiar o Desenvolvimento Regional de Cadeias de Valor Resilientes para o Arroz (REWARD) na África Ocidental, através da qual disponibilizará 650 milhões de dólares aos 15 países membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.

Potencial de energia renovável

África tem um enorme potencial de energia renovável, incluindo 11 TW de energia solar – o maior do mundo – dos quais apenas um por cento foi utilizado. Adesina disse ainda que o Banco Africano de Desenvolvimento investiu fortemente em energias renováveis, com a quota de energias renováveis na sua carteira de produção de energia a situar-se atualmente em 87%.

Adesina acrescentou, no entanto, que é impossível fornecer acesso universal à eletricidade para África contando apenas com as energias renováveis devido à sua elevada intermitência e variabilidade, que afeta negativamente a fiabilidade para uso industrial.

“Ao pensarmos na transição para uma energia justa, não deve ser negada a África a oportunidade de utilizar o seu gás natural, que agora tem em abundância devido a novas descobertas. Se o fizermos, não estaremos a agravar a crise climática. Pelo contrário, isso reduzirá as emissões em África”, afirmou Adesina.

C/ African Development Bank Group (AfDB)

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