Alunos da Escola Portuguesa de Cabo Verde têm-se destacado nos exames nacionais e de acesso à universidade em Portugal. Este ano, por exemplo, uma aluna teve uma nota de 19 valores na disciplina de Economia, tendo-se registado, por outro lado, duas notas de 20 valores na disciplina de Português.
A directora da Escola Portuguesa de Cabo Verde (EPCV), Suzana Maximiano, fala dos alunos cabo-verdianos como “muito trabalhadores, muito inteligentes e aguerridos”. “Quando se metem em qualquer coisa é para ganhar”, sustenta.
Isto, a propósito das “excelentes notas” registadas nos exames nacionais, em Portugal, mas também dos resultados gerais, em outras esferas.
“Temos vários prémios internacionais com alunos nossos a nível da matemática, a nível do francês e do português. Quando eles querem eles fazem. Não temos tido dificuldades, mesmo quando os alunos vêm do ensino cabo-verdiano”, relata, ao garantir que o processo de adaptação ao ensino português tem sido “óptimo”.
Notas recordes Este ano, a EPCV registou notas recordes em diferentes disciplinas, como o português, a economia e biologia, de alunos do 11º e 12º anos, em disciplinas bienais e trienais.
Alícia Tavares, de 16 anos, é um destes exemplos. Completou este ano o 11º ano e, nos exames nacionais, que já contam para a admissão à universidade em Portugal, teve 19 valores no teste de economia.
Alícia começou a sua vida académica no Colégio da Turminha, onde frequentou do primeiro ao quarto ano. Seguiu-se a Escola 13 de Janeiro e depois a Escola Secundária Abílio Duarte, antes de ingressar-se na EPCV, este último a partir do nono ano.
“No começo achei um pouco difícil porque havia matérias que eu não tinha estudado. Quando os colegas estavam a revisar as matérias passadas, sentia-me um pouco perdida. Mas, com a ajuda dos professores, consegui acompanhar bem e perceber as matérias que não tinha estudado”, garante.
A partir do décimo ano, Alícia seguiu a área das Ciências Socioeconómicas. Entre contabilidade, gestão ou finanças, ainda não definiu aquilo que quer fazer profissionalmente. Entretanto, a prova nacional de avaliação para o terceiro trimestre, em economia, já deixa uma porta aberta para a vida universitária.
À frente de 14 mil alunos, a jovem teve 19 no teste, fruto, segundo disse, em conversa com A NAÇÃO, de muito estudo e organização, já que o exame abordava matérias desde o décimo ano.
“Comecei a estudar desde as férias, voltando às matérias do 10o ano, depois as do 11o. Estudei também num manual que foi feito para os exames. Tinha todos os meus resumos dos dois últimos anos guardados e isso me ajudou muito. Durante as férias também frequentei as aulas de apoio”, revela a jovem, para quem, embora os números não sejam um bicho de sete cabeças, qualquer resultado positivo exige preparação e estudo.
Outros casos
Alícia não é, entretanto, um caso à parte. Segundo a directora da EPCV, embora toda nota positiva seja boa, há vários alunos que se destacaram em diversas disciplinas.
“Estamos muito orgulhosos com os nossos alunos. Este ano, para além de termos um 19 à economia, tivemos dois 20 à português, tivemos também um aluno com 17 à biologia, 18 à geometria descritiva, 18 à francês, e por aí vai. Tivemos um total de 205 exames e há alunos que vão a mais do que um exame”, refere a responsável.
Tratam-se de exames nacionais nas disciplinas terminais, a partir do 11o ano, e que, consoante as universidades e os cursos que vão frequentar, essas podem ser já disciplinas de acesso para a universidade.
Este foi o segundo ano em que a escola teve alunos do 12º a saírem para a faculdade. “O ano passado foram 30 alunos, todos conseguiram entrar para a universidade, nas suas primeiras preferências, e está a correr muito bem o primeiro ano da faculdade”, indica.
Piscina semiolímpica e prova de natação
O ano lectivo deste ano foi encerrado com a 2ª edição do Torneio EPCV-CELP, no qual concorreram 60 alunos, naquela que é a única escola no país com uma piscina semiolímpica.
Aliás, a equipa da EPCV destacou-se, recentemente, no campeonato nacional de natação júnior, apesar da modalidade ter sido implementada na escola há menos de um ano.
Procura elevada
A EPCV abriu portas em Novembro de 2016, na cidade da Praia, com 22 alunos. Na altura iniciou as aulas com dois grupos do pré-escolar e uma turma mista do primeiro e segundo ano. Nos anos seguintes, e à medida que ia ampliando o espaço físico da escola, foram sendo criadas novas turmas, nos anos subsequentes. No próximo ano lectivo, vai ter cerca de 1100 alunos.
A procura, diz Suzana Maximiano, é elevada. Entretanto, as limitações em termos de instalações não permitem absorver tudo. “Este ano, por exemplo, somente no pré-escolar, concorreram 160 alunos, mas a escola só conseguiu absorver 60”, refere, garantindo que é um gosto muito grande fazer parte deste projecto de cooperação com Cabo Verde.
Natalina Andrade
Publicado na Edição 935 do Jornal A Nação, de 31 de julho de 2025
