A ópera Adilson, criada pelo músico, artista e activista, Dino D`Santiago a convite da BoCA (Bienal de Artes Contemporâneas), sobe hoje pela primeira vez ao palco do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, Portugal, já com a sala esgotada. A obra, dividida em cinco atos, aborda temas como injustiça social, discriminação e esperança. Dino é sem dúvida um dos nomes mais sonantes da actualidade da intervenção social e cultural em Portugal, mas também na Europa e no mundo, onde a sua música tem transcendido barreiras e fronteiras.
A figura central da ópera é um homem afrodescendente, nascido em Angola, filho de pais cabo-verdianos, que vive em Portugal há mais de 40 anos sem nunca ter obtido cidadania portuguesa. Uma luta real de muitos portugueses afrodescentes pela qual Dino D`Santiago tem erguido a sua voz e a sua música.
“Chamado D’Afonsa pelos amigos, Nuno pela família, Adilson no passaporte, a sua vida desenrola-se entre salas de espera, processos adiados e um labirinto burocrático que o impede de ser plenamente reconhecido pelo país onde sempre viveu”, descreve o texto de apresentação.
Criação e produção musical
Dirigida e encenada por Dino D`Santiago, “Adilson” foi concebida a partir do texto Serviço Estrangeiro, do dramaturgo Rui Catalão, com direção musical do maestro Martim Sousa Tavares.
O cantor, de origem cabo-verdiana, é também autor do libreto, da dramaturgia e da composição musical, em parceria com o guitarrista Djodje Almeida.
O elenco conta com Michelle Mara, Cati, NBC, Soraia Morais, Koffy, Rebeca Reinaldo e Rúben Gomes.
A estreia da ópera coincide com as comemorações dos 50 anos das independências das antigas colónias portuguesas em África. Tal como a personagem central, Dino D’Santiago tem raízes cabo-verdianas, é filho de imigrantes, mas nasceu em Quarteira, em 1982, onde cresceu no Bairro dos Pescadores e iniciou a ligação à música através do coro da igreja e de atuações em espetáculos de rap. Hoje é uma referência mundial, com vários prémios e distinções acumulados, que atestam a sua importância como artista e activista.
Trajetória de Dino D’Santiago
Dino, antes de ser Dino D´Santiago, passou pelo programa televisivo Operação Triunfo em 2003 e integrou projetos como Dino & The SoulMotion, Nu Soul Family e Expensive Soul. Mais recentemente foi júri do concurso The Voice, em Portugal, onde marcou sempre uma presença pautada pela luta e activismo de ideais em defesa da comunidade afrodescente em Portugal.
Recentemente, numa entrevista à revista Visão afirmou “Sou mais português do que muitos portugueses que conheço”.
Ao longo da carreira colaborou com nomes como Virgul, Sam The Kid, Tito Paris, Valete, Pacman e Criolo, entre tantos outros, como os cabo-verdianos Bulimundo, sem nunca esquecer a sua raíz cabo-verdiana.
Já editou os álbuns Eva (2013), Mundu Nôbu (2018), Kriola (2020) e Badiu (2021). Em Outubro lançará o seu primeiro livro, Cicatrizes.
Além da estreia de hoje, “Adilson” volta ao Centro Cultural de Belém no sábado e no domingo. A digressão continua em Braga, no Theatro Circo, a 19 de setembro; em Faro, no Teatro das Figuras, a 25 de outubro; e em Aveiro, no Teatro Aveirense, a 7 de novembro.
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